Colunista Vitreo

Pré-Mercado: Semana de agitos internacionais, para variar

28 mar 2022, 9:10 - atualizado em 28 mar 2022, 9:10
BC já dirigiu o carro dos juros o suficiente Drive My Car (2021)

Oportunidades do dia

É hoje!

Vai começar a Semana de Fundos Vitreo. Daqui a pouco, às 9h, o Painel Renda Variável vai reunir João Braga (Encore), Werner Roger (Trígono) e Henrique Bredda (Alaska) para uma conversa com Rodolfo Amstalden (Empiricus).

Fique ligado no seu e-mail que em breve enviaremos o link da transmissão.

Bom dia, pessoal!

A semana será de muitos ruídos, contando até mesmo com a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que poderá nos fornecer novas diretrizes para o mercado de óleo e gás.

O grupo deverá manter os planos de produção atuais, mesmo com os preços do petróleo sendo negociados no maior patamar em 14 anos e com a Agência Internacional de Energia (AIE) alertando sobre o impacto da perda de petróleo russo.

Lá fora, as ações asiáticas tiveram uma segunda-feira (28) mista, sem direção uníssona, diante das preocupações com a pandemia, a inflação e a guerra na Ucrânia pesando sobre o sentimento do mercado.

As Bolsas europeias, por outro lado, têm uma boa manhã neste início de semana, mas não são acompanhadas, pelo menos por enquanto, pelos futuros americanos, mais estressados.

A ver…

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Os próximos dias serão importantes para o quadro político

No Brasil, que tem conquistado vários pregões seguidos de alta, as atenções se voltam para a cena política, uma vez que a semana conta com o fim do prazo de filiações partidárias e desincompatibilização.

Neste ambiente, o presidente Jair Bolsonaro deve realizar uma reforma ministerial (desincompatibilização), enquanto até oito governadores poderão renunciar para concorrer a outro cargo eletivo em outubro.

Enquanto isso, sob a ótica monetária, os investidores digerem a última semana, que contou com ata do Comitê de Política Monetária (Copom), Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e IPCA-15, o qual veio acima do esperado, por sinal.

A ideia aqui é que o Banco Central (BC) parece satisfeito com o patamar a que deverá levar a taxa Selic na próxima reunião, em maio, de 12,75%.

Ainda há a abertura para um ajuste adicional para além dos 13%, mas este é menos provável.

Mais gastos do governo

Nos EUA, a curva de juros se inverteu, o que potencialmente indicaria que uma recessão está por vir.

Em meio a tal dinâmica, o presidente Joe Biden planeja solicitar nesta semana US$ 813 bilhões em gastos com segurança nacional no orçamento federal que enviará ao Congresso — o aumento de 4% em relação ao ano fiscal atual reflete o crescente desafio militar e o desenvolvimento de novos sistemas de defesa caros diante da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Mas não é apenas o assunto de gastos que está no radar.

Nos próximos dias, os investidores devem precificar o relatório de empregos dos EUA para março, que será divulgado na sexta-feira (1º). Por enquanto, o mercado prevê um ganho de 450 mil empregos após a marca de 678 mil do mês passado. A taxa de desemprego deve cair para 3,7%.

Caso venha mais forte do que o esperado, a ideia de que a taxa de juros possa subir mais rápido deverá ganhar força, elevando a chance de uma desaceleração econômica.

Entre Covid e negociações

Na véspera de mais um encontro das delegações russa e ucraniana para discutir um acordo de paz, na Turquia, o governo ucraniano parece cada vez mais propenso a aceitar as demandas de neutralidade da Rússia.

Paralelamente, na Ásia, mais regiões na China têm apresentado alta de casos de Covid-19.

Em Xangai, por exemplo, novas medidas são testadas para conter a doença. Se o resto do país adotar restrições mais duras, como as de 2020, o que parece ser improvável neste momento, aumentará o número de revisões negativas para o crescimento chinês e, consequentemente, global.

Anote aí!

Por aqui, começamos a semana com mais resultados corporativos, acompanhados pelo Boletim Focus, pelo resultado do setor externo e com a tradicional balança comercial semanal.

No Velho Continente, membros do Banco Central Europeu (BCE) falam hoje e podem dar novos direcionamentos sobre a política monetária da Zona do Euro.

Na França, Paulo Guedes, ministro da Economia, se encontra com o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Mathias Cormann.

Por fim, nos EUA, contamos com os dados de estoque no atacado de fevereiro.

Muda o que na minha vida?

O presidente do Fed (o banco central americano), Jerome Powell, e vários membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) disseram na semana passada que poderiam apoiar um aumento de 0,5 ponto percentual na taxa de juros em maio — um passo que a autoridade monetária nunca deu no último ciclo de aperto.

O Federal Reserve já elevou as taxas de juros uma vez este ano e provavelmente continuará elevando-as pelo resto de 2022.

Entende-se agora que o Fed possa aumentar as taxas em meio ponto pelo menos duas vezes este ano. Taxas de juros mais altas, entretanto, podem não causar apenas uma desaceleração econômica.

Provavelmente também levarão a uma queda no crescimento dos lucros das empresas, o que pode ser ruim para os investidores que se acostumaram com taxas de juros zero.

Normalmente, há um intervalo de alguns meses entre o momento em que o Fed aumenta as taxas e o momento em que elas começam a prejudicar os consumidores. Portanto, o mercado pode realmente desacelerar no final de 2023.

Tome o Brasil como exemplo: nosso BC começou a subir os juros no começo do ano passado e a desaceleração só está vindo agora, em 2022. Com tudo isso em mente, há preocupações crescentes com a estagflação (estagnação econômica junto com inflação).

Um abraço,

Jojo Wachsmann