Presidente da Telefônica Brasil diz que obrigações em leilão 5G “não são para qualquer um”
O presidente da Telefônica Brasil afirmou nesta quinta-feira que, apesar de o leilão 5G marcado para a próxima semana não ter um viés arrecadatório, as obrigações de investimento definidas no edital não podem ser assumidas por qualquer investidor.
Representantes da Anatel afirmaram na véspera que o Tesouro poderá arrecadar 3 bilhões de reais com o leilão 5G enquanto as obrigações de investimentos previstas em todas as faixas de frequência que serão disponibilizadas na disputa de 4 de novembro beiram os 50 bilhões de reais.
“Nós investimos em média 8 bilhões de reais por ano no Brasil…ser um grupo relevante requer muito investimento”, afirmou o presidente-executivo da Telefônica Brasil, Christian Gebara, em entrevista a jornalistas nesta quinta-feira.
“É um mercado que ainda tem um vazio de infraestrutura, requer muito investimento. Não acho que seja para qualquer um”, afirmou o executivo em resposta à pergunta sobre os 10 novos entrantes que manifestaram interesse em participar do leilão.
“As obrigações (do leilão) são muitas, de longo prazo, e acho também que não é para qualquer investidor assumir este tipo de obrigação. Todo mundo terá que fazer as contas para entender que tipo de rentabilidade um leilão como este pode oferecer”, afirmou Gebara.
Questionado sobre o aumento do prazo pedido pela superintendência-geral do Cade para avaliar os aspectos da venda dos ativos de telefonia móvel da Oi para Telefônica Brasil, TIM (TIMS3) e Claro, Gebara afirmou que não espera que o órgão de defesa da concorrência venha eventualmente a impor remédios duros.
A superintendência pediu nesta semana mais 90 dias de prazo para analisar a operação, realizada no contexto da recuperação judicial do grupo que anos atrás era considerado “campeão nacional” para disputar mercado com os grupos internacionais de telecomunicações.
“Não espero que os remédios sejam fortes. A concorrência já é. Temos um dos mercados mais competitivos, o número de grupos no leilão de 5G mostra a oportunidade de outros grupos que queiram ser competitivos também comprem licenças e operações anteriores não tiveram remédios (fortes)”, disse Gebara.
“A operação foi feita preservando todos os limites de frequência definidos pela Anatel, preservando toda a competitividade no número de clientes e o leilão 5G, estamos falando de mais de 60% da frequência disponível no país que vai ser leiloada agora em 4 de novembro”, acrescentou.
Questionado sobre o interesse da Telefônica Brasil no leilão, o executivo evitou fazer comentários, incluindo sobre prazos para a entrada em serviço do chamado 5G “standalone”, ou puro, que não usa frequências do 4G para funcionar.
Ele citou que o prazo definido no edital do leilão para o serviço standalone é julho do ano que vem para a entrada em operação e que os vencedores não têm obrigação de lançar serviços com a tecnologia até o final deste ano.
Em meados de setembro, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou que São Paulo e algumas outras capitais do país terão redes 5G puras funcionando até o final deste ano.
“O standalone depende da liberação das frequências (de 3,5 GHz usadas atualmente em serviços como parabólicas) e isso vai ser definido pós-leilão”, disse Gebara.