3 preocupações para o Brasil com ‘policrise’ citada por Haddad
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante reunião no Marrocos com ministros e presidentes do Banco Central do G20, disse que o mundo enfrenta uma “policrise“.
O termo policrise se refere a um cenário em que diversas crises ocorrem ao mesmo tempo. Assim foi como Haddad se referiu ao atual cenário de recuperação econômica no pós-pandemia, a guerra na Ucrânia e o início da guerra em Israel.
“Existem várias crises em curso, que operam em diferentes níveis, reforçando-se e amplificando-se mutuamente”, disse Haddad.
De acordo com o cientista político e professor do Insper, Leandro Consentino, são três os pontos de preocupação para o Brasil com o avanço dessa policrise.
Incerteza econômica
Consentino ressalta que o primeiro ponto mais evidente fica por conta da dimensão financeira dos problemas, em meio a um cenário volátil.
“Temos um aumento da incerteza dentro do mercado financeiro, da volatilidade dos ativos, o que gera temor no mundo todo”, pontua.
O segundo ponto de atenção, na visão do cientista político, fica para os combustíveis.
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“Com a escalada do conflito no Oriente Médio, estamos vendo um avanço nos preços internacionais do petróleo, que está acima de US$ 90, que ‘contamina’ a cadeia como um todo e eleva os preços dos combustíveis no Brasil”, diz.
Por fim, o terceiro ponto de preocupação fica por conta dos insumos e das commodities.
“Após vermos um problema em relação ao trigo com a guerra na Ucrânia, e pensando no Oriente Médio, temos um problema com fertilizantes. Precisamos lembrar que Israel e Rússia são dois importantes fornecedores globais”, explica.
E o agro?
De forma geral, os impactos da policrise citados por Consentino caem todos sobre o setor do agronegócio do Brasil.
“Tanto a incerteza econômica quanto uma alta para os combustíveis e um possível impacto no fornecimento dos fertilizantes afetam a cadeia produtiva do Brasil como um todo, podendo elevar os custos para o produtor e a população”, conclui.