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Preço médio do etanol sobe mais de 21% no Brasil em 2024; veja o que esperar para o ano que vem

23 dez 2024, 16:00 - atualizado em 19 dez 2024, 12:32
etanol gasolina
O preço médio nacional de revenda do etanol hidratado (que abastece os tanques diretamente) subiu 21,5% em 2024 segundo a ANP. (Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil)

O preço médio nacional de revenda do etanol hidratado (que abastece os tanques diretamente) subiu 21,5% em 2024, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

No primeiro levantamento do ano, realizado pela ANP no dia 6 de janeiro, o etanol custava R$ 3,39 em média no Brasil. Já no último divulgado, realizado no dia 14 de dezembro, o combustível chegou a R$ 4,12.

Para Marcelo Di Bonifácio, da StoneX, alguns fatores influenciaram a elevação dos preços, como o alto volume de etanol no mercado. “A safra de 2023-24 bateu recordes de moagem, com 654 milhões de toneladas, com o etanol de milho em crescimento”, diz.

O especialista ainda destaca que a demanda por etanol hidratado demorou para ganhar força nos últimos anos, fazendo as produtoras acumular estoque na entressafra, entre outubro e março.

“O setor começou o ano com a paridade muito baixa (correlação de preço entre etanol e gasolina), algumas regiões de São Paulo estavam abaixo de 60%. Isso trouxe um impulso para a demanda muito alto, então tivemos um bom ano de vendas nas bombas”, diz Bonifácio.

Até a metade de dezembro, o preço médio do litro da gasolina subiu 10,6%, de R$ 5,56 a R$ 6,15. Nos valores da média nacional, o etanol é vendido em uma paridade de 66% comparado a gasolina, portanto, oferece vantagem econômica ao consumidor. 

Entretanto, na hora de abastecer cabe ao consumidor calcular a economia de acordo com os preços regionais, dividindo o valor do litro de etanol pelo da gasolina. Se a conta der um resultado abaixo de 0,7 (70%), o etanol vale a pena.

O aumento do etanol por regiões do Brasil

O preço médio de revenda do etanol hidratado subiu em todas as unidades federativas do país, impactando os 26 estados e o Distrito Federal. Seguindo a tendência do mês de dezembro, o estado de Goiás (GO) registrou o maior aumento. 

De janeiro para dezembro, a gasolina em Goiás (GO) disparou de R$ 2,79 para R$ 4,48, uma alta expressiva de 60,5%. Os outros estados com os maiores aumentos foram Mato Grosso (MT), que viu o etanol subir 33,8% e Alagoas (AL), com 24% de alta.

No estado de São Paulo (SP), onde há o maior consumo de combustíveis do país, o etanol subiu 17,7% comparado à primeira semana de janeiro. Na ocasião o preço médio era R$ 3,32 por litro de etanol e agora chegou a R$ 3,91.

“Na maioria das regiões, a paridade saiu dos 60% no começo do ano e hoje fica nos 65%, que ainda é positivo para o consumo de etanol. Ou seja, ainda tem espaço para subir mais, principalmente no começo do ano”, diz Bonifácio.

O que esperar para 2025?

Segundo o analista da StoneX, mesmo após estabilidade devido ao acúmulo de estoque, os primeiros meses do ano são de entressafra. Portanto, há um impulso natural para o aumento dos preços.  “A gente espera que o primeiro trimestre tenha uma diminuição dos estoques, acompanhada de uma tendência de alta nos preços”, diz Bonifácio.

Além do aumento de preços devido a sazonalidade da produção, o analista comenta a influência do preço da gasolina, que deve subir em fevereiro com aumento no ICMS. Dessa forma, as usinas podem cobrar mais caro mantendo uma paridade aceitável.

Bonifácio vê espaço para que as usinas aumentem o mix açucareiro, diminuindo a oferta de etanol em 2025. “O consumo de hidratado deve cair. Deve se manter elevado entre abril e agosto com uma paridade boa, mas o último trimestre e o começo do ano deve ter uma paridade mais próxima”, afirma.

“Vale o destaque para as usinas de etanol de milho. Temos previsão de conclusão de obras em 2025 no Nordeste, com projetos no Maranhão, Bahia e Piauí. É um ano que deve ser marcado por uma demanda robusta”, finaliza.

Nova tributação para o etanol

Na última semana, foi aprovada a implementação da tributação monofásica de PIS/Cofins para etanol hidratado durante o período de transição da reforma tributária brasileira.

A nova regra introduz uma cobrança fixa de PIS/Cofins de aproximadamente R$ 0,19/litro, diretamente no nível de produção, tanto para etanol anidro quanto para etanol hidratado, o que também tem implicações na competitividade do etanol hidratado em relação à gasolina. O PL deve passar pela câmara antes de ser enviado para sanção presidencial.

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gustavo.silva@moneytimes.com.br

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