Banco Central

Manter Selic alta por mais tempo seria adequado, mas é preciso ser razoável, diz diretor do BC

16 maio 2022, 12:07 - atualizado em 16 maio 2022, 12:40
Bruno Serra Banco Central
Em evento promovido pelo Goldman Sachs, Serra afirmou que se pudesse escolher alongar o período de manutenção da Selic em um patamar mais elevado, essa seria uma opção “adequada” (Imagem: Raphael Ribeiro/BCB)

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, disse nesta segunda-feira preferir um cenário de taxa de juros parada em um patamar alto por mais tempo para atingir a meta de inflação, mas ponderou que nem sempre isso é possível, em meio a especulações do mercado sobre os próximos movimentos do BC no combate à inflação.

Em evento promovido pelo Goldman Sachs, Serra afirmou que se pudesse escolher alongar o período de manutenção da Selic em um patamar mais elevado, essa seria uma opção “adequada”, ressaltando contudo que a decisão precisa ser “razoável” e considerar outros fatores, como a atividade econômica.

“A gente fez o trabalho mais rápido do que nossos pares, a gente imaginava poder parar (o aperto) nessa reunião (de maio); o cenário piorou, a gente teve que estender o ciclo, dar uma sinalização de provável extensão do ciclo, mas daqui para frente eu acho que o tempo dirá”, disse.

Há cerca de duas semanas, o BC subiu a Selic em 1,0 ponto percentual, a 12,75% ao ano, e disse ser provável uma extensão do movimento de alta dos juros com um ajuste de menor magnitude na próxima reunião, em junho, sem especificar se esse seria o último aumento da taxa.

“Se eu puder escolher alongar o período de convergência, alongar a manutenção da Selic em um nível apertado, juro alto, e for possível entregar a meta de inflação com essa política, acho que ela é adequada, mas precisa ser razoável”, disse.

O diretor justificou que até o momento houve poucos sinais de desaceleração da atividade, mas que os riscos nesse sentido agora são crescentes.

Depois de ressaltar que a taxa de juros entrou em campo contracionista recentemente, no fim de 2021, ele afirmou que os efeitos defasados da política monetária começarão a ser sentidos no segundo semestre deste ano, impactando a economia e abrindo caminho para recuo da inflação.

“Daqui para frente, há risco crescente de a política monetária fazer efeito e desacelerar a demanda”, disse.

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(Atualizada às 12:40)

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