Pressão por lucro barra contratações na divisão Alexa da Amazon
A Amazon (AMZN) paralisou algumas contratações na divisão Alexa, diante da maior pressão para ganhar dinheiro com a assistente digital ativada por voz, de acordo com duas pessoas a par do assunto.
O recuo começou logo depois que a pandemia atingiu os EUA, no início do segundo trimestre, disseram as fontes. Por vários meses, gestores de certas divisões foram informados de que não poderiam substituir funcionários desligados, embora a empresa tenha começado a permitir o preenchimento de algumas vagas mediante autorização especial.
As contratações tinham diminuído nos últimos dois anos, mas as restrições atuais são bem mais severas, avaliam.
Segundo essas pessoas, o foco crescente no lucro fez com que a companhia considerasse a venda de anúncios no serviço Alexa — tática rejeitada anteriormente por medo de prejudicar a experiência do usuário.
A retração coincidiu com uma onda de contratações nos galpões de armazenagem nos EUA, onde a Amazon adicionou mais de 175.000 colaboradores para lidar com a disparada dos pedidos online.
Em comunicado enviado por e-mail, um porta-voz informou que a Amazon “não implementou congelamento de contratações e o ritmo de contratações para Alexa e nossa organização de dispositivos continua muito forte. De fato, adicionamos milhares de funcionários à organização desde abril”.
Os dois funcionários, que solicitaram anonimato para discutir uma questão interna, afirmam que nunca houve anúncio oficial de pausa nas contratações, mas que foram orientados a se abster de trazer gente nova.
As ofertas de emprego do grupo Alexa no site da Amazon caíram 43% desde 16 de março, de acordo com uma revisão feita pela Bloomberg, enquanto o total de vagas diminuiu 37%. Na quarta-feira, a Amazon oferecia mais de 28.000 postos de trabalho em seu website.
No começo da semana, a companhia anunciou que criaria 3.500 vagas corporativas e na área de tecnologia em seis cidades dos EUA, incluindo Denver, Dallas, Detroit e Phoenix.
A pausa nas contratações marca uma mudança em um dos experimentos mais ambiciosos da Amazon. Somente no ano passado o CEO Jeff Bezos citou os alto-falantes inteligentes Alexa e Echo como exemplo de uma “única grande aposta vencedora” que justificou os riscos de experimentação. “Nenhum cliente estava pedindo um Echo”, escreveu o bilionário em carta anual aos acionistas. “Definitivamente éramos nós que nos perguntávamos.” Bezos destacou as vendas de dispositivos que incluem Alexa, bem como a capacidade da assistente de recitar fatos.
Os alto-falantes Echo atraíram milhões de fãs ao tocar música e responder a perguntas feitas por voz. No entanto, a tecnologia Alexa ainda não ofereceu uma nova experiência transformadora.
Pesquisas mostram que a maioria das pessoas usa seus alto-falantes inteligentes para ouvir músicas ou fazer solicitações relativamente simples (como “Alexa, qual é a previsão do tempo para hoje?”), mas recorrem a seus smartphones para tarefas mais complexas.
Google e Apple também vendem alto-falantes ativados por voz, mas incorporaram seus assistentes em milhões de smartphones.
A Amazon não oferece telefone celular próprio e, apesar de colocar Alexa em aparelhos de micro-ondas, óculos virtuais e muito mais, a empresa tem dificuldade para transcender a rotina da cozinha ou da sala de estar. As tentativas de ganhar dinheiro por meio de compras realizadas por voz ou aplicativos relacionados a habilidades não decolaram.