Setor Aéreo

Prepare-se para encolher ainda mais as pernas nos aviões

27 jul 2019, 9:04 - atualizado em 26 jul 2019, 12:21
A Cebu Air disse que iria mudar a posição de cozinhas e banheiros em alguns de seus novos jatos A330neo para encaixar um recorde de 460 lugares (Imagem: Pixabay)

As viagens aéreas são cada vez mais um teste de resistência física. Os assentos encolheram, e o espaço para as pernas desapareceu — e as companhias aéreas não vão parar por aí.

A Cebu Air, maior operadora de baixo custo das Filipinas, disse no mês passado que iria mudar a posição de cozinhas e banheiros em alguns de seus novos jatos A330neo para encaixar um recorde de 460 lugares, 20 a mais do que o número máximo atual do avião. É parte de uma iniciativa mais ampla, particularmente na Ásia, de amontoar mais pessoas nos voos de rotas com maior demanda, segundo a Landrum & Brown, uma empresa de pesquisa do setor de aviação.

Em e-mail, o assessor executivo da Cebu, Mike Szucs, disse que “o conforto e a experiência do cliente serão uma consideração primordial”, mas as passagens aéreas “sempre são um aspecto” levado em consideração pelos consumidores.

“É tudo questão de espremer os passageiros o máximo possível”, disse Mathieu De Marchi, consultor da Landrum & Brown, que tem sede em Bangcoc. “Só vai piorar na próxima década.”

Mesmo diante da insatisfação dos clientes, empacotá-los em cabines tem ajudado a recuperar os resultados do setor de aviação dos Estados Unidos nos últimos anos. Na Ásia, onde 100 milhões de pessoas voam pela primeira vez todos os anos, a estratégia é agora comum entre as aéreas de baixo custo, que atendem a uma classe média em forte expansão e que se preocupa mais com preço do que com conforto.

A demanda da Ásia levou a uma escassez de quase tudo no setor: pilotos, mecânicos, aeroportos e pistas de decolagem (para não falar do espaço para pernas). As companhias aéreas fazem de tudo para evitar comprar mais aviões e ter que pagar por direitos extras de pouso em aeroportos lotados.

A compra de aviões maiores é uma maneira de lidar com o problema, como faz a AirAsia. A companhia aérea malaia disse em junho que iria mudar um pedido de centenas de aeronaves para um modelo maior, que transporta 50 passageiros a mais e voa uma distância extra de 1.000 quilômetros.

Outra tática é simplesmente encaixar mais assentos. A companhia aérea de baixo custo europeia Ryanair liderou o movimento em 2014 ao encomendar jatos de alta densidade da Boeing com oito assentos a mais do que o normal. A Cathay Pacific Airways, antes uma marca de conforto, em 2017 começou a instalar um assento extra em cada fileira da classe econômica de seus Boeing 777-300s, tirando cerca de uma polegada de espaço de cada passageiro.

Menos espaço para as pernas é agora a norma do setor. No início dos anos 2000, as fileiras da classe econômica costumavam ter entre 34 polegadas (86 centímetros) a 35 polegadas de distância; agora, o normal é de 30 a 31 polegadas, embora um espaço de 28 polegadas possa ser encontrado em voos curtos, segundo a organização de defesa do consumidor Flyers Rights. Os assentos também diminuíram: de 18,5 polegadas para 17 polegadas, em média.

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