Preço da celulose dificulta retorno, mas Suzano mantém plano para 2020
A Suzano (SUZB3) avalia que o nível atual de preço de celulose é insustentável para garantir a rentabilidade da indústria, mas ao mesmo tempo mantém plano de produzir e vender mais da matéria-prima do papel este ano ante 2019.
A companhia, maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, encerrou o segundo trimestre reduzindo seus estoques em 220 mil toneladas e avalia que no setor os níveis do produto estejam equilibrados.
Porém, executivos da Suzano afirmaram em teleconferências nesta sexta-feira que a pandemia de Covid-19 causou um adiamento de paradas de manutenção de fábricas em toda a indústria para o segundo semestre, o que pode impactar a oferta de celulose em um momento em que a demanda por outros papéis além dos sanitários começa a se recuperar.
A Suzano, que em 2019 concentrou suas paradas no primeiro semestre, fez o oposto este ano e deve realizar manutenções em 10 de 12 linhas de produção na segunda metade de 2020.
Apesar do cenário, o presidente-executivo da Suzano, Walter Schalka, evitou fazer comentários precisos sobre a política de preços da empresa no segundo semestre.
“No longo prazo, não é sustentável o preço. Uma parte relevante dos participantes da indústria trabalha com zero Ebitda e a totalidade com taxa interna de retorno inadequada, incluindo a Suzano”, disse Schalka a jornalistas. “Mas quando vai ser o ajuste (nos preços) é difícil de responder.”
A Suzano divulgou na noite da véspera prejuízo de cerca de 2 bilhões para o segundo trimestre, impactado por variações cambiais e crescimento de 35% no Ebitda ajustado, que alcançou 4,2 bilhões de reais. As ações da empresa disparavam nesta sexta-feira, liderando as altas do Ibovespa com salto de mais de 9%, enquanto o índice mostrava ganho de 1%.
O presidente da Suzano comentou ainda que o mercado doméstico de papel “já passou pelo pior” da crise gerada pela pandemia, em meio à retomada do varejo em uma série de regiões do país após flexibilização de medidas de isolamento social.
Em outra frente, a Suzano está estudando participar de mercado de venda de créditos de carbono, disse Schalka, em uma preparação para eventuais mudanças nas regulamentações deste mercado no próximo ano, por ocasião da cúpula climática da ONU, a Cop26, prevista para novembro de 2021.
“Uma forma de chegar ao cumprimento de metas é floresta….Vai haver um crescimento natural da demanda desse mercado no mundo. O preço (dos créditos) é crescente porque cada dia que passa as obrigações aumentam no mundo”, disse Schalka.