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Preço da soja precisa subir mais para frear demanda, diz Cargill

06 jan 2021, 17:10 - atualizado em 06 jan 2021, 17:10
Soja
A maior trading de commodities agrícolas do mundo disse que os preços ainda não atingiram o pico e que o mercado entrou em uma fase de racionamento da demanda (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

O rali global da soja ainda tem espaço para avançar, já que o mundo precisa de preços mais altos para frear a demanda, segundo a gigante agrícola Cargill.

A maior trading de commodities agrícolas do mundo disse que os preços ainda não atingiram o pico e que o mercado entrou em uma fase de racionamento da demanda, de acordo com Joe Stone, responsável pela cadeia de suprimentos agrícolas e trading corporativo da Cargill. Até que ponto o consumo será limitado vai depender de como o clima na Argentina afetará as safras, disse o executivo em evento do Conselho de Exportação de Soja dos EUA.

Os futuros da soja eram negociados no maior nível em seis anos na quarta-feira. A China, o maior importador do mundo, tem se abastecido com grãos dos EUA para alimentar o plantel de suínos que se recupera mais rápido do que o esperado da peste suína africana. O aumento na demanda ocorre quando o tempo seco ameaça as colheitas na América do Sul.

“Acho que ainda não chegamos ao topo”, disse Stone. “Se a função do mercado hoje é continuar racionando, então provavelmente teremos que subir um pouco mais do que estamos hoje. Mas também pode ser uma trajetória muito instável, dependendo do clima que tivermos na Argentina.”

Os preços podem chegar “muito perto” das máximas se o tempo na Argentina for perfeito e começar a chover no país, disse. Também poderiam “dar um grande passo acima” se o evento climático La Niña continuar e o clima ainda estiver extremamente seco no final de janeiro ou início de fevereiro, afirmou.

A China adquiriu uma quantidade recorde de milho americano, enquanto as compras de soja para embarque nesta temporada estão no ritmo mais rápido desde pelo menos 1991. Embora os mercados tenham sido inicialmente guiados pela demanda, o clima seco na América do Sul mais recentemente aumentou as preocupações com a oferta, levando a um aumento “parabólico” dos preços, disse.

A China permitiu que seus estoques agrícolas diminuíssem durante os últimos quatro a cinco anos, a um ponto que precisam ser repostos, disse Joe Stone, responsável pela cadeia de suprimentos agrícolas e trading corporativo da Cargill (Imagem: Reuters/ Tingshu Wang)

A Cargill está otimista quanto à recuperação econômica com a superação da pandemia de coronavírus e recursos de bancos centrais injetados nas economias, medida que ajudou a impulsionar os mercados de commodities. A trading de Minneapolis também espera que a demanda de restaurantes se recupere conforme a vida volte ao normal.

‘Trajetória desigual’

“Vai ser uma trajetória um pouco desigual, mas esperamos um 2021 muito melhor e a demanda pelo que fazemos vai melhorar um pouco”, disse Stone. “É provável que veremos um pouco mais de inflação do que vimos há muito tempo.”

Além do aumento da demanda impulsionado pela expansão de seu plantel de suínos, a China permitiu que seus estoques agrícolas diminuíssem durante os últimos quatro a cinco anos, a um ponto que precisam ser repostos, disse. A demanda chinesa tem sido forte tanto por soja quanto por milho, e a Cargill espera que isso continue nos próximos anos.

“A demanda chinesa é forte, a demanda chinesa é real”, disse. “É um aspecto positivo para nossos mercados de grãos ao longo dos próximos 12 a 24 meses.”