Colunista Vitreo

Pré-mercado: Sexta-feira da maldade — preparando-se para maio

30 abr 2021, 8:42 - atualizado em 30 abr 2021, 8:42
Encerrando o mês de abril com estilo / Coringa (2019)

Bom dia, pessoal!

Hoje, encerramos o primeiro mês do segundo trimestre de 2021.

Bastante coisa aconteceu em abril e o último dia do mês não poderia ser diferente, com a agenda bastante lotada, assim como foi durante toda a semana. Os resultados corporativos dos últimos dias, em especial os das Big Techs, como Amazon e Twitter, repercutirão ao longo desta sexta-feira (30).

Abril serviu para melhor sustentarmos um ambiente de grande otimismo com a economia. O Brasil, porém, insiste em seguir sua própria dinâmica, muito pautado pelas indicações de Brasília.

A Europa abre em cautela para o encerramento do mês, acompanhada pelos futuros de Wall Street, que caem nesta manhã. A ver…

O mito do incrível superávit extraordinário

O mercado foi surpreendido pelo superávit de R$ 2,1 bilhões em março, bem melhor do que a mediana das expectativas que apontava para um déficit de R$ 5 bilhões – com o resultado, registramos o melhor mês de março desde 2014.

O número bastante extraordinário, contudo, não muda a lógica fiscal nefasta na qual o país se encontra; logo, não deveremos ter nos próximos meses uma repetição deste fenômeno, ainda dependendo da retomada da agenda de Paulo Guedes (Economia) para ajustar a casa.

Em meio à crise sanitária, que já ceifou mais de 400 mil vidas no Brasil, o mercado acompanha os desdobramentos do julgamento do STF e a continuidade da CPI da Covid.

Além disso, o noticiário corporativo movimenta a B3, que conta com o leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), às 14h, e o resto da temporada de resultados.

Para esta sexta-feira, como estamos em final de mês, aguardamos a definição da Ptax, no câmbio, agitar o mercado diante da rolagem dos futuros para junho, movimento que tem afundado o dólar.

Ainda é possível uma tradicional puxeta ao final do pregão. Vale acompanhar.

Revisando os cem primeiros dias de Biden

Ontem (29), depois de Jerome Powell reforçar a força da economia americana na quarta-feira, a divulgação do PIB dos EUA no primeiro trimestre foi basicamente em linha com as expectativas.

A entrega marcou o centésimo dia da gestão Biden, como conversamos ontem.

Vimos grandes mudanças desde o dia da posse, com a entrega do pacote de US$ 1,9 trilhão, mais do que o dobro do pacote de recessão de 2009 – cheques de US$ 1.400 alimentaram uma recuperação nos gastos e aumentaram as expectativas de crescimento econômico.

Contra a pandemia, mais de 230 milhões de doses de vacinas já foram aplicadas nos braços americanos, mais do que dobrando a meta inicialmente traçada, o que ajuda nas perspectivas de normalização econômica.

E agora, qual será o foco? Biden revelou uma proposta de US$ 2,3 trilhões para fazer uma grande reforma na infraestrutura da América, o maior programa federal desde a corrida espacial dos anos 1960 e que poderia impulsionar empresas relacionadas à construção.

Claro, tudo isso tem um preço: aumento relevante de impostos, com a elevação da alíquota de imposto corporativo de 21% para 28% e aumento do imposto de renda sobre os ricos, entre outros. Possivelmente estamos no começo de um grande ciclo para os EUA, com forte expectativa de crescimento para os próximos anos.

Quem aí quer acompanhar o Buffett?

A chamada “Woodstock para Capitalistas” de Warren Buffett será realizada de maneira virtual pelo segundo ano consecutivo devido à pandemia.

Em vez de dezenas de milhares de pessoas migrando para Nebraska, os investidores devem se contentar em sintonizar o webcast sobre a assembleia de acionistas da Berkshire Hathaway no sábado (1º/5).

Espere que Buffett (91 anos) e Charlie Munger (97 anos) falem sobre o retorno do mercado de ações e as principais participações da Berkshire, como Apple, Bank of America e a Coca-Cola, queridinha do Oráculo de Omaha.

Para quem gosta do megainvestidor, vale acompanhar a nossa série de vídeos “O Rally do 4 de Julho”, que tem uma surpresa ligada a essa reunião anual. Caso não tenha se inscrito, é uma série gratuita.

Se já estiver inscrito, você vai receber o link para o terceiro vídeo direto em seu e-mail e no grupo do Telegram.

Anote aí!

Vamos encerrar o mês com a agenda bem cheia, a começar com o exterior, que contará com atividade industrial na China, PIB na zona do euro (primeira leitura) e inflação, tanto na Europa (preliminar) como nos EUA.

Os europeus ainda contam com a divulgação da taxa de desemprego de março – muita coisa no velho continente, como você pode perceber.

Ficando pelos EUA, é importante tomar nota do índice de preços dos gastos com consumo, o PCE (principal indicador avaliado pelo Fed), que provavelmente vem aquecido, com o início do fim das restrições e os cheques de Biden.

Na agenda local, saem o desemprego da Pnad Contínua, a confiança dos serviços de abril, que já deve capturar parte da reabertura brasileira, e o resultado fiscal consolidado do setor público.

O presidente do Banco Central participa da primeira reunião do Conselho de Governadores do Arranjo Contingente de Reservas (CRA, na sigla em inglês) do Brics – semana que vem teremos Copom, então vale a pena acompanhar.

Além disso, temos o prazo final de funcionamento da Comissão Mista da reforma tributária no Congresso e o último dia de validade da redução do PIS e da Cofins para combustíveis.

Muda o que na minha vida?

A Bolsa não para de subir lá fora… Os investidores devem se preocupar com um crash?

Houve um rumor desde o início do ano de que a retomada das Bolsas mimetizava a década de 1920, que não teve um desfecho muito bom, como vocês devem se lembrar (vide a “terça-feira negra” em outubro de 1929, logo no início da Grande Depressão).

Fala-se muito sobre como a combinação de estímulo econômico massivo e vacinas contra a Covid-19 poderia causar um longo boom financeiro.

Os “loucos anos 20” foram um ótimo período para os investidores, mas não terminaram bem, é verdade. Excessos podem ser vistos hoje, assim como na época, mas isso não significa necessariamente que é hora de entrar em pânico e começar a se preparar para o caos.

As condições dos mercados são muito diferentes e, hoje, muitas grandes empresas e consumidores acumularam dinheiro mais recentemente – a taxa de poupança pessoal nos EUA, por exemplo, está oscilando atualmente em pouco menos de 14% frente aos 7,6% do início de 2020.

Esse colchão deve evitar que a economia entre em colapso, mesmo que haja mais volatilidade nas ações.

Adicionalmente, os investidores também esperam que os formuladores de política econômica não façam nada precipitado que coloque em risco a recuperação da economia ou do mercado.

A tendência é que, se houver mudança na política monetária, ela seja feita com gradualismo. Isso acalma os investidores e deixa o cenário otimista para uma recuperação.

Fique de olho!

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Um abraço,

Jojo Wachsmann

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