Preço da carne vai cair? Medidas do governo não são efetivas, diz analista; entenda

O preço da carne subiu em todo o Brasil nos últimos meses e acumulou alta de 20,8% em 2024, a maior em cinco anos. Com o consumidor insatisfeito com a inflação dos alimentos, o Governo Federal anunciou medidas ligadas à redução de impostos de importação, na tentativa de baratear os produtos.
No entanto, para Fernando Iglesias, analista de proteína animal da Safras & Mercado, a tentativa não deve aliviar os preços. “As medidas não são efetivas para combater a alta dos alimentos. No setor de carnes o Brasil já é disparado a melhor alternativa para o fornecimento, então de quem nós vamos comprar?”, diz o especialista.
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O analista vê como improvável a possibilidade de encontrar um país que o Brasil possa importar e o produto chegue com custo menor do que a carne produzida internamente. A perspectiva é a mesma para as proteínas bovinas, suínas e de aves.
No caso da carne de frango, ainda há o agravante do surto de influenza aviária em diversos produtores globais, que afeta o preço em outros países, que inclusive tendem a importar mais do Brasil.
Além de não ver efetividade das medidas em relação ao preço das carnes, o analista ainda destacou uma preocupação com a medida citada para flexibilizar a fiscalização sanitária dos alimentos.
“Isso abre um precedente perigoso para que o país comece a adotar uma postura menos combativa em relação ao nosso rigor sanitário, podendo trazer problemas no nosso mercado”, afirmou Iglesias.
Boi gordo recua em fevereiro e pode baratear carnes
Apesar do pessimismo em relação à queda dos preços devido às medidas propostas pelo governo, o preço da carne pode ser afetado pelo mercado do boi. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o arroba do boi gordo fechou o mês de fevereiro com queda de 4,16%.
Segundo pesquisadores da instituição, a disponibilidade interna de carne bovina no início deste ano foi recorde. A soma de animais disponíveis em janeiro e fevereiro pode ter superado em 10% o volume do primeiro bimestre de 2024 e em 38% o de dois anos atrás.
“A queda dos preços do boi em fevereiro está atribuída ao aumento da oferta de fêmeas. Os preços caíram em várias regiões do país e isso vai gerando impacto em relação ao comportamento do mercado”, disse Iglesias.
Para o Cepea, os preços mais altos sustentados em 2024 revelam a resiliência da carne bovina no cardápio do brasileiro, explicada em boa parte pela baixa taxa de desemprego. Com o aumento da oferta neste início de ano, o consumidor pode ver algum efeito baixista nos preços.
Em janeiro, a disponibilidade interna de carne bovina atingiu o máximo histórico, segundo cálculos do Cepea. Já para fevereiro, estima-se diminuição de quase 9% em comparação a janeiro, justificada pela redução dos abates no mês. Em relação a um ano atrás, no entanto, os pesquisadores projetam crescimento de cerca de 7%.
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