Política

Premiê britânico enfrenta rebelião do Parlamento devido a medidas contra Covid

14 dez 2021, 9:44 - atualizado em 14 dez 2021, 9:44
“Boris em um dia ruim é melhor do que qualquer um dos outros aspirantes em um dia bom”, disse um correligionário veterano (Imagem: REUTERS/Toby Melville/Pool)

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, enfrentará uma grande rebelião de parlamentares conservadores em uma votação nesta terça-feira devido a novas restrições para tentar conter a disseminação da nova variante Ômicron do coronavírus.

Acredita-se que as medidas, que incluem ordens para que as pessoas trabalhem em casa, usem máscaras em locais públicos e exibam passes de vacinação para ter acesso a certas instalações, serão aprovadas pelo Parlamento, mas que Johnson dependerá de votos do opositor Partido Trabalhista.

É mais um revés para um premiê já sendo pressionado devido a supostas festas em seu gabinete de Downing Street no ano passado, quando tais reuniões estavam proibidas, uma reforma custosa de seu apartamento e a retirada caótica do Afeganistão.

Muitos de seus parlamentares dizem que as restrições são draconianas e vários questionam a adoção do certificado de vacinação, apelidado de passaporte da Covid, para se entrar em certos locais, como clubes noturnos.

Outros aproveitarão a votação como uma oportunidade de dar vazão à sua raiva contra Johnson por acreditarem que o homem que ajudou os conservadores a obterem uma grande maioria em uma eleição de 2019 está acabando com os triunfos do partido com seus passos em falso e gafes.

Apesar dos resmungos de descontentamento, fontes internas do Partido Conservador dizem que não existe repúdio suficiente a Johnson para tirá-lo agora, nem um desafiante em potencial com apoio suficiente para substitui-lo.

“Boris em um dia ruim é melhor do que qualquer um dos outros aspirantes em um dia bom”, disse um correligionário veterano.

Os parlamentares devem iniciar votações consecutivas das medidas em turnos às 18h30 locais.

O governo diz que as medidas são necessárias para conter a propagação da Ômicron, que já responde por mais de 40% das infecções em Londres e que se crê que se tornará a linhagem predominante na capital britânica.

Uma pessoa morreu depois de contrair a variante e 10 foram hospitalizadas com Ômicron em toda a Inglaterra.

Ministros se mobilizam para tentar convencer os conservadores rebeldes, dizendo que as pessoas que não receberam duas vacinas podem oferecer provas de exame negativo para ingressarem em locais fechados com mais de 500 frequentadores, mas muitos não estão convencidos.

“É bastante errado se esperar que as pessoas apresentem o que é, essencialmente, um documento de identidade de saúde para poderem acessar serviços que deveriam estar disponíveis para todos”, disse o parlamentar conservador e ex-ministro David Jones.