Preços de hardware de mineração não seguem alta do BTC devido à crise de espaço
Preços à vista para hardware de mineração de bitcoin (BTC) no mercado estão ficando para trás em relação ao rali do BTC, que está atingindo novas máximas históricas, no que parece ser uma situação rara.
Tudo isso devido à crise da capacidade de hospedagem de equipamentos após as proibições da China.
O preço da criptomoeda tem aumentado desde o último final de semana, chegando brevemente a US$ 69 mil ontem (10) na Coinbase. Esse evento aconteceu três semanas depois de o preço quase chegar a US$ 67 mil, após um ciclo de baixa que durou cerca de seis meses, desde a alta observada em abril.
Nesse mesmo período, apesar de os preços à vista para equipamentos de mineração de bitcoin terem se recuperado, eles ainda estão sendo negociados com desconto, em comparação com recordes vistos em abril.
Isso significa que, quem tiver energia e capacidade de armazenamento disponíveis para conectar os equipamentos de mineração, terá acesso a hardwares mais baratos e poderá reduzir o período de retorno sobre o investimento.
Segundo dados compilados pelo Luxor (um dos dez maiores pools de mineração de bitcoin), todas as gerações de equipamentos à vista no mercado ainda estão com desconto de 15% a 20% em relação aos valores registrados seis meses atrás.
De modo semelhante, com base em mensagens no WeChat vistas pelo The Block, corretores chineses de equipamentos de mineração têm pedido US$ 100 por terahashes por segundo (TH/s) para um AntMiner S19 Pro da Bitmain. O preço para o mesmo modelo em abril e maio deste ano era de US$ 120 por TH/s.
“A falta contínua de espaço físico para armazenar circuitos integrados de aplicação específica (ASICs) resultou em uma defasagem dos preços em relação ao bitcoin”, disse Ethan Vera, cofundador e diretor de operações do Luxor.
“Várias companhias de mineração ainda têm ASICs em seus armazéns, esperando para serem conectados nas prateleiras. Essas companhias estão priorizando o dinheiro gasto na infraestrutura e ordens futuras de ASIC, ao invés de compras à vista”, acrescentou o cofundador.
Energia e espaço disponível
Geralmente, fabricantes e corretores de hardwares de mineração irão aumentar os preços à vista e futuro rapidamente e proporcionalmente, com base em ralis de preço da criptomoeda.
Durante a corrida de alta do bitcoin nesse mesmo período no ano passado, o fornecimento de equipamentos à vista e futuro começou a diminuir, elevando o preço dos equipamentos.
Entre dezembro de 2020 e abril de 2021, o preço do bitcoin e do equipamento aumentou cerca de 2,5 vezes, saindo de US$ 19 mil para quase US$ 66 mil.
Porém, a proibição da China quanto à mineração cripto mudou o equilíbrio entre oferta e demanda.
“Além da recente entrada de equipamentos que chegaram ao mercado vindos da China, o que provavelmente pode ser acrescentado ao atraso [do preço], estamos vendo compras de máquinas de grupos que não têm energia disponível… e que, então, precisam decidir se vendem as unidades por um prêmio hoje ou se as mantêm até que a energia esteja disponível”, disse Zach Bradford, CEO da CleanSpark, mineradora de bitcoin listada na Nasdaq.
Em seguida, Bradford acrescentou:
Acredito que isso irá continuar até a metade de 2022. Esse alto fornecimento irá provavelmente manter os preços à vista de equipamentos com desconto em relação ao preço do bitcoin até que o fornecimento seja normalizado com a disponibilidade de energia.
Apesar de o preço do bitcoin ter mais que dobrado desde julho deste ano, quando chegou a ser negociado abaixo de US$ 30 mil, os preços à vista de equipamentos só aumentaram cerca de 50%, segundo dados da Luxor.
Em agosto deste ano, o The Block mapeou o rápido aumento da infraestrutura para mineração de bitcoin na América do Norte com várias companhias construindo ou planejando construir instalações com quase três gigawatts de capacidade de energia.
Desde então, mais companhias anunciaram planos para desenvolver capacidade adicional.