Presidente de conselho da Estácio diz que companhia vai buscar aquisições
A Estácio vai às compras após ter sido recusado no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) o processo de fusão com a Kroton. O presidente do Conselho de Administração da companhia, João Cox, afirmou em entrevista ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) que os conselheiros estão orientando a diretoria a contratar assessores para prospectar empresas a serem adquiridas. A história recente da Estácio foi de muitas mudanças.
No ano passado, após mudanças no Conselho, Cox afirma que já havia o desejo no colegiado da companhia de que a empresa mudasse de estratégia e passasse a mirar aquisições de grande porte. Até então, a estratégia que vinha sendo adotada pela antiga diretoria, sob comando de Rogério Melzi, era a de pequenas aquisições de ativos regionais.
“Os conselheiros entendiam que a estratégia que deveríamos adotar era a de aquisição de empresas”, afirma Cox. Esse processo foi paralisado, relata ele, justamente porque os acionistas da Estácio aceitaram uma proposta da Kroton. A leitura até o momento no mercado vem sendo a de que a Estácio poderia virar alvo de aquisição por parte de outras empresas, em especial a Ser Educacional, que já demonstrou interesse. Cox, no entanto, coloca a companhia como a predadora em vez de caça.
“A Estácio é a segunda maior empresa do setor e não há nenhuma companhia próxima em termos de tamanho”, disse. “A Estácio nunca esteve à venda e o que ocorreu lá atrás foi uma proposta de aquisição que nunca foi solicitada”, acrescenta. Cox afirma que os eventuais alvos de aquisição serão definidos pelos assessores com base em dados como sobreposição geográfica e sinergias potenciais.
O presidente do Conselho contesta ainda a visão de que a Estácio poderia ser fragilizada numa eventual negociação com outras empresas dada a queda do preço de suas ações na Bolsa recentemente. Os papéis da Estácio acumulam queda de pouco mais de 4% em um ano enquanto a Ser Educacional se valorizou 90% no mesmo período. “Discordo que a Estácio perdeu valor”, afirmou. Ele lembra que em seu pior momento no ano passado – em finais de maio, antes da primeira proposta da Kroton em junho – os papeis chegaram a valer menos de R$ 10. Nesta quinta à tarde, eram negociados a R$ 14,48.
“Desde a proposta (da Kroton) para cá, a Estácio pagou em dividendos quase R$ 2 por ação, é um alto retorno ao acionista. A empresa está indo muito bem”, conclui Cox. Aquisições pela frente poderiam ser financiadas com “inúmeras possibilidades”, diz o presidente do Conselho. Ele considera que a companhia tem um caixa robusto e que poderia emitir dívida (algo que estava impedida de fazer pelo protocolo de fusão com a Kroton, agora rescindido) ou ainda captar por meio de uma oferta subsequente de ações.
O noticiário intenso protagonizado pela Estácio desde o ano passado envolveu ainda uma série de mudanças na gestão. Após a saída de Rogério Melzi da presidência, a companhia teve ainda dois outros presidentes até que se estabelecesse no cargo o atual executivo, Pedro Thompson. “Era uma empresa que estava sendo comprada, então é algo natural, mas diferente do que aconteceu em casos como a Anhanguera (incorporada pela Kroton em 2014), aqui o resultado só fez melhorar”, argumenta Cox.
(Por Dayanne Sousa)