Economia

Presidente do Banco Central diz que atual patamar da Selic é apropriado

26 mar 2020, 16:03 - atualizado em 26 mar 2020, 16:04
Roberto Campos Neto
Campos Neto afirmou que a perspectiva do BC sobre a Selic não mudou desde a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por definir a Selic (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse hoje (26) que neste momento o atual patamar da taxa básica de juros, a Selic, é apropriado.

A taxa está em 3,75% ao ano, depois de um corte de 0,5 ponto percentual na semana passada.

Ele afirmou que a perspectiva do BC sobre a Selic não mudou desde a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por definir a Selic.

“Na ata mencionamos que entendemos que neste momento a taxa de juros está apropriada.

Hoje não vejo nenhuma razão para ter nenhuma interpretação diferente do que foi dado”, disse ao ser questionado se haveria reunião extraordinária do Copom, em entrevista transmitida pela internet sobre o Relatório de Inflação.

Sobre a previsão do BC de estabilidade da economia este ano, Campos Neto afirmou que a estimativa foi feita com base em dados disponíveis até a reunião do Copom.

Ele destacou que no atual cenário as informações são atualizadas com mais frequência e os dados diários passam a ser muito mais relevantes para analisar se indicam novas tendências. Campos Neto acrescentou que o cenário do BC para a economia não prevê situação de desabastecimento.

Crédito

Segundo Campos Neto, já há relatos de empresários de aumento do custo do crédito. Ele explicou que isso acontece por maior demanda das empresas por determinadas linhas de crédito e também pelo maior risco de inadimplência.

“A crise pode gerar uma inadimplência maior e isso custa capital para o banco”, afirmou, acrescentando que o BC está atento ao mercado de crédito.

Sobre a projeção do BC de menor crescimento do crédito este ano, Campos Neto disse que é natural a revisão no cenário atual, mas ponderou que o cenário incerto dificulta a elaboração de projeções.

Roberto Campos Neto
Segundo Campos Neto, já há relatos de empresários de aumento do custo do crédito (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasi)

“Obviamente em um cenário de economia mais baixa, num cenário de incerteza, esse número sempre é ajustado para baixo”, disse.

Câmbio

Sobre a política de intervenção do BC no mercado de câmbio, Campos Neto disse que tem sido “de sucesso” e está atendendo o seu propósito.

“Temos arsenal muito grande, acompanhamos negociação da moeda, tentamos identificar onde está a demanda se está mais no mercado futuro, se está mais no mercado à vista.

Não temos nenhum preconceito em usar nenhum tipo de instrumento. Entendemos que existem alguns momentos de disfunção onde nós temos que atuar com mais intensidade”, afirmou.

Reformas

O BC tem reforçado que a continuidade das reformas é importante para a economia brasileira. No relatório, o BC enfatiza que “perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia”.

Segundo Campos Neto, as medidas de enfrentamento da pandemia vai gerar impulso fiscal, mas será momentânea. Ele destacou que “grande parte da queda de juros” ocorreu porque, antes da atual crise, existia o entendimento de que o país passou a ter disciplina fiscal, ao criar o teto de gastos e fazer a reforma da previdência.

Impactos da crise

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, disse que a crise gerada pelo novo coronavírus tem levado a “revisões brutais” nas estimativas de crescimento da economia no mundo, além de serem mais frequentes.

Ele afirmou que as políticas públicas de distanciamento social aumentam a recessão econômica, ao restringir a oferta de trabalho. “Não é o trabalho dos economistas, nem uma opinião do Banco Central.

É fato que, conforme faz mais política pública para achatar a curva de número de novos casos da doença, causa mais restrição à oferta de trabalho e aprofunda a recessão econômica”, disse Kanczuk.

Entretanto, ele afirmou que “se não fizer nenhuma política pública para conter a dispersão da epidemia, um grupo muito grande começa a ter a doença muito rápido”, o que levaria ao problema de não ter número suficiente de leitos para atender todos os doentes.

“Então se faz política pública para tentar achatar essa curva e espalhar o número de pessoas doentes no tempo e com isso atender mais pessoas com o mesmo número de leitos, mesmo número de respirados”, disse o diretor.

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