AgroTimes

Preço dispara e Brasil tem 45% da capacidade de abates em frigoríficos ociosa

14 abr 2021, 18:09 - atualizado em 14 abr 2021, 18:09
Frigoríficos Carnes Boi Agronegócio
Cerca de 45% da capacidade dos frigoríficos do país está ociosa, o maior patamar desde 2012 (Imagem: Reuters/Eric Gaillard)

Os frigoríficos brasileiros estão reduzindo abate enquanto lutam para repassar os custos crescentes aos consumidores que vêm comendo menos carne em meio à queda da renda no país.

Cerca de 45% da capacidade dos frigoríficos do país está ociosa, o maior patamar desde 2012 quando os dados começaram a ser apurados, disse Rodrigo Queiroz, analista da Scot Consultoria responsável pela coleta dados de produção em 13 estados.

Os produtores estão sendo pressionados à medida que as crescentes exportações de carne para a China aumentam os preços do gado. Os frigoríficos não podem repassar totalmente os custos mais altos para os consumidores que lutam com o desemprego quase recorde.

Dados da agência agrícola Conab mostram que o consumo per capita de carne bovina em um país conhecido por seus bifes caiu 5%, para 29,3 quilos em 2020, seu nível mais baixo desde 1996.

Embora a forte demanda por carne chinesa e a desvalorização da moeda brasileira tenham amortecido o impacto para as empresas autorizadas a exportar, cerca de três quartos do gado abatido no Brasil ainda são vendidos no mercado interno, segundo a Scot.

Embarques de carne do Brasil para a China subiram 33% em março em relação ao ano anterior, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

O preço que os frigoríficos pagam pelo gado subiu 57% no ano passado, para mais de R$ 316 (US$ 56), de acordo com o Cepea, braço de pesquisa da Universidade de São Paulo.

A oferta está apertada porque os fazendeiros retêm as vacas dos matadouros, mantendo-as para reprodução depois que os preços dos bezerros atingiram um recorde.

No início do mês, o frigorífico Frigol anunciou que fechará uma unidade no estado de Goiás e continuará operando apenas nas unidades que podem exportar.

Algumas outras empresas deram férias coletivas aos funcionários para reduzir a produção e aliviar parte dos custos operacionais crescentes. “A maior parte das férias coletivas foi concedida por pequenos e médios frigoríficos e alguns estabelecimentos não exportadores de grandes empresas”, disse Queiroz.

A demanda de exportação está pressionando ainda mais o mercado interno, disse o analista da Scot Felipe Fabbri. No mês passado, as partes mais baratas da carne bovina foram vendidas no mercado atacadista a preços 12% mais altos do que no mês anterior devido aos altos preços do gado, de acordo com a Scot.

“Estamos vendo os brasileiros reduzindo o consumo de carne à medida que a taxa de desemprego atinge um recorde e o auxílio emergencial para pessoas de baixa renda foi interrompido no final do ano passado”, disse Fabbri.

O Brasil retomou em abril um novo pagamento do auxílio com valor equivalente a menos da metade do ano passado.

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar