Previ tenta impor limites à ‘hegemonia’ da Marfrig na BRF
O fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (BBAS3), a Previ, quer limitar a hegemonia da Marfrig (MRFG3), do empresário Marcos Molina, na BRF (BRFS3), dona das marcas Sadia e Perdigão. Detentora de 6,13% na companhia, a Previ indicará um nome para o colegiado da fabricante de alimentos para ter um representante em uma chapa formada por nomes escolhidos apenas pela Marfrig – maior acionista da BRF, com 33%. A assembleia ocorrerá virtualmente na próxima segunda-feira, 28, em encontro que promete ser recheado de polêmicas.
A Previ solicitou que seja adotado o voto múltiplo no pleito, em que os acionistas podem direcionar, de forma individual, seus votos entre os candidatos. É uma forma de os acionistas minoritários terem mais chance de eleger seus representantes nos conselhos de empresas.
Antes da Previ, a Petros (fundo de pensão dos funcionários da Petrobras), também acionista da BRF, com 5,26%, já tinha se colocado contra o avanço da Marfrig dentro da BRF.
Em dezembro de 2021, quando a BRF anunciou uma oferta de ações bilionária, a porta para a Marfrig aumentar sua posição ficou aberta – inclusive para ter o controle da empresa. Mas a Petros se colocou contra a estratégia, o que fez a Marfrig retroceder. Com isso, ela apenas “acompanhou” o aumento de capital, comprando o suficiente para manter a posição que já detinha no negócio.
Nomes ilustres
Para o conselho elaborado pela Marfrig, Molina, que é candidato à presidência, recrutou o executivo Sergio Rial, presidente do conselho de administração do banco espanhol Santander. Os fundos de pensão não foram consultados, e a lista não considerou a presença de representantes dos fundos, que tiveram presença no conselho da BRF desde a fusão de Sadia e Perdigão, em 2008. A participação da Previ na empresa, contudo, ocorre desde 1990.
Antes do avanço da Marfrig sobre a BRF via compras na Bolsa, as empresas chegaram a anunciar um acordo para juntar suas operações, em 2019. Na época, BRF e Marfrig concordaram em um prazo de 90 dias para uma combinação que criaria uma gigante global. Mas cerca de 40 dias após o anúncio, as empresas desistiram do negócio. Molina, contudo, nunca escondeu o interesse de avançar no capital da BRF, que há anos não possui um controlador.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.