Colunista Vitreo

Pré-Mercado: Sobe e desce às vésperas do Natal

22 dez 2021, 8:51 - atualizado em 22 dez 2021, 9:02
Quais enfeites o Orçamento aprovado consegue comprar? | Enquanto Você Dormia (1995)

Oportunidades do dia

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Bom dia, pessoal!

Os mercados asiáticos refletiram o bom humor de ontem no Ocidente e tiveram um pregão de alta nesta quarta-feira (22), acompanhando a recuperação de Wall Street e da Europa. O tom de otimismo tem derivado, entre outras coisas, da fala do presidente americano, Joe Biden, que tranquilizou os investidores ao não estabelecer restrições mais severas em resposta à variante ômicron.

Os mercados europeus têm nesta manhã um desempenho misto entre suas principais Bolsas. O mesmo não pode ser dito dos futuros de Nova York, que amanhecem em queda, na expectativa dos dados econômicos de hoje. O Brasil, por sua vez, tem chance de descolar-se dessa falta de clareza global entre altas e quedas, ponderando a aprovação do Orçamento para 2022 no Congresso.

A ver…

  • Finalmente, aprovamos o Orçamento

Com o Congresso de férias, o Brasil é feliz. Chegamos ao penúltimo pregão antes do Natal com um presente antecipado: depois de aprovado na Comissão Mista de Orçamento (CMO), o relatório do deputado Hugo Leal (PSD-RJ) ao Projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) sobre o Orçamento de 2022 foi votado e passou pelo Congresso, seguindo agora para a sanção.

Entre alguns pontos-chaves destacam-se: R$ 4,9 bilhões para o fundo eleitoral, R$ 16,5 bilhões para as chamadas “emendas de relator, R$ 44 bilhões em investimentos e R$ 1,74 bilhão para reajuste e reestruturação de cargos de policiais federais. O Orçamento, vale destacar, não foi positivo como poderia ter sido, mas pelo menos tiramos este problema do radar ainda em 2021.

Agora, o Congresso já começa os preparativos para o recesso sem ter conseguido que a Câmara dos Deputados aprovasse o Programa Especial de Regularização Tributária (PERT), o novo Refis. Apesar de problemático e de ter impacto sobre a classe de empresários, as discussões relevantes ganham cada vez mais os contornos eleitorais para 2022.

  • Wall Street na expectativa

Os índices de ações recuperaram ontem as perdas de segunda-feira (20), quebrando um declínio de três pregões. As teses de reabertura voltaram à moda hoje, com o temor da ômicron parcialmente diluído.

A nova variante está impulsionando a contagem diária de novos casos para recordes em algumas regiões dos EUA, mas, como bem lembrou o presidente Joe Biden na tarde de terça-feira, não estamos mais em março de 2020; isto é, as restrições severas são altamente improváveis.

Para hoje, o mercado anseia por dois indicadores. O primeiro deles é o índice de confiança do consumidor para dezembro, com expectativas para uma leitura 15% menor do que o pico pós-pandêmico alcançado em junho deste ano.

Além dessa medida de sentimento econômico, investidores também acompanham o relatório com a terceira estimativa para o PIB do terceiro trimestre dos EUA, com os economistas prevendo uma taxa de crescimento anual de 2,1% ajustada sazonalmente, inalterada em relação à segunda estimativa.

  • Acalmando os humores

Muitos temiam que as fortes medidas contra a ômicron vistas na Europa pudessem ressurgir nos EUA, mas o país não está tendendo nessa direção (pelo menos no nível federal). Em pronunciamento ontem, Joe Biden tranquilizou os mercados, distanciando a ideia de que novas restrições severas seriam impostas agora na virada do ano, fato que, caso ocorresse, poderia prejudicar ainda mais as perspectivas para o crescimento.

Além de delinear os benefícios de ser vacinado – segundo a Casa Branca, você tem 14 vezes mais probabilidade de morrer de Covid se não tiver sido vacinado – e incentivar que os americanos tomem a vacina, o presidente indicou que fornecerá 500 milhões de kits de teste rápido gratuitos e aumentará os esforços de vacinação, disponibilizando mil médicos e enfermeiros militares, que serão enviados para hospitais em todo o país.

O movimento é díspar do que outros governos na Ásia e na Europa indicaram ao endurecerem os controles de viagens ou adiarem os planos de relaxar as restrições já em vigor.

As medidas de combate mostram que estamos em uma outra etapa de enfrentamento à pandemia, já no processo de transição para transformá-la em algo endêmico. Em sendo o caso, 2022 seria o ano da normalização, depois da grande transição de 2021. De maneira positiva, isso deveria se ver refletido nos ativos de risco globais.

  • Anote aí!

Depois de bons dados de arrecadação ontem (21), a agenda econômica no Brasil é mais parada, com exceção do índice de confiança dos consumidores e dados de setor externo, que devem apresentar um déficit em conta corrente no mês de novembro da ordem US$ 6,75 bilhões. O Relatório Mensal da Dívida Pública também está marcado para ser apresentado hoje pelo Tesouro Nacional.

 Lá fora, as informações sobre o PIB do Reino Unido e dos EUA são destaque, como comentamos acima, com a inflação do PCE no terceiro trimestre também a ser apresentada – o PCE é o indicador favorito do Fed para mensurar inflação, pois já captura eventuais mudanças no padrão de consumo ao avaliar o gasto do consumidor per se. Fora isso, ainda na agenda internacional, nos EUA, as vendas de casas existentes para novembro são relevantes.

  • Muda o que na minha vida?

Nos EUA, o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer (Democrata – NY), indicou que o pacote de gastos “Build Back Better” de educação, saúde e clima de Biden, apesar de estar potencialmente paralisado com o “não” do senador da Virgínia Ocidental, Joe Manchin, poderá ser retomado no início do ano que vem. Ainda que a proposta não contemple o valor inicial de US$ 1,7 trilhão, os democratas esperam convencer Manchin de pelo menos algo como US$ 1 trilhão.

Não faltam piadas. De mais de US$ 3 trilhões para US$ 1,7 trilhão e agora apenas US$ 1 trilhão. “Build Back Better” se transformou em “Build Back Smaller”. Fruto disso, algumas revisões para o crescimento dos EUA já foram indicadas. O Goldman Sachs, por exemplo, cortou suas projeções para o crescimento do produto interno bruto dos EUA em 2022, de 3% anteriormente para 2% no primeiro trimestre e para 2,75% nos trimestres subsequentes.

Reformular o texto do projeto de lei também coloca em jogo as propostas de sobretaxar em 5% a renda individual acima de US$ 10 milhões, do limite de US$ 80 mil nas deduções fiscais estaduais e locais e do imposto mínimo de 15% sobre empresas com renda anual acima de US$ 1 bilhão, além da disponibilização de US$ 79 bilhões para impulsionar os esforços de fiscalização da Internal Revenue Service (IRS, ou a Receita Federal americana).

Três desdobramentos práticos para o resto do mundo:

  1. Menor crescimento nos EUA pode indicar potencialmente menor pujança de desenvolvimento econômico global, inclusive para o Brasil, que já enfrenta ameaças de estagflação para 2022;
  2. Depois de tantos comprometimentos junto ao Acordo de Paris e a COP26, os gastos adicionais eram fundamentais para bater as metas de descarbonização até 2030 – sem eles, os EUA precisarão de alternativas para alcançar os objetivos traçados, o que pode alterar também os planos de muitos países na mesma toada que têm as medidas americanas como referência; e
  3. Na recapitulação pós-pandêmica, em meio aos ruídos de muita desigualdade no mundo e imposto mínimo global, a reprovação potencial das novas taxas pode sinalizar uma desaceleração na agenda que elevaria provavelmente os impostos na década, depois de anos de queda dos mesmos em nível global.

Um abraço,
Jojo Wachsmann