Pré-mercado: tirando o bode da sala
Bom dia, pessoal!
As ações asiáticas tiveram uma boa terça-feira (24), com as Bolsas mais relevantes repetindo o movimento de ontem (23) e recuperando terreno perdido com os ruídos derivados do risco regulatório e da variante delta.
A alta, por sua vez, também foi impulsionada pela sequência de altas em Wall Street, que segue entregando bons resultados embora o ímpeto tenha começado a diminuir devido às preocupações com as consequências econômicas do aumento das infecções por coronavírus na região.
Em dia de agenda esvaziada, não conseguimos ver o mesmo bom humor asiático na performance das Bolsas europeias nesta manhã, pelo menos não por enquanto. Os futuros dos EUA, contudo, permanecem em otimismo, com bons resultados até agora.
Será que agora vai?
Desde que colocaram o bode na sala, vulgo reforma do IR, os ativos de risco brasileiros sofreram. Depois de se tornar uma colcha de retalhos e não dar certeza para o mercado se mais ajudava do que atrapalhava, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, tentará votar o projeto mais uma vez hoje – antes disso, a autoridade ainda fala em evento na parte da manhã, quando poderá abrir um pouco de sua estratégia para pautar novamente a questão.
Outro problema é que o Senado não tem mais interesse em aprovar o que foi norteado pela Câmara, indicando que uma reforma que mais complica do que simplifica não é reforma.
Pelo menos, Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, ainda indica apoio para uma reforma mais ampla.
Não custa lembrar que a reforma tributária foi inicialmente fatiada e que outros pontos também estão na esteira para serem votados, não apenas o do IR.
Não é segredo para ninguém que Brasília passa por uma crise político-institucional, principalmente focada entre o Executivo e o Judiciário – Lira chegou a reconhecer que o momento é grave e que, se a tensão não baixar, será obrigado a agir.
Talvez se retirarmos esse bode da sala e conseguirmos apaziguar as relações políticas, dando maior previsibilidade para a aprovação de futuros movimentos até mais importantes, como a reforma administrativa.
Mas, pode não ser tão fácil. Brasília é como a Hidra de Lerna, toda vez que você corta uma cabeça, duas nascem em seu lugar – a diferença é que na capital federal cada cabeça é um problema ou um interesse de um grupo.
E tem vacina vindo aí, gente!
O FDA, a Anvisa dos EUA, concedeu ontem aprovação total para a vacina contra o coronavírus da Pfizer-BioNTech para pessoas com 16 anos ou mais.
Espera-se que o movimento leve mais empresas a tornarem a vacina um requisito entre seus funcionários, além de aumentar a confiança entre os americanos reticentes a tomar a vacina voluntariamente (30% dos adultos não vacinados disseram que haveria maior probabilidade de receber uma vacina assim que ela fosse totalmente aprovada pelo FDA) – a aprovação total requer mais inspeções de instalações e fabricantes de vacinas para fornecer informações de produção mais detalhadas, dando mais segurança à vacina.
Até antes disso, as três vacinas fabricadas nos Estados Unidos, Pfizer, Moderna e J&J, tinham sido autorizadas apenas para uso emergencial, concedido após um ensaio clínico com mais de 40 mil pessoas e um tempo médio de acompanhamento de dois meses.
Para aprovação total, os reguladores fazem o acompanhamento das pessoas que receberam a vacina após seis meses. Agora, a próxima vacina a ser considerada para aprovação total é a Moderna, o que pode acontecer algumas semanas após o sinal verde da Pfizer.
Tais movimentos são vistos como positivos para o longo prazo, indicando a robustez de nossos processos para o combate duradouro contra a Covid-19.
Covid-19 na Ásia
As campanhas de vacinação na Ásia, fora da China continental, têm sido lentas, prejudicando os gastos do consumidor, o turismo, a produção industrial e as exportações.
As pesquisas do PMI de manufatura IHS Markit para julho, por exemplo, mostram condições de negócios em deterioração em países como Indonésia, Malásia, Tailândia e Vietnã.
Os casos de infecções por Covid-19 têm diminuído na Índia e Taiwan, mas aumentado no Japão, Coréia do Sul e Filipinas. Recheada de mercados emergentes, muitos movimentos dos mercados financeiros da Ásia encontram mimetização no Brasil.
Surtos na Ásia-Pacífico levaram a novas medidas de contenção, interrompendo a produção e o comércio em uma região que responde por 37% das exportações globais de mercadorias.
Os centros de manufatura da Ásia-Pacífico são os pontos de acesso atuais para a doença, uma vez que algumas partes da Ásia tiveram distribuição de vacinas mais lenta do que os Estados Unidos e a Europa e correm um risco maior de desenvolver a variante delta, mais contagiosa.
Apesar da recuperação dos últimos dias pelos ativos de risco, a situação ainda é grave e merece atenção dos mercados.
Anote aí!
A agenda está bastante esvaziada hoje, no Brasil e no mundo. Nos EUA, vale acompanhar as vendas de novas residências para julho, com expectativas de uma taxa anual ajustada sazonalmente de 700 mil novas residências vendidas, um aumento de 3,6% em relação a junho.
Por aqui, destaque para a sabatina da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que questionará a nomeação do procurador-geral da República, Augusto Aras.
Além disso, temo IPC-S das Capitais da terceira quadrissemana de agosto e a possibilidade de pautarmos a reforma do IR.
Muda o que na minha vida?
Você já pensou no quão massivo tem sido o suporte monetário na Europa? Bem, eu conto para vocês. O Banco Central Europeu (BCE) comprou mais de € 1,2 trilhão (ou US$ 1,4 trilhão) em títulos desde março de 2020, como parte de seu programa de resposta de emergência a uma pandemia.
Quer ouvir algo mais maluco ainda? Mas mais está a caminho. O banco central continua a abocanhar títulos a uma taxa de € 80 bilhões (algo como US$ 94 bilhões) por mês em nome do alívio da pandemia, com compras totais de € 1,85 trilhão (US$ 2,2 trilhões) autorizadas pelo programa.
Isso além dos cerca de € 20 bilhões (US$ 24 bilhões) por mês em compras de títulos que o BCE está fazendo sob um programa de estímulo separado que foi iniciado em 2014, denominado Programa de Compra de Ativos – isso mesmo, tem dois programas.
Mais recentemente ainda, o BCE anunciou que havia abandonado sua velha política de metas de inflação “abaixo, mas perto de, 2%”, uma meta que muitos investidores e economistas acharam vaga e confusa.
Em vez disso, o BCE buscará uma inflação de 2% no médio prazo e as autoridades terão espaço para ultrapassar a meta, se necessário. Em outras palavras, o BCE não reagirá à inflação de mais de 2% aumentando imediatamente as taxas de juros. E isso significa mais estímulo por mais tempo, enquanto a economia se recupera.
De todos os bancos centrais de países desenvolvidos, o BCE compete com o Banco do Japão pela posição de quem tem a política mais frouxa.
O problema será para desarmar essa bomba com um aperto monetário. Movimentos cedo ou tarde demais, feitos em velocidade acelerada ou lenta demais, podem ter repercussões negativas não só na Europa, mas no mundo inteiro.
Fique de olho!
Semana da Renda Fixa: Dia 2
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- Antes de realizar o investimento, leia o regulamento completo do produto, bem como todas as suas condições de contratação.
- Certifique-se dos riscos e que a solução oferecida está alinhada com o seu perfil de investimento.
- Garantia fornecida pelo FGC se limita a R$250 mil por CPF.
- Os riscos da operação com títulos de renda fixa estão na capacidade de o emissor honrar a dívida (risco de crédito); na impossibilidade de venda do título ou na ausência de investidores interessados em adquiri-lo (risco de liquidez); e na possibilidade de variação da taxa de juros e dos indexadores (risco de mercado).
Um abraço,
Jojo Wachsmann