Preço do arroz, usado para consumo humano, não dispara e salva mundo de crise alimentar pior
Enquanto o salto dos preços de commodities agrícolas gera temores de aumento dos custos dos alimentos e da fome ao redor do mundo, um alimento básico vai contra essa tendência e evita uma crise mais ampla, pelo menos por enquanto.
O arroz é a fonte predominante de nutrição todos os dias para mais de 3 bilhões de pessoas e, ainda assim, a alta dos preços não chegou nem perto do rali de outras commodities agrícolas, como milho, soja e carne. Embora estejam acima dos níveis do ano anterior, os preços desaceleraram nos últimos meses em alguns dos principais exportadores, incluindo Vietnã, Tailândia e Índia, com a maior oferta de novas colheitas.
Uma razão para a tendência divergente é que o arroz é cultivado principalmente para consumo humano, enquanto o aumento dos preços das commodities agrícolas foi impulsionado pela demanda crescente por ração. O apetite insaciável da China por ração para suínos coincidiu com problemas climáticos que afetaram as lavouras mundiais de grãos, o que levou o milho e a soja ao nível mais alto em mais de oito anos.
O trigo – usado principalmente na produção de pão, massas, barras de cereais e biscoitos – também ficou mais caro, pois é cada vez mais usado em rações como substituto do milho e da soja, com os preços nas alturas. As cotações do trigo acumulam alta superior a 40% desde agosto, em comparação com cerca de 120% para o milho e mais de 70% para a soja. Já os futuros do arroz em Chicago subiram 22% no período, e o preço do arroz branco tailandês, referência na Ásia, avançou apenas 4%.
“O fato de os preços do arroz estarem estáveis é uma boa notícia para a segurança alimentar global”, disse David Dawe, economista sênior da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, em Bangkok. “Tem muito mais gente pobre na Ásia, onde o arroz é um alimento básico.”