Arena do Pavini

Presidente da CVM diz que IOSCO deve emitir comunicado alertando para risco do Bitcoin

13 dez 2017, 18:17 - atualizado em 13 dez 2017, 18:17

Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini

O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Marcelo Barbosa, afirmou ontem que a IOSCO, organização internacional dos reguladores de mercados de capitais, está preparando um comunicado alertando para os riscos do Bitcoin. “Fizemos um alerta ao mercado no mês passado sobre o Bitcoin e levamos uma proposta na última reunião da IOSCO para que entidade fizesse o mesmo, mas alguns representantes de alguns países acharam que isso poderia interferir no avanço de alguns mercados”, afirmou, durante apresentação na comemoração dos 60 anos da Itaú Asset Management, em São Paulo, ontem à noite. “Recentemente, recebemos uma minuta de alerta sobre Bitcoins da IOSCO, que deve ser divulgado em breve, o que nos deixou muito contentes por estarmos certos em nossa visão”, disse.

Segundo ele, cada novo presidente da CVM nos últimos anos encontrou um “bicho” novo: boi gordo, avestruz, numa alusão às pirâmides financeiras como as da Fazenda Reunidas Boi Gordo e a Avestruz Master, que quebraram deixando milhares de investidores sem suas aplicações. “Agora nós encontramos o Bitcoin”, disse.

Ele destacou que as estimativas são de que existam no Brasil 1 milhão de investidores em Bitcoins, o dobro de registros na bolsa B3.

A criptomoeda ganhou força recentemente com o lançamento de contratos futuros na Bolsa de Chicago nesta semana. No Brasil, o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, se mostrou preocupado com uma eventual bolha do Bitcoin. “Um taxista me perguntou sobre Bitcoin e quando uma aplicação chega nesse nível de popularidade é preocupante”, disse, durante almoço com jornalistas. Finkelsztain afirmou que, apesar disso, a B3 pretende estudar o lançamento de contratos futuros ou algum tipo de produto para critptomoedas, não necessariamente para Bitcoins. “Temos recebido demandas de intermediários por esses produtos”, disse.

BC alerta para bolha

Também o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, alertou para o risco de bolha no mercado de moedas virtuais. “Moedas virtuais do jeito que estão hoje com essa subida vertiginosa, onde não há lastro, não há ninguém para regular, levam a um risco tal que o Banco Central emitiu um comunicado alertando para os riscos”, disse, também durante a apresentação de ontem. Hoje, ele repetiu o alerta, em entrevista à imprensa.

Ele destacou que essas moedas têm atualmente duas funcionalidades. Uma delas é comprar para vender na frente com a alta.

“É uma bolha, uma pirâmide”, disse. A outra “funcionalidade” é usar como instrumento de atividade ilícita. “Usar as moedas virtuais não isenta da pena, da punição”, alertou.

O interesse crescente dos agentes econômicos pelo uso das chamadas moedas virtuais levou o Banco Central a divulgar comunicado, em novembro, sobre o risco desse tipo de moeda, que, além de não ser emitida, não tem a garantia de qualquer autoridade monetária.

De acordo com o BC, as moedas virtuais podem também não ter a garantia de conversão para moedas soberanas, como, por exemplo, a libra esterlina, e “tampouco são lastreadas em ativo real de qualquer espécie, ficando todo o risco com os detentores”. “Seu valor decorre exclusivamente da confiança conferida pelos indivíduos ao seu emissor”, diz o comunicado.

Bitcoin supera os US$ 11 mil

A cotação da moeda virtual bitcoin superou no dia 29 de novembro, pela primeira vez, a barreira de US$ 11 mil, em meio a temores de que a sua bolha exploda, fazendo com que o seu preço, que multiplicou por dez em menos de um ano, despenque

De acordo com a agência EFE, um bitcoin estava cotado a US$ 11.186,29  poucas horas depois de ter superado a barreira de US$ 10 mil, uma progressão que disparou os temores de que os investidores estejam superestimando o valor da criptomoeda.

Na ocasião, o vice-governador para a Estabilidade Financeira do Banco da Inglaterra, Jon Cunliffe, ressaltou que uma eventual queda da cotação da bitcoin representaria um risco leve para a economia global, embora possa ser um grande perigo para as pessoas físicas que investiram nela.

Com informações da Agência Brasil.