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Preços altos reduzem consumo de carne bovina na Argentina e população recorre ao frango

27 jan 2025, 13:30 - atualizado em 27 jan 2025, 13:30
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(Imagem: REUTERS/Lucas Jackson)

Na Argentina, terra mundialmente famosa por suas fazendas de gado e bifes suculentos, o frango agora é o prato da vez.

No país de 45 milhões de moradores, pela primeira vez o consumo per capita de aves superou o de carne bovina no ano passado, segundo dados oficiais, uma vez que o consumo da carne vermelha — mais cara — caiu em meio à inflação de três dígitos e às medidas de austeridade do presidente Javier Milei.

A mudança, embora faça parte de uma tendência mais longa, ressalta como os argentinos estão apertando o cinto e adaptando suas dietas.

Os cortes de gastos de Milei estabilizaram a economia instável do país, mas, no curto prazo, empurraram mais da metade da população para a pobreza.

“A realidade é que eu como mais frango porque a carne está muito mais cara. O frango rende muito mais”, disse Araceli Porres, de 45 anos, que tem três empregos em Buenos Aires para sustentar a família, e que costuma preparar frango refogado e a milanesa.

Dados da Bolsa de Cereais de Rosário mostraram que o consumo de frango saltou em 2024 para 49,3 kg per capita, superando o de carne bovina, que caiu para 48,5 kg — ainda o mais alto do mundo, à frente do Uruguai e do Brasil. A carne suína subiu para 17,7 kg per capita.

“O consumo de frango cresceu e isso é impulsionado pelo preço”, disse o açougueiro Daniel López em um bairro nos arredores de Buenos Aires, explicando que o preço mais barato de um quilo de carne bovina moída era de 5.000 a 6.000 pesos (US$5 a US$6), contra a metade do preço do frango.

“Essa é a diferença, e hoje as pessoas estão cuidando muito do bolso”, disse López. “Os salários continuam baixos, a inflação ainda é sentida, então as pessoas sempre perguntam sobre ofertas e acabamos oferecendo frango, que é a melhor opção econômica.”

Os argentinos têm um fervor quase religioso em relação à carne bovina, geralmente a peça central dos tradicionais churrascos com a família no jardim, em churrascarias de esquina ou até mesmo em churrasqueiras improvisadas em canteiros de obras ou à beira de estradas.

A Argentina é o segundo maior produtor de carne bovina e de frango da América do Sul, depois do Brasil, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

A carne bovina é um produto básico tão importante que os preços e a acessibilidade podem se tornar politicamente sensíveis, o que poderia pressionar Milei, que pretende aprofundar suas reformas este ano.

O crescimento econômico está mostrando sinais de retorno e a inflação caiu drasticamente, o que lhe rendeu elogios e espaço para respirar junto aos eleitores.

Miguel Schiariti, chefe da câmara do setor de carnes da Argentina, CICCRA, disse que a criação de gado é mais cara do que a carne suína ou de frango por kg de carne, o que significa que o preço da carne bovina teve que aumentar.

“Hoje, pelo preço médio de um quilo de carne bovina, você pode comprar três quilos de frango ou quase dois quilos de carne suína”, disse. Ele acrescentou que, como a economia se recuperou este ano, os preços podem continuar subindo, embora os agricultores também possam começar a produzir mais.

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gustavo.silva@moneytimes.com.br
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