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Pré-Mercado: Um dia de recuperação está despontando

07 abr 2022, 8:31 - atualizado em 07 abr 2022, 8:31
Qualquer movimento brusco dos bancos centrais, por menor que seja, gerará ruído | Os Caçadores da Arca Perdida (1981)

Bom dia, pessoal!

Lá fora, as ações asiáticas registraram recuo nesta quinta-feira (7), depois que Wall Street caiu ontem com os detalhes da última reunião do Federal Reserve, no mês passado, que mostraram que o banco central planeja ser agressivo no combate à inflação. Por outro lado, enquanto na Ásia os investidores ainda reagiam ao pregão de quarta-feira no Ocidente, na Europa as coisas já tinham outra cara.

Amanhecemos hoje com os mercados europeus buscando uma recuperação depois do sell-off de ontem, ainda que em alguns casos tal recuperação seja mais tímida. O mesmo pode ser verificado nos futuros americanos, indicando um rebound hoje, pelo menos por enquanto. Ainda assim, de pano de fundo, os comentários do Fed aumentam o desconforto com a guerra na Ucrânia e surtos de coronavírus na China.

A ver…

O novo presidente da Petrobras e a bandeira verde

Ontem à noite, o governo indicou o nome de José Mauro Ferreira Coelho como novo presidente da Petrobras. O nome é lido como o de um técnico na área de óleo e gás, com muitos anos de experiência trabalhando com energia. A mensagem deve ser recebida de maneira positiva pelo mercado, que já está cansado de tanta incerteza.

Além disso, o Ministério de Minas e Energia, depois de muita pressão do Palácio do Planalto, acentuada após a confusão com a nomeação para a Petrobras, finalmente antecipou que a bandeira verde das tarifas de energia elétrica volta no dia 16 de abril. A notícia é muito positiva para a inflação, devendo ser um fator desinflacionário.

Por fim, após reunião em Brasília, os partidos União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania indicaram que vão se unir por uma terceira via. As siglas deverão apresentar um único nome para disputar as eleições de 2022, que deverá ser apresentado no dia 18 de maio. Por enquanto, Lula e Bolsonaro são os favoritos para disputar o segundo turno.

Digerindo a ata do Fed

Nos EUA, a ata da reunião do Federal Reserve de três semanas atrás mostrou que os formuladores de políticas monetárias da autoridade americana concordaram em começar a cortar o balanço da instituição (o seu gigantesco estoque de títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipotecas) em cerca de US$ 95 bilhões por mês, a partir de maio. Isso é mais do que muitos investidores esperavam e quase o dobro do ritmo da última vez que o Fed encolheu seu balanço.

O documento também expôs o dilema da inflação de preços versus deflação do crescimento, sendo que a perspectiva de aumento de 0,5% na taxa foi mantida. Hoje, o mercado precifica uma probabilidade de quase 77% de que o Fed aumente sua principal taxa em meio ponto percentual em sua próxima reunião em maio. Isso é o dobro do valor usual e algo não realizado desde 2000 (subir 50 pontos-base em vez de 25). Na verdade, a ata mostrou que muitos membros já queriam ter feito isso antes.

Assim, o rendimento de referência do título de 10 anos subiu para 2,61%, o maior desde março de 2019. Consequentemente, diversas ações no mundo inteiro encerraram o pregão de ontem em queda. Isso ocorre porque taxas mais altas tendem a reduzir a relação preço/lucro das ações, um importante indicador de avaliação. Tal cenário, que deve continuar nos próximos meses, pode prejudicar particularmente as ações que são vistas como as mais caras e de crescimento.

Confirmando o Fed e novas sanções

Qualquer movimento brusco por parte dos bancos centrais poderá reverberar de maneira mais acentuada nos mercados. A disposição das grandes autoridades monetárias por uma política monetária mais dura deverá ser confirmada hoje pela ata do Banco Central Europeu (BCE), após o Fed tornar mais agressivo seu tom ontem (como já vinha fazendo há algumas semanas por meio das falas de seus membros). 

O BCE também deverá se concentrar na inflação de preços versus deflação do crescimento. O debate europeu é que os governos fazem o suficiente para mitigar os aumentos de preços exógenos. Claro que isso poderá gerar repercussões políticas em diferentes pontos do mundo. Contudo, considerando que novas sanções continuam vindo sobre a Rússia, gargalos nas cadeias de suprimentos devem permanecer, pressionando ainda mais os preços nos próximos meses.

Anote aí!

Por aqui, contamos com a divulgação de pesquisas para presidente e para os governos de São Paulo e Rio de Janeiro. Enquanto isso, em Brasília, o Tribunal de Contas da União promove debate com especialistas sobre a modelagem da venda da Eletrobras. Falas de Paulo Guedes e de Roberto Campos Neto são aguardadas ao longo do dia. Na agenda econômica, o IBGE divulga levantamento da produção agrícola em março.

Lá fora, nos EUA, contamos com os famosos pedidos iniciais de seguro-desemprego, enquanto esperamos pelas falas de autoridades monetárias, como o presidente do Federal Reserve Bank de St. Louis, James Bullard (mais contracionista), e a secretária do Tesouro, Janet Yellen. Os dados de crédito ao consumidor de fevereiro também são aguardados. Por fim, na Europa, temos dados de vendas no varejo e, mais importante, a divulgação da ata do BCE sobre seu último encontro.

Muda o que na minha vida?

Como temos visto na China e em algumas outras localidades, notadamente na Europa e nos EUA, a subvariante BA.2 da ômicron é mais contagiosa e poderá causar aumento nos casos de maneira ainda mais pronunciada. O Dr. Anthony Fauci, principal consultor médico da Casa Branca, disse que a subvariante provavelmente causará um aumento nos casos nos EUA e pode se tornar a variante dominante.

Contudo, as infecções por BA.2 não parecem ser mais graves do que as da ômicron original, nem evitam as respostas imunes de vacinas ou infecções anteriores. Vários países europeus estão relatando uma nova onda de casos depois de relaxar as restrições em meio ao declínio da imunidade à vacina. O problema será caso isso leve ao que temos visto na China, que voltou a realizar lockdowns por meio de sua política de “Zero Covid”, mais radical que a abordagem ocidental.

No Brasil, pelo menos, mais de 160 milhões de pessoas estão 100% vacinadas, completando uma imunização por duas doses em 75% da população (quase 40% já tomaram a dose de reforço) — percentualmente, estamos bem melhor do que os EUA, que têm menos de 70% da população com duas doses. Com isso, restrições mais rígidas novamente se tornam improváveis, o que é positivo.

Um abraço,

Jojo Wachsmann

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