Preços de energia mais fracos devem aliviar inflação na China
A avaliação do banco central da China de que os riscos para o crescimento superam o que a instituição considera como um problema de inflação temporário poderia aliviar a tensão no mercado de commodities se isso se traduzir em uma política monetária mais frouxa.
O aumento dos preços da energia que impulsionou a inflação em particular no mês passado deve perder força, já que a resposta agressiva do governo chinês ao recente surto de Covid-19 diminui a demanda por combustíveis para transporte.
Para o carvão, a perspectiva de temperaturas mais amenas, a liberação de estoques estatais e domésticos e a retomada das operações de minas devem pesar sobre os preços com o fim do verão e chegada do outono.
A China também abre caminho para mais importações de gás natural depois da queda das compras em julho devido aos altos preços e problemas causados por um tufão. O país asiático também continua a oferecer políticas para estimular o consumo de energias renováveis.
Mas ações do banco central da China para promover o crescimento não devem fazer com que as commodities industriais revertam o curso e voltem a testar os níveis recordes de maio, o que gerou uma série de medidas do governo de Pequim para segurar os preços.
Os dados comerciais de julho, que registraram importações mais fracas de itens caros, como petróleo, cobre e minério de ferro, “aumentam a evidência de que o crescimento da demanda no principal consumidor de commodities do mundo está desacelerando”, de acordo com relatório da Capital Economics, segundo a qual “a maioria dos preços deve cair daqui em diante”.
O minério de ferro está especialmente no radar, já que os preços continuam caindo devido às políticas da China para reduzir as emissões de carbono.
No mais recente exemplo, o polo de produção de aço de Tangshan estenderá os limites de produção até março para garantir a qualidade do ar durante os Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim, de acordo com a consultoria Mysteel.
A enorme demanda por energia da China e sua dependência de fornecedores estrangeiros têm sustentado a política externa do país por décadas. Agora essas necessidades estão mudando.
O maior importador de petróleo e carvão do planeta quer se tornar mais verde e autossuficiente. E o mundo precisa estar atento.