Prévia operacional da Cyrela divide opinião de analistas e gera dúvida sobre a ação
Os dados operacionais do segundo trimestre de 2020 divulgados pela Cyrela (CYRE3) dividiram as opiniões dos analistas. O Credit Suisse reiterou sua recomendação de compra, com preço-alvo em 12 meses de R$ 32, motivado pelas impressionantes vendas líquidas de estoque em 80% do nível pré-covid e pela velocidade de venda sobre oferta (VSO) melhor do que o esperado.
“Acreditamos que esse resultado é consequência de uma bem estabelecida operação diversificada que coloca a Cyrela em uma boa posição de recuperação do segmento de média renda, contando com a resiliência do negócio de baixa renda”, afirmou a equipe de análise do banco, em relatório divulgado aos clientes.
As vendas da Cyrela atingiram R$ 818 milhões, sendo R$ 135 milhões referentes à venda de estoque pronto, R$ 512 milhões à venda de estoque em construção e R$ 171 milhões à venda de lançamentos.
Os lançamentos, que despencaram 81,1% na comparação anual, foram o destaque negativo do trimestre, como o Credit Suisse já projetava. O banco espera uma aceleração a partir do segundo semestre, com a companhia encerrando o ano em R$ 4,2 bilhões.
Cautela
O Santander (SANB11) e a Guide Investimentos têm uma perspectiva mais pessimista para a construtora.
Segundo a Guide, a Cyrela não acompanhou as boas prévias operacionais apresentadas pelas demais empresas do setor, como Trisul (TRIS3), que totalizou R$ 173,8 milhões em vendas líquidas, e MRV (MRVE3), que apresentou um trimestre recorde.
“Após divulgações de prévias operacionais fortes apresentadas por outras construtoras na semana passada, as expectativas foram elevadas. Porém, a Cyrela apresentou recuos nos principais dados do período diante da crise gerada pelos impactos econômicos da pandemia de coronavírus“, disse a corretora.
Para o Santander, o valuation da Cyrela “não é óbvio”, mesmo com a recuperação mais rápida do segmento de média a alta renda.
Com recomendação de manutenção para o papel e preço-alvo de R$ 30, o banco acredita que o principal gatilho para as ações ainda são os IPOs de suas joint ventures, como a incorporadora Lavvi, e subsidiárias.