Preço da gasolina já é cerca de 20% menor que a média mundial; mas é isso bom ou ruim, afinal?
Os preços da gasolina e do diesel praticados pela Petrobras (PETR4) seguem defasados no mercado interno, segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
Para a gasolina, a defasagem segue em 19%, enquanto os preços do diesel continuam 13% menores que no mercado externo. O salto dos preços internacionais parece atrelado à retomada do crescimento econômico da China e à continuidade de conflitos no Oriente Médio.
De acordo com Pedro Rodrigues, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), há uma grande margem para o reajuste dos preços, sobretudo o da gasolina, cuja defasagem ele enxerga em 24%.
- A “farra” da renda fixa está no fim? Analista comenta as perspectivas para essa classe de ativos depois da reunião do Copom. Confira na edição especial do Giro do Mercado, no dia 21 de março, às 12h. Inscreva-se AQUI para a transmissão gratuita.
“O preço da gasolina na refinaria nacional (Petrobras) está em torno de 24% abaixo da referência internacional. A grande defasagem praticada na precificação dos combustíveis pela Petrobras acaba por prejudicar a atuação dos demais players do mercado, como os importadores e outros refinadores de menor escala”, avalia Rodrigues.
O etanol e a visão do mercado para Petrobras
Vale lembrar que a viabilidade comercial do etanol depende de seu preço em proporção à gasolina. Se o litro do biocombustível custar até cerca de 70% do litro da gasolina, é mais vantajoso abastecer com o biocombustível.
“O reajuste ou não do preço da gasolina tem um reflexo direto no mercado do etanol, o tornando mais ou menos competitivo. Uma grande defasagem no preço da gasolina, por um longo período, pode contribuir para que o preço ao consumidor final seja mais atrativo, ameaçando o consumo do etanol”, explica.
Sobre o como o mercado enxerga essa questão defasagem, Rodrigues ressalta que isso depende do interlocutor. “Importadores e produtores independentes atuantes no mercado doméstico veem a defasagem sob uma ótica negativa, pois ela representa uma assimetria de mercado, originada no exercício do poder de mercado da Petrobras. Por atender uma fatia muito grande do mercado, a petroleira pode manter os preços baixos de forma artificial”, diz.
“Para investidores da Petrobras, a postura é vista com maus olhos, pois remete a um passado não tão distante em que as políticas de controle de mercado promovidas pela petroleira causaram sérios danos a sua reputação e operação”, finaliza.