JBS importará mais bois do Paraguai do que se pensava: até 40 mil cabeças
Os preparativos da JBS (JBSS3) para a importação de bois vivos do Paraguai não envolvem 20 mil animais, conforme Money Times antecipou ontem (9). A operação é ainda maior e gira entre 30 e 40 mil. Há destinos definidos para três das plantas do grupo no Mato Grosso do Sul.
Depois da confirmação do produtor André Bartocci, de Caarapó, outro produtor de Naviraí, a 120 km do Paraguai, se mostrou atento à movimentação do outro lado da fronteira para a vinda dos bois em pé.
“Os bois já estão em quarentena há mais de 20 dias, e não há como esconder porque o trânsito dos dois lados (com a fronteira seca) é intenso, todo mundo já sabe”, disse Cristiano Prata Rezende Filho.
E muitos desses bois paraguaios são de donos brasileiros, o que torna o sigilo da operação mais complicada.
A JBS, que consultada não confirmou, porém também não desmentiu a importação, levaria, de acordo com as informações levantadas pelo pecuarista, 10 mil animais para a planta de Anastácia (a única unidade que não fica no Sul do Estado), 10 mil para a de Ponta Porã (divisa) e 10 ou 20 mil para a de Naviraí.
Esta última unidade tem habilitação para exportação ao Chile, daí que a quantidade poderia ser maior.
Brasileiros preocupados
Mas a maior parte das importações é de boi que vai virar carne para mercado interno e outros destinos – inclusive Europa – da maior exportadora global, que no Mato Grosso do Sul não tem liberação da China em nenhuma das suas seis unidades.
Rezende Filho entende a necessidade da companhia em garantir fornecimento, em meio ao encurtamento da oferta generalizada com a expansão das exportações China – o estado possui três empresas com habilitação para lá apenas desde setembro.
A preocupação, contudo, vem do estabelecimento regular dessa janela de compras, o que poderia induzir ao aumento das importações com o tempo, principalmente depois que a oferta no país vizinho se normalizar, já que também há restrição de volumes com a entressafra mais longa.
Além disso, o Paraguai está com rebanho em franca expansão, em torno de 15 milhões de cabeças, com tecnologia e produtores brasileiros lá instalados, e também não abate fêmea, outro sintoma de que a meta é produção.
“Os produtores mais próximos da fronteira, como eu, vão sofrer”, afirma ele, dono de boi também em Minas e em São Paulo, que alerta também para a questão sanitária.
Embora o Paraguai caminhe para ser equiparado ao Paraná e a Santa Catarina, livre da aftosa sem vacinação, sempre há a desconfiança sobre os controles do país.
“Nós produtores aqui do Sul do Paraguai já sofremos muito com aftosa”, argumenta Rezende Filho, se referindo a um caso ocorridos há alguns anos quando se sacrificou milhares de cabeças para o fim do bloqueio à produção local.