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Pré-Mercado: Uma longa digestão

17 mar 2022, 8:37 - atualizado em 17 mar 2022, 8:37
Quem vai exorcizar essa inflação? | O Exorcista (1973)

Oportunidades do dia

Atenção: hoje é o penúltimo dia da Semana da Super Renda Fixa 

Já foram 3 dias de oportunidades muito acima da média em renda fixa: CDB pagando IPCA acima de 7%, rendendo 1% ao mês líquido… e hoje, no penúltimo dia, teremos uma oferta inédita ideal para o contestação o de aumento da Selic. 

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Trade do Dia

KLBN11: [Entrada] R$ 25.41; [Alvo parcial] R$ 25.84; [Alvo] R$ 26.67; [Stop] R$ 24.48

O setup 1-2-3, modelo de contra-tendência que busca encontrar o início de um pivô de alta baseado na ação do preço, está ativado para este papel.

Observações:

1) Esta recomendação é válida apenas para o pregão de hoje. 

2)  Caso haja um gap de alta na abertura, considerar este como novo preço de entrada.

3) Assim que o alvo parcial for atingido, o stop deve ser colocado no preço de entrada.

4) Se o valor do stop for atingido primeiro, a operação deve ser encerrada imediatamente.

Bom dia, pessoal!

Não fique triste se você acha que as reuniões de política monetária do Brasil e dos EUA encerraram o assunto para a semana. Negativo. Hoje é a vez de as autoridades monetárias turca e inglesa anunciarem suas respectivas decisões, paralelamente à continuidade da digestão por parte dos investidores da mensagem hawkish de Powell, que confirmou sete aumentos dos juros nos Estados Unidos neste ano e a redução do balanço patrimonial já a partir da próxima reunião, no dia 4 de maio.

Na Ásia, as ações sobem em Tóquio e Hong Kong após garantia da China sobre o apoio ao mercado e após o aumento da taxa do Fed, recuperando os patamares de preço depois das correções recentes associadas com a pandemia. O tom predominante na Europa, entretanto, é negativo, acompanhado pelos futuros americanos. Apesar da queda nesta manhã, hoje é dia de São Patrício. Historicamente, desde 1950, o S&P 500 subiu 0,37% em média neste dia.

A ver…

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Um comunicado no mínimo confuso

Os investidores se esforçam nesta manhã para entender o comunicado de ontem do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que acompanhou a decisão de elevar em um ponto percentual a Selic, tirando-a de 10,75% para 11,75% ano — é o maior patamar desde abril de 2017, quando a taxas estava em 12,25% ao ano. A decisão, apesar de em linha com o esperado, decepcionou um pouco pela falta de clareza do comunicado por parte da autoridade monetária.

O aumento representou uma desaceleração do que vimos nas últimas três reuniões, quando o Banco Central optou por altas de 150 pontos-base em cada. Adicionalmente, ele ainda contratou mais uma alta de mesma magnitude para a próxima reunião, levando a Selic para 12,75% no próximo encontro, visando ancorar as expectativas de inflação, que estão desbalanceadas até mesmo para este ano, com mediana do Focus apontando IPCA de 6,45% em 2022.

O texto é tão repleto de variáveis, as quais permitem diversas interpretações sobre os próximos passos do BC. Dessa forma, ainda que em linha com as expectativas de mercado, há espaço para um ajuste na curva hoje, com certo estresse por parte do mercado. Há quem precifique uma Selic terminal de 13,25%. Como consequência, começamos cada vez mais a sacrificar nossa atividade para o ano, período em que já flertamos com a possibilidade de estagflação.

O primeiro de muitos

Atrasado relativamente ao BC brasileiro, o Federal Reserve começou ontem apenas a subir sua taxa de juros. Em seu encontro na quarta-feira, o Fed sinalizou que aumentaria as taxas de juros nas seis reuniões restantes deste ano (para entre 1,75% e 2% até o final de 2022), depois de aumentar sua taxa de referência de fundos federais em 25 pontos-base pela primeira vez desde 2018.

A probabilidade de outro aumento de 0,25 p.p. na próxima reunião do Fed, em 3 e 4 de maio, agora é de 66% (uma minoria vê um aumento de meio ponto). Por fim, Powell ainda disse que o Fed começará a reduzir o balanço de ativos de quase US$ 9 trilhões no próximo encontro — mais cedo ou mais tarde ele precisava desalavancar a economia, desacostumada com tantos estímulos.

A mensagem foi “hawkish” (contracionista). Contudo, em última análise, tranquilizadora para os investidores, que parecem encorajados pelos comentários do chefe do Fed sobre as perspectivas econômicas — o BC ainda se mostrou confiante com a atividade, apesar das recentes preocupações de que o conflito na Ucrânia e o aperto monetário combinados pudessem levar a economia a uma recessão.

Os investidores também estão cientes de que o início de um aperto do Fed não é necessariamente ruim para as ações. Houve cinco ciclos de aumento de taxa desde 1990. Neles, os principais índices de ações encerraram positivamente o período de 12 meses após o primeiro aumento de taxa em 80% das vezes. O ciclo continua neste ano e ainda estão previstos mais três aumentos para o ano que vem.

Sem calote, pelo menos por enquanto

Os mercados têm reagido positivamente ao progresso nas negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia. Apesar disso, o status quo anterior à guerra não pode ser restaurado, uma vez que a Ucrânia precisa se reconstruir e as sanções contra a Rússia devem perdurar. Por falar em sanções, um evento na quarta-feira chamou a atenção.

Ontem, a Rússia esteve à beira de não cumprir as obrigações da dívida externa pela primeira vez desde 1918. Isso porque metade das reservas estrangeiras do país (cerca de US$ 315 bilhões) foram congeladas pelas sanções ocidentais impostas após a invasão da Ucrânia. Como resultado, Moscou ameaçou pagar os credores de “países hostis” em rublos até que as sanções sejam suspensas.

As agências de classificação de crédito provavelmente considerariam a Rússia como inadimplente se Moscou deixasse de pagar ou pagasse as dívidas emitidas em dólares ou euros com outras moedas, como o rublo ou o yuan chinês. Um calote poderia expulsar os poucos investidores estrangeiros restantes da Rússia e isolar ainda mais a economia em ruínas do país.

Segundo o governo russo, porém, o país ordenou que os US$ 117 milhões em pagamentos de juros que devia na quarta-feira fossem enviados aos investidores, tentando evitar seu primeiro default internacional em mais de um século. Ainda assim, esse foi o primeiro de muitos vencimentos. Caso a situação continue, um calote não é improvável, diante da continuidade da guerra e das sanções.

Anote aí!

No Brasil, temos continuidade da temporada de resultados corporativos, enquanto esperamos a divulgação do IBC-Br (prévia do PIB) de janeiro. Enquanto isso, em Brasília, há sessão do Congresso para analisar vetos presidenciais e o Ministério da Economia divulga novos parâmetros macroeconômicos.

No exterior, temos reunião de política monetária na Inglaterra (o BC de lá deverá seguir o Fed com mais um aumento de taxa) e falas de autoridades monetárias da Zona do Euro, que também digere dados de inflação. Nos EUA, o Departamento do Trabalho relata pedidos iniciais de auxílio-desemprego da semana encerrada em 12 de março.

Muda o que na minha vida?

Nas últimas semanas, o mercado parece não ter dado a devida atenção ao mercado de exploração espacial. Em uma atualização recente sobre a nave Starship, uma espaçonave totalmente reutilizável que Elon Musk chamou de “o Santo Graal da tecnologia espacial”, a Space X indicou que poderá reduzir os custos de lançamento para menos de US$ 10 milhões em dois a três anos (a empresa cobra US$ 60 milhões a US$ 65 milhões por lançamento atualmente).

Espera-se que a Starship seja um cavalo de batalha para a indústria espacial. A Nasa, por exemplo, quer usá-la para levar astronautas à Lua em 2025, e Musk quer usá-la para colonizar Marte. O movimento, contudo, apesar de muito relevante para a indústria, não foi o único que chamou a atenção.

A Virgin Galactic também esteve sob os holofotes depois de aberta a venda de passagens ao grande público pela primeira vez, o que aproximará a empresa da comercialização de voos espaciais. A companhia pretende ter seus primeiros 1.000 clientes a bordo no início do serviço comercial ainda este ano, o que é considerável à medida que a empresa inicia operações regulares e aumenta sua frota (reservas de voos espaciais terão um preço de US$ 450 mil).

Notadamente, há demanda para a indústria espacial. Nos próximos anos, devemos ver o amadurecimento deste mercado, ao passo que as tecnologias se barateiam e nos vemos diante de um contexto cada vez mais futurista. Se formos fugir dos atuais ruídos de curto prazo, precisamos pensar mais à frente, ignorando a volatilidade presente.

Um abraço,

Jojo Wachsmann