Presidente eleito da Argentina nomeia acadêmico Martín Guzmán para a Economia
O presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, anunciou seu ministério na noite desta sexta-feira, delineando o núcleo de sua equipe dias antes de tomar posse para enfrentar uma economia estagnada, temores crescentes com a dívida e uma dolorosa inflação.
Fernández nomeou como ministro da Economia o economista de perfil acadêmico Martín Guzmán, que terá pela frente a tarefa de negociar a reestruturação da dívida de cerca de 100 bilhões de dólares com credores internacionais e com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Guzmán, um jovem pupilo do economista Joseph Stiglitz, ganhador do Prêmio Nobel, é considerado um especialista no campo da reestruturação de dívidas, embora tenha pouca experiência prática na formulação de políticas.
Com doutorado pela Brown University e graduação na Universidade Nacional de La Plata, Argentina, Guzmán é atualmente pesquisador associado da divisão de economia da Columbia Business School. Sua pesquisa se concentra em macroeconomia e crises de dívida soberana.
Para o comando do Banco Central, Fernández anunciou a nomeação do economista Miguel Angel Pesce, que já presidiu interinamente a autoridade monetária em 2010, durante a Presidência de Cristina Kirchner, e foi vice-presidente da autoridade monetária argentina entre 2004 e 2015.
O economista discreto, que recentemente presidiu o banco provincial Tierra del Fuego, indicou que procurará desviar a política monetária da postura mais ortodoxa que a autoridade monetária seguiu sob o presidente conservador, Mauricio Macri, que entrega o poder em 10 de dezembro.
Pesce, de 57 anos, apoiou a redução das taxas de juros e estabeleceu um “pacto social” para ajudar a reduzir os preços em alta.
“A abordagem ortodoxa da inflação está errada. Eles estão tentando conter a inflação com política monetária, restrição monetária e taxa de juros -e isso não funcionou”, disse Pesce em setembro, durante entrevista na televisão.
“É importante ter um pacto social não apenas abordando a questão dos aumentos de renda e salário, mas também que haja um acordo para não aumentar os preços”, acrescentou.
O economista assumirá o comando do banco central em um momento em que a Argentina enfrenta uma inflação anual de mais de 50%, com taxas de juros de 60% para conter a desvalorização da moeda e uma economia em contração, com vencimentos milionários de dívida previstos para 2020.
O peronista Fernández, que substituirá Macri, tendo como vice a ex-presidente Cristina Kirchner, toma posse na próxima terça-feira.