Opinião

Presidente do Fed confirma pausa nos juros e mostra confiança na economia

14 nov 2019, 12:27 - atualizado em 14 nov 2019, 12:27
Federal Resserve
Consideramos que a atual posição da política monetária deve continuar sendo a mais apropriada”, diz Powell (Imagem: REUTERS/Chris Wattie/File Photo)

Por Darrell Delamaide/Investing.com

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, demonstrou otimismo com a economia norte-americana em seu depoimento anual à Comissão Mista de Economia do Congresso, na quarta-feira, e reafirmou o que já havia sugerido anteriormente: os formuladores da política do banco central dos EUA não realizarão mais alterações na política monetária por enquanto.

“Eu e meus colegas consideramos como cenário mais provável a expansão sustentada da atividade econômica, um forte mercado de trabalho e a inflação próxima à nossa meta simétrica de 2%”, declarou Powell ao comitê, composto por membros tanto do Senado quando da Câmara dos Representantes.

Além disso, ainda é preciso ver quais serão os impactos das últimas ações do banco central norte-americano na política monetária. O argumento usado para defender os três cortes consecutivos de 25 pontos-base na taxa de juros foi a necessidade de estimular uma economia que vem se expandindo há 10 anos.

“Consideramos que a atual posição da política monetária deve continuar sendo a mais apropriada”, declarou Powell, apesar de dados sugerirem que a economia não está avançando da forma como eles esperam.

Um membro do comitê tentou sondar até quando essa posição será mantida, ao perguntar se Powell queria dizer que o Fed não alteraria os juros ao longo do próximo ano. “Eu não diria isso de forma alguma”, respondeu Powell.

Mas não no futuro próximo. Ninguém espera que o Fed tome uma ação em sua última reunião do ano, no mês que vem; de fato, as negociações de futuros dos fundos do Fed indicam o predomínio de visões de que não se esperam outras alterações de juros até a segunda metade de 2020.

Incerteza comercial continua pesando, mas a inflação não é problema

Powell reconheceu que a incerteza comercial continua pesando sobre a confiança e os investimentos empresariais. Da mesma forma, o lento crescimento no exterior pode frear o crescimento nos EUA. Os formuladores da política monetária analisarão a fundo os novos dados econômicos em busca de quaisquer sinais de desaceleração significativa.

O que não lhes preocupa, no entanto, é a inflação. Embora Powell ainda considere uma inflação próxima da meta de 2% do Fed, ficou claro que modelos históricos da relação entre os preços e um forte mercado de trabalho não mais se aplicam.

Segundo Powell, os formuladores da política monetária não podem mais dizer qual é o nível máximo de ocupação e que eles precisam ter “bastante humildade” ao fazer estimativas (Imagem:Stefan Wermuth/Bloomberg

O Fed costumava considerar uma taxa de desocupação de 5% como próxima do pleno emprego, mas agora os economistas devem reconhecer que a economia norte-americana pode operar a um nível muito menor de desemprego.

Segundo Powell, os formuladores da política monetária não podem mais dizer qual é o nível máximo de ocupação e que eles precisam ter “bastante humildade” ao fazer estimativas.

Powell disse ainda que questões desse tipo oferecem uma boa oportunidade para revisar a forma como o Fed conduz a política monetária. Está em andamento um exame aprofundado das metas e ferramentas, e essa discussão fará parte das atas de cada reunião de política, que são divulgadas com três semanas de atraso.

Foi difícil competir com as audiências de impeachment na Câmara ontem

Evidentemente, as ações mais importantes do Congresso estavam acontecendo em outro lugar, na quarta-feira. A Comissão Permanente Seleta sobre Inteligência da Câmara, sob a presidência do democrata californiano Adam Schiff, realizou sua primeira audiência pública que determinará se as ações do presidente dos EUA, Donald Trump, na questão ucraniana justificam um processo de impeachment e remoção do cargo.

Jerome Powell
A preocupação é que, se ocorrer um ciclo de baixa e for necessária uma ação fiscal para estabilizar a economia, o Congresso se sentirá limitado quanto ao que poderá fazer, diz Powell. (Imagem: REUTERS/Jonathan Crosby)

Powell não conseguiria competir com isso, e tudo o que pôde dizer foi que a política não influenciaria a formulação da política do Fed.

O presidente do Fed, que se pronunciará na quinta-feira perante a Comissão de Orçamento da Câmara, reservou um tempo para pedir ao Congresso que tomasse uma ação quanto à dívida e ao déficit federal, que estão crescendo a um ritmo que ele classificou como “insustentável”.

A preocupação é que, se ocorrer um ciclo de baixa e for necessária uma ação fiscal para estabilizar a economia, o Congresso se sentirá limitado quanto ao que poderá fazer, declarou Powell.

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