Presidente da Louis Dreyfus diz estar aberta a vender fatia na companhia
O grupo de commodities agrícolas Louis Dreyfus, depois de 169 anos como um negócio familiar, está aberto à venda de uma grande participação para um investidor externo, desde que sem perda do controle, disse à Reuters a presidente do conselho da companhia.
Margarita Louis-Dreyfus, que assumiu o controle da empresa em 2009, destacou no entanto que não há pressa para isso e que esse investidor precisaria ser capaz de fortalecer os negócios do grupo.
No ano passado, a bilionária empresária concluiu a consolidação da Louis Dreyfus Company Holdings –estrutura criada para gerenciar as ações da família na LDC– por meio de um truste familiar que agora controla 96% da empresa-mãe.
Ela passou uma década negociando custosas e agressivas compras de fatias minoritárias de familiares no negócio, enquanto a LDC sofria em meio a uma fase difícil para os mercados agrícolas.
“É a primeira vez em nossos quase 170 anos de história em que estamos preparados para abrir nosso capital para um acionista externo”, disse a executiva de 57 anos em entrevista à Reuters.
“Mas nós não estamos sob pressão. Queremos manter o controle majoritário. Tudo mais depende da qualidade das ofertas.”
O grupo já havia indicado anteriormente que poderia trazer “players regionais” para o negócio para ajudar a fortalecer sua posição em áreas nas quais busca expansão, como a China.
A consolidação do controle da LDC pela executiva, no entanto, não foi gratuita –ela tomou emprestado 1 bilhão de dólares do Credit Suisse no ano passado para comprar ações de minoritários, dando ações da LDC como garantia.
O novo posicionamento da companhia vem em momento em que a LDC, assim como seus rivais, enfrenta um cenário desafiador –com a peste suína na China, que pode impactar o crescimento econômico e a demanda no maior consumidor global de carne suína, e um mais recente surto de um novo coronavírus.
“Agora a empresa está livre”
A LDC, também conhecida como Dreyfus, é o “D” do quarteto “ABCD” de grandes empresas globais do agronegócio, que também inclui Archer Daniels Midland, Bunge e Cargill.
A exemplo de seus pares, a LDC reestruturou operações, saindo de atividades como o comércio de laticínios e metais e passando a focar mais no processamento de alimentos, especialmente na Ásia.
A maior prioridade da empresa foi o desenvolvimento de seus negócios, disse Louis-Dreyfus, cidadã suíça nascida na Rússia.
“Até 2018, estávamos em um processo de consolidação da estrutura acionária da companhia. Agora a empresa está livre dessa questão, e pode focar totalmente nos negócios.”
Um novo investidor, segundo ela, traria valor para fortalecer a LDC.
“Não é apenas sobre tamanho, mas também sobre qualidade.”
(Atualizada às 16h27)