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Presidente do BCE diz que plano de Trump para fomentar manufatura é estratégia questionável

22 jan 2025, 8:33 - atualizado em 22 jan 2025, 8:33
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Christine Lagarde afirma que a economia dos EUA está quase superaquecida no momento. Confira os planos de Trump sobre tarifas. (Imagem: REUTERS/Kai Pfaffenbach)

O objetivo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de fomentar a manufatura no país por meio do aumento de barreiras comerciais é uma abordagem questionável, uma vez que a economia já está funcionando perto de sua capacidade, disse a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, nesta quarta-feira (22).

“Essa teoria da substituição, em outras palavras, de que reduzirei as importações da Europa para reforçar a produção doméstica, é questionável, porque a economia dos EUA está quase superaquecida no momento”, disse Lagarde à CNBC em uma entrevista às margens do Fórum Econômico Mundial, em Davos.

A taxa de desemprego está baixa e a capacidade é limitada, portanto, a instalação de capacidade de fabricação adicional levará tempo, argumentou Lagarde.

Trump faz novas ameaças tarifárias contra UE e China

Trump, prometeu na terça-feira (21) atingir a União Europeia com tarifas e disse que seu governo está discutindo uma taxa de 10% sobre as importações chinesas porque o fentanil está sendo enviado da China para os EUA via México e Canadá.

Trump expressou suas últimas ameaças tarifárias em comentários a repórteres na Casa Branca, um dia após assumir o cargo sem impor tarifas imediatamente, como havia prometido durante sua campanha.

Os mercados financeiros e grupos de comércio se animaram brevemente na terça-feira, mas seus últimos comentários ressaltaram o desejo de longa data de Trump de impor tarifas mais amplas e um novo prazo de 1º de fevereiro para tarifas de 25% contra o Canadá e o México, bem como taxas sobre a China e a UE.

Trump disse que a UE e outros países também têm superávits comerciais preocupantes com os Estados Unidos.

“A União Europeia é muito, muito ruim para nós”, disse ele, repetindo comentários feitos na segunda-feira. “Portanto, eles terão de pagar tarifas. É a única maneira de se obter justiça.”

Trump disse na segunda-feira que estava considerando impor as tarifas sobre o Canadá e o México, a menos que eles reprimissem o tráfico de imigrantes ilegais e de fentanil, incluindo precursores químicos da China, através das fronteiras dos EUA.

Trump já havia ameaçado com uma tarifa de 10% sobre as importações chinesas por causa do comércio, mas realinhou isso com o prazo de 1º de fevereiro.

A China disse que está disposta a manter a comunicação com os EUA para “lidar adequadamente com as diferenças e expandir a cooperação mutuamente benéfica”. A China busca promover laços estáveis e sustentáveis com os EUA, disse o Ministério das Relações Exteriores.

“Sempre acreditamos que não há vencedor em uma guerra comercial ou guerra tarifária. A China sempre protegerá firmemente seus interesses nacionais”, disse o porta-voz do ministério, Mao Ning, a repórteres em uma coletiva de imprensa regular na quarta-feira.

O assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, disse à CNBC na terça-feira que a ameaça tarifária de Trump contra o Canadá e o México destina-se a pressionar os dois países a impedir a entrada de imigrantes ilegais e medicamentos ilícitas nos EUA.

“A razão pela qual ele está considerando 25, 25 e 10 (por cento), ou o que quer que seja, sobre o Canadá, México e China é porque 300 norte-americanos morrem todos os dias” de overdoses de fentanil, disse Navarro.

Na segunda-feira, Trump anunciou uma ampla repressão à imigração, incluindo a proibição de asilo.

Na segunda-feira, Trump assinou um memorando comercial ordenando que as agências federais concluam análises abrangentes de uma série de questões comerciais até 1º de abril.

Isso inclui análises dos persistentes déficits comerciais dos EUA, práticas comerciais injustas e manipulação de moedas entre países parceiros, incluindo a China.

O México e o Canadá adotaram um tom conciliatório em resposta ao prazo de 1º de fevereiro de Trump. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, disse que enfatizará a soberania e a independência do México e que responderia às ações dos EUA “passo a passo”.

Mas ela acrescentou que o acordo de livre comércio entre os EUA, o México e o Canadá não deverá ser renegociado até 2026, um comentário que visa a evitar sugestões de que Trump buscará uma reforma antecipada do pacto que sustenta mais de 1,8 trilhão de dólares no comércio anual entre os três países.

reuters@moneytimes.com.br