Internacional

Preocupado com guerra comercial? BofA ML projeta quatro cenários possíveis

29 maio 2019, 12:58 - atualizado em 29 maio 2019, 12:58
Tensões comerciais entre duas maiores economias do mundo preocupam investidores

As tensões entre as duas maiores economias do mundo ultrapassaram o âmbito comercial e adentraram a esfeta corporativa, tanto pelo novo processo da Huawei ao governo dos EUA quanto pelas represálias de empresas norte-americanas, como o Goggle, em relação a disponibilização de softwares para companhias chinesas.

Em meio ao panorama corrente, de maior volatilidade dos mercados acionários ao redor do mundo e do “flight to quality” (expressão utilizada para indicar movimentos avessos ao risco em relação a ativos mais seguros), a equipe de análise do Bank of America Merrill Lynch avalia as preocupações em torno da guerra comercial para este ano e para 2019.

Neste cenário, o CIO (Chief Investment Officer) Christopher Hyzy destaca quatro possíveis panoramas para os mercados nos próximos doze meses.

Expansão

O primeiro panorama do BofA ML é positivo. “O crescimento global se torna mais elevado (puxado para cima pelos EUA) e permanece acima da tendência com um acordo comercial surpresa”, pondera Hyzy.

Em caso afirmativo de acordo comercial, a confiança dos empresários aumenta ao redor do mundo, o que permite ao Federal Reserve manter postura dovish (termo utilizado quando bancos centrais permanecem mais cautelosos na condução da política monetária).

Moderação

No segundo cenário projetado, o crescimento permanece em tendência mais restrita, com o peso dos fatores geopolíticos, porém com condições financeiras atrativas, o que permite descartar desaceleração expressiva do crescimento.

“A economia de serviços apresentará performance superior à indústria”, pondera o Bank of America Merrill Lynch, destacando que tal panorama incluiria o fechamento de um acordo comercial, porém não satisfatório para ambas as partes.

Contração

Por sua vez, o terceiro panorama é mais temeroso. “As preocupações geopolíticas crescem e pressionam o comércio internacional, contaminando a confiança dos empresários e criando um ambiente de crescimento abaixo da tendência histórica”, avalia o banco.

Neste cenário, não ocorreria acordo entre EUA e China, com Washington impondo tarifas sobre os outros US$ 325 bilhões em bens chineses.

Recessão

A última suposição é apocalíptica: o declínio na confiança dos empresários leva a um recuo forte na confiança do consumidor como evidência da desaceleração no nível de emprego, acompanhado de forte desaceleração no comércio internacional.

Em adição, o Federal Reserve demora para prover liquidez via flexibilização monetária, e ocorre a imposição de tarifas em todos os produtos de EUA e China.

Combinação

Diante das quatro possibilidades, o Bank of America Merrill Lynch acredita ser difícil listar probabilidades individuais para ocorrência de cada cenário. Desta forma, ao invés de projeções excludentes, uma combinação dos panoramas apontados deve prevalecer.

“Esperamos uma combinação dominante do segundo cenário com o terceiro”, avalia Hyzy, diante da interdependência entre os países, de ambos necessitarem manter o crescimento e pela proximidade das eleições de 2020 nos EUA.

Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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