Economia

Preços de alimentos pesam em setembro e IPCA-15 tem maior alta para o mês em 8 anos

23 set 2020, 21:27 - atualizado em 23 set 2020, 21:27
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A pesquisa Focus mais recente realizada pelo BC com uma centena de economistas (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Os preços de alimentos continuaram pesando e a prévia da inflação oficial brasileira acelerou a alta em setembro acima do esperado, para o nível mais alto em oito anos, embora ainda permaneça benigna abaixo do centro da meta.

Em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) acelerou a alta a 0,45%, de 0,23% em agosto e acima da expectativa em pesquisa de Reuters de avanço de 0,39%.

Esse resultado é o mais forte para o mês de setembro desde 2012, quando o IPCA-15 registrou 0,48%, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

No acumulado de 12 meses até setembro, o IPCA-15 registrou alta de 2,65%, sobre 2,28% em agosto.

A expectativa era de um avanço de 2,59% em 12 meses, e o resultado permanece confortavelmente abaixo do centro da meta de inflação para este ano 4%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.

O IPCA-15 mostrou que em setembro, os preços de alimentos registraram o maior impacto e ainda tiveram a maior alta entre os nove grupos pesquisados, de 1,48%, sobre 0,34% no mês anterior.

Esse resultado foi puxado pela alta de 3,42% das carnes, mas também pelos preços de tomate (22,53%), óleo de soja (20,33%), arroz (9,96%) e leite longa vida (5,59%).

O aumento dos preços de alimentos vêm levantando preocupações no mercado e no governo, principalmente de produtos da cesta básica, mas o presidente Jair Bolsonaro já descartou qualquer tipo de tabelamento.

Índices de inflação vêm apresentando alta acentuada dos preços no atacado, enquanto produtos como arroz subiram com força recentemente por, entre outros motivos, aumento nas exportações estimulada pelo câmbio mais depreciado.

O comportamento do grupo Transportes também se destacou com alta de 0,83% em setembro diante principalmente da inflação de 3,19% da gasolina, terceira alta seguida.

Na outra ponta, o grupo Saúde e Cuidados pessoais apresentou queda de 0,69% como consequência da deflação de 2,31% dos preços de plano de saúde após decisão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de suspender reajuste dos contratos de planos de saúde até o fim de 2020.

Sobre a visão de que a inflação ao consumidor deve se elevar no curto prazo, o Banco Central disse na véspera que contribuem para esse movimento a alta temporária nos preços dos alimentos e a normalização parcial do preço de alguns serviços em um contexto de recuperação dos índices de mobilidade e do nível de atividade.

Na semana passada, o BC manteve a taxa básica de juros na mínima recorde de 2% e indicou que as condições para sua sinalização de que a Selic não deve subir seguem de pé.

A pesquisa Focus mais recente realizada pelo BC com uma centena de economistas mostra que a expectativa é de que a inflação termine este ano a 1,99%, com a economia contraindo 5,05%.