Preços baixos de créditos de carbono ameaçam ambição verde
O maior mercado de carbono do mundo também entra para a longa lista de vítimas do coronavírus.
O preço dos certificados que permitem às empresas emitir dióxido de carbono na União Europeia acumula baixa de 40% neste ano, que inclui duas quedas de mais de 10% na semana passada.
Essa desvalorização eliminou dois anos de ganhos no mercado que valia mais de 200 bilhões de euros (US$ 215 bilhões) no ano passado, quando os preços foram impulsionados por ambiciosas metas climáticas da UE e reformas que restringiram o número de licenças que poderiam ser vendidas.
Agora surgem questionamentos sobre o impacto econômico das medidas de bloqueio impostas por governos, com a possibilidade de o mercado de carbono perder força como ferramenta proteção ao meio ambiente.
Milhares de unidades industriais e geradoras de energia são obrigadas a apresentar licenças do mercado para cobrir suas emissões, e o preço atual é cerca de metade do nível de 30 euros por tonelada que executivos e economistas identificaram como o nível onde o mercado de carbono começa a ter impacto.
O surto obrigou fabricantes como Airbus, Volkswagen e Renault a fechar as fábricas, reduzindo o uso de energia e a poluição. Isso também reduziu a necessidade de comprar licenças para cobrir essas emissões.
As implicações de um período prolongado de preços mais baixos terão um impacto profundo na estratégia da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de tornar a Europa o primeiro continente neutro em carbono.
A queda dos preços do carbono é mais drástica do que sugerem os fundamentos, de acordo com Jahn Olsen, analista da BloombergNEF em Londres. Existe um consenso entre investidores de que a situação do Covid-19 vai piorar antes de melhorar na Europa.
“A venda por pânico de bancos e outras instituições financeiras está levando a níveis recordes de volume negociado no mercado secundário”, disse Olsen.
“Alguns industriais normalmente considerariam esses preços como uma oportunidade de compra, mas as preocupações macroeconômicas os impedem de comprar carbono num prazo muito longo.”