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Pré-Mercado: Semana mais curta não significa menos emoção

18 abr 2022, 9:48 - atualizado em 18 abr 2022, 9:48
O mercado local fugindo de um feriado para o outro | A Pior Pessoa do Mundo (2021)

Bom dia, pessoal!

Começamos a semana com as ações asiáticas encerrando esta segunda-feira (18) em queda, apesar de os dados da China terem apresentado crescimento econômico acima do esperado — as autoridades, porém, alertaram para “desafios significativos à frente” (a maior cidade e potência econômica da China está sob várias restrições em meio ao pior surto de Covid-19 do país desde o início da pandemia).

Os futuros americanos acompanham o movimento de correção verificado na Ásia, enquanto os mercados europeus não abrem hoje, assim como aconteceu em Hong Kong. Considerando os ruídos fiscais que voltaram a aparecer por aqui, o Brasil pode enveredar por uma dinâmica mais negativa neste início de semana. Depende muito também da nossa temporada de resultados, que começa no dia 20 de abril.

A ver…

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E quem usa greve para emendar feriado?

A semana é reduzida pelo feriado de Tiradentes na quinta-feira (21), que limita o volume de negociações. A menor liquidez, porém, não é sinônimo de tranquilidade neste caso. O primeiro motivo se relaciona com o ambiente fiscal brasileiro, depois que o Executivo começou a passar por pressões adicionais devido ao reajuste salarial (o aumento de 5% para servidores ficou abaixo das expectativas e promete não ser o suficiente para encerrar os movimentos de paralisação no aparato público federal).

Além disso, para hoje está prevista a sessão na Câmara para analisar a medida provisória (MP) que trata do Auxílio Brasil de R$ 400 — mudanças ou extensões desse programa sempre geram estresse sobre a curva de juros. Ainda em Brasília, outros temas se relacionam com a discussão em torno do comando das comissões permanentes das Casas Legislativas, a votação do projeto de lei que trata de criptoativos e a desestatização da Eletrobras, que volta a ser analisada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) — há margem para otimismo, uma vez que o desfecho deve ser positivo.

Por fim, sem muitos indicadores para os próximos dias, o mercado se preocupa com as movimentações do BC brasileiro. Neste tema, hoje contamos com a fala do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, que pode dar mais detalhes sobre seus últimos comentários sobre “reanalisar o cenário” — o mercado ainda tenta entender se a Selic terminal será de 12,75% ao ano ou se vai além disso.

Semana de resultados pegando fogo

Nos EUA, o mercado volta a acompanhar a temporada de resultados americanos do primeiro trimestre depois de um início misto, com bancos dando sinais marginalmente ainda positivos de maneira geral, mas gerando estresse sobre as perspectivas futuras.

Para a semana, esperamos nomes como Johnson and Johnson, IBM, Bank of America, Procter & Gamble, Dow Inc., American Express e Verizon Communications. Note aqui que serão muito importantes para os nomes mencionados eventuais comentários sobre a inflação e a capacidade de repasse de preço para o consumidor, especialmente para os casos da J&J e da P&G, que possuem infinitos produtos.

Finalmente, apesar da grande quantidade de resultados corporativos, os investidores ainda acompanham as pressões no interior do índice Nasdaq. Não só pela questão inflacionária, que se relaciona com o aperto monetário, mas agora por conta da incansável busca de Elon Musk pelo controle do Twitter, que ainda pode voltar a ser a principal notícia da semana, com novas reviravoltas antecipadas após a “pílula de veneno” usada pelo Twitter, de modo a evitar a compra hostil de Musk.

Quanto custa para encher o tanque?

Nos EUA, depois que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) levantou preocupações com o fornecimento de petróleo, o presidente Joe Biden se apoia no etanol como solução para os preços elevados. Isso porque os democratas querem impulsionar o etanol como solução para reduzir ao menos marginalmente os preços elevados na bomba de gasolina. 

A ideia aqui é diminuir o preço de um galão de gasolina em pelo menos 10 centavos com sua proposta de etanol, bem como reduzir a dependência dos EUA de energia estrangeira. Assim, a Agência de Proteção Ambiental permitirá que uma mistura com maior teor de etanol seja vendida entre 1º de junho e 15 de setembro. 

Há espaço aqui para mais otimismo, portanto, com o ambiente agrícola, inclusive para o Brasil, que tem expertise no mercado de etanol e possui players que poderiam se beneficiar desse movimento americano. Ainda assim, todo mundo terá que conviver com preços elevados de combustíveis, dado que a medida, apesar de boa, é bem limitada, como nós brasileiros bem sabemos.

Anote aí!

Lá fora, o calendário econômico da semana nos EUA se volta para o tema de habitação com a pesquisa da National Association of Home Builders e a atualização das vendas de casas existentes. Há também a pesquisa de fabricação do Fed da Filadélfia e as últimas impressões do PMI. Hoje, especificamente, contamos com resultados corporativos, o relatório de panorama econômico global do FMI e o índice de confiança das construtoras.

Aqui no Brasil, tempos o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participando do painel “Money at a Crossroad: Public or private digital money?”, promovido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), enquanto também esperamos pela participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, em reuniões de ministros de finanças no G20, no FMI e no Banco Mundial nos próximos dias. Hoje, o Ministério da Economia detalha o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2023.

Muda o que na minha vida?

Apesar de a China ter reportado um crescimento melhor do que o esperado, o maior risco para a economia global hoje ainda deriva do gigante asiático. Afinal, quase 400 milhões de pessoas em 45 cidades chinesas diferentes estão sob lockdown total ou parcial como parte da rígida política de “zero Covid” do governo chinês.

Ao todo, as áreas sob restrições representam 40%, ou US$ 7,2 trilhões, do produto interno bruto anual da segunda maior economia do mundo. Dessa forma, é possível que os investidores não estejam avaliando adequadamente a gravidade das consequências econômicas globais dessas ordens de isolamento social prolongado.

O mais alarmante é o lockdown indefinido em Xangai, uma cidade de 25 milhões de habitantes e um dos principais centros financeiro, de fabricação e exportação da China. Lembre-se de que as quarentenas levaram a outras crises, como de escassez de alimentos, por exemplo. Se o lockdown continuar por mais tempo, poderemos sentir seus efeitos econômicos no Brasil e no mundo nos próximos trimestres.

Um abraço,

Jojo Wachsmann