Colunista Vitreo

Pré-mercado: Sexta-feira de sensibilidade com a política monetária

03 set 2021, 8:27 - atualizado em 03 set 2021, 8:27
Quem conseguiu emprego em agosto via entrevista virtual? / Os Estagiários (2013)

Bom dia, pessoal!

Depois de S&P 500 e Nasdaq subirem para novos recordes no fechamento ontem (2), com os investidores prendendo a respiração antes dos números de emprego de agosto, uma maior cautela é verificada nos mercados internacionais.

Na Ásia, as performances foram mistas, com mais uma bateria de dados, desta vez os de serviços, mostrando contração na economia chinesa.

A Europa, igualmente preocupada com a entrega do payroll americano hoje (3), tem uma manhã predominantemente negativa, uma vez que as apostas para o tapering nos EUA poderão balizar a tomada de decisão no velho continente.

Os futuros de Wall Street, por sua vez, seguem subindo, como se não houvesse amanhã – pedidos de auxílio desemprego apresentados na quinta-feira deram otimismo aos mercados globais ao superar as expectativas e alcançar o patamar mais baixo desde o início da pandemia.

Um dado forte hoje pode afetar o dólar, depreciando a moeda americana se decepcionar e vice-versa. Enquanto isso, no Brasil, investidores entram na sexta-feira em modo ressaca, depois de voltarmos para os 116 mil pontos ao digerirmos a reforma do Imposto de Renda.

A ver…

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Processando as informações lentamente

O dia de hoje será marcado por uma bateria de eventos virtuais com as autoridades de peso, buscando mais visões sobre o texto que foi aprovado na Câmara e agora segue para o Senado – começamos com Roberto Campos Neto, seguindo para Henrique Meirelles e Ilan Goldfajn.

A votação do projeto se deu na noite de quarta-feira (1º), mas os destaques ficaram para ontem (2), agitando o mercado, que penou para entender o que foi aprovado.

Apenas um destaque passou, que reduziu o Imposto de Renda sobre lucros e dividendos de 20% para 15%. Muitas mudanças ocorreram desde aquele projeto enviado pelo governo – antes era previsto um aumento de arrecadação da ordem de R$ 12,3 bilhões e agora a expectativa é de uma perda de R$ 41,3 bilhões pelo texto aprovado.

A péssima perspectiva fiscal não teve outro resultado a não ser a depreciação do Brasil.

Para piorar, ruídos envolvendo a saída do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de seu cargo, que foi logo desmentida por ele mesmo, e dados fracos da economia só ajudaram no mau humor dos mercados. Fica já no ar o problema da crise hídrica, sobre o qual já conversamos em outro Transparência Radical.

Estamos vivendo hoje a maior seca que o Brasil já passou, o que reflete na capacidade das nossas usinas hidrelétricas.

O Ministério de Minas e Energia estima que a escassez hídrica deve gerar um custo extra de R$ 13,8 bilhões.

Tudo isso, sem nem falar da inflação, piora a perspectiva fiscal e aumenta a percepção de risco local.

Quem conseguiu emprego aí?

O mercado de trabalho americano está se recuperando e a variante Delta começou a aparecer nesta semana em alguns relatórios de empregos.

O dado de hoje será fundamental para o Federal Reserve balizar sua tomada de decisão sobre a redução de seu plano de estímulo de emergência, iniciado em março de 2020, quando enviou as taxas a zero e comprou bilhões de dólares em ativos para sustentar a economia.

Embora os Estados Unidos tenham saído oficialmente de sua recessão em abril de 2020, o banco central ainda não diminuiu o gás com medo de assustar os mercados e prejudicar a recuperação ainda frágil dos EUA.

Com a recuperação chegando e a inflação tão elevada, a economia provavelmente não precisa mais de todo o suporte extra das compras mensais do Fed.

Ao tirar o pé do acelerador, o banco central também evitaria o superaquecimento da economia, ainda que estreitar e reduzir o enorme balanço do Fed levará algum tempo – analistas preveem uma redução de US$ 15 bilhões por reunião.

Para o dado de hoje, a previsão é de adição de cerca de 781,5 mil vagas em agosto, na mediana, uma desaceleração frente às 943 mil de julho, em grande parte com conta da variante Delta – as previsões variam de cerca de 400 mil a 1 milhão, embora a maioria esteja entre 600 mil e 850 mil.

Um mês de contratação mais fraco do que o esperado levantaria as preocupações sobre o impacto da variante Delta e o momentum econômico potencialmente enfraquecido.

Isso seria um sinal negativo para o mercado de ações e poderia prejudicar os mercados, ao mesmo tempo que dados fracos também reforçam a perspectiva de um Fed estimulativo, o que seria bom para as ações de growth (crescimento), principalmente.

Um relatório de emprego muito mais forte do que o esperado pode levar funcionários hesitantes do Federal Reserve a começar a reduzir o estímulo da política monetária mais cedo ou mais tarde.

A redução da compra mensal de títulos pode começar no final deste ano, em vez de no início do próximo ano. Isso pode levar a uma alta nos rendimentos do Tesouro e derrubar as ações de suas máximas históricas.

Europa e China dovish

O receio de que os bancos centrais apertem sua política monetária prematuramente, restringindo o crescimento, tem contribuído para a volatilidade.

As ações e declarações recentes dos bancos centrais, porém, sugeriram que esses temores são exagerados e que os formuladores de políticas continuam comprometidos com o apoio ao crescimento.

Recentemente, por exemplo, o Banco Central Europeu (BCE) reforçou sua orientação futura para os mercados, prometendo manter as taxas negativas para combater a inflação persistentemente baixa.

A presidente Christine Lagarde disse que é totalmente prematuro discutir a redução do programa de compra de títulos emergenciais de pandemia de 1,85 trilhão de euros.

Isso segue o anúncio pelo Banco do Povo da China de que cortaria seu índice de reservas obrigatórias para quase todos os bancos chineses em 50 pontos-base, o primeiro afrouxamento de base ampla desde janeiro de 2020.

Esse movimento apoia o entendimento de que Pequim está adotando uma postura mais pró-crescimento em meio a uma recuperação desigual, assim como na Europa.

Anote aí!

O dia começou com dados de vendas no varejo e índice de gerentes de compras (PMIs) decepcionantes na Zona do Euro, o que justifica a queda nas Bolsas por lá – o varejo, em especial, teve uma queda de 2,3% em julho, não antecipada pelo mercado.

Nos EUA, o destaque é o dado de payroll, como já falamos, mas ainda temos também a divulgação do Índice de Gerentes de Compras (PMIs) de Serviços para agosto – a chamada de consenso é para uma leitura de 59,5, menor do que o recorde de 64,1 de julho, mas este indicador tem frustrado ao redor do mundo pode ter surpresa negativa aqui.

A agenda brasileira está esvaziada, mas temos PMI por aqui também, além de esperar algum rebound depois do sell-off de ontem.

Muda o que na minha vida?

O S&P 500 segue acima de 4.500, apesar de alguns dados decepcionantes nos EUA e um aumento contínuo nas infecções de Covid-19.

Acredita-se que o ímpeto em direção à reabertura e recuperação está intacto e deveremos continuar vendo alta para as ações dos EUA.

O motivo?

Bem, em grande parte a recuperação do S&P é sustentada por um crescimento robusto dos lucros.

Mais de 85% das empresas que reportaram resultados no segundo trimestre superaram as estimativas de lucros e vendas, e os resultados agora superaram as expectativas por cinco trimestres consecutivos.

Os lucros corporativos agregados aumentaram quase 90% em relação aos níveis do ano anterior e agora estão quase 30% mais altos do que os níveis pré-pandêmicos.

Apesar das preocupações com o aumento dos custos (mais inflação), o crescimento da receita tem sido tão robusto que ela é esmagadora sobre as pressões de custo.

De fato, as margens de lucro do S&P 500 atingiram uma alta em várias décadas no trimestre, perto de 14%.

Para o futuro, entende-se que as pressões de custo para as empresas devem diminuir à medida que a oferta começa a aumentar.

Finalmente, os balanços dos consumidores estão em seu ponto mais forte em décadas devido ao aumento significativo na poupança das famílias no ano passado, enquanto no lado da produção, os varejistas continuarão a repor os estoques para acompanhar a demanda.

Isso ainda indica força para os próximos três meses do final do ano para as ações gringas.

Fique de olho!

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Certifique-se dos riscos e se o investimento faz sentido para o seu perfil antes de investir.

Os riscos da operação com títulos de renda fixa estão na capacidade de o emissor honrar a dívida (risco de crédito); na impossibilidade de venda do título ou na ausência de investidores interessados em adquiri-lo (risco de liquidez); e na possibilidade de variação da taxa de juros e dos indexadores (risco de mercado).

Um abraço,

Jojo Wachsmann