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Pré-Mercado: Reta final dos resultados lá fora e mais indicadores de inflação

23 maio 2022, 8:50 - atualizado em 23 maio 2022, 8:51
Qual será o grito do mercado nesta reta final de maio? | O Homem do Norte (2022)

Bom dia, pessoal!

Lá fora, com investidores ainda na defensiva, as ações asiáticas caíram em sua maior parte nesta segunda-feira (23), mantendo as preocupações com a inflação e o aumento das taxas de juros no radar, os quais prejudicam as perspectivas econômicas globais — a situação da Covid-19 na China continuou a pesar sobre o sentimento.

Na Europa, os mercados sustentam em sua maioria um tom de otimismo, acompanhados pelos futuros americanos, que também sobem nesta manhã, pelo menos por enquanto. Espera-se que o Brasil possa acompanhar a tendência mais positiva, como fez no final da semana passada, amparado pelas commodities.

A ver…

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Quem quer falar sobre política?

Por aqui, no Brasil, os investidores voltam a discutir temas inflacionários, com a previsão de entrega pelo IBGE da prévia da inflação oficial, o IPCA-15, de maio, além de alguns temas políticos que se relacionam com a questão, como a votação pela Câmara do projeto que reduz e limita o ICMS sobre energia elétrica e combustíveis — a ideia do Congresso é impedir que o consumidor final sinta muito da inflação, mas a medida tem pouca relevância estrutural e muita fiscal, podendo se tornar um problema para os estados em um segundo momento.

Por falar em política, a semana guarda um momento importante para as discussões de uma candidatura de terceira via (PSDB, MDB e Cidadania). Ao que tudo indica, Simone Tebet é o nome mais provável para unificar as siglas ao Palácio do Planalto, uma vez que João Doria tem um índice de rejeição muito alto — o estrago no interior no PSDB é notável. Enquanto isso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, participam ao longo da semana do Fórum Econômico de Davos, buscando apresentar o Brasil como alternativa entre os emergentes.

Semana de PIB é sempre uma semana especial

A agenda da semana é robusta nos EUA, com expectativas se formando para a fala de autoridades monetárias, como a do próprio presidente do Fed, Jerome Powell, para a divulgação do índice de gastos do consumidor, o PCE, medida predileta do Fed para balizar sua tomada de decisão, e para a apresentação do PIB americano. 

Aliás, finalmente, as atas da reunião de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto no início de maio serão publicadas, na quarta-feira (25), o que poderá provocar volatilidade adicional sobre os mercados, a depender do que tenha sido dito na última reunião — na ocasião, o Fed aumentou em 50 pontos-base os juros, além de ter revelado os planos para começar a reduzir o tamanho do balanço do banco central.

Por fim, a temporada de resultados americanos do primeiro trimestre termina nesta semana, mas ainda há mais de uma dúzia de empresas do S&P 500 para divulgar balanços. Na semana passada, impactado pelos resultados da Target e do Walmart, o índice registrou sua sétima semana consecutiva de perdas pela primeira vez desde 2001. Com isso, essa reta final de resultados pode gerar apreensão dos investidores.

A fragmentação global

Na China, depois de muita pressão derivada da política de “zero Covid” do governo, a cidade de Xangai reabriu o seu metrô parcialmente neste último domingo (foram dois meses de paralisação), o que alivia um pouco a sensação de que as cadeias de suprimentos continuariam muito afetadas. 

Além disso, os dados de exportação da Coreia do Sul e de Taiwan mostram que o comércio continua, mesmo que a tendência aponte para alguma desaceleração das exportações. De maneira geral, as restrições na China parecem muito mais suaves do que aquelas colocadas em 2020, sugerindo oportunidade para normalização.

Ainda assim, diante das novas notícias de que a Rússia cumpriu o prometido e interrompeu o fornecimento de gás à Finlândia, os investidores temem um aprofundamento da fragmentação global decorrente da guerra na Ucrânia — as barreiras político-comerciais aumentaram e podem ter um efeito muito negativo.

Anote aí!

Lá fora, temos a reunião do Eurogrupo na Bélgica, o início do Fórum Econômico Mundial na Suíça e a divulgação do PIB do primeiro trimestre da OCDE. Na Alemanha, contamos com os dados de sentimento de negócios do IFO alemão. Nos EUA, temos falas de algumas autoridades monetárias e o índice de atividade nacional de abril. Por aqui, a semana guarda pelo menos três pesquisas, enquanto hoje esperamos o IPC-S da terceira quadrissemana de maio.

Muda o que na minha vida?

O mercado americano está experimentando um bear market. Quando observamos os três principais índices de ações dos EUA, verificamos que eles estão passando por seu pior período de perdas em décadas.

Para ilustrar, o Dow registrou sua oitava perda semanal consecutiva, sua mais longa sequência de derrotas semanais desde 1923. Enquanto isso, o S&P perdeu terreno por sete semanas consecutivas, sua maior sequência de derrotas desde 2001. Por fim, mas não menos importante, o Nasdaq caiu ainda mais em relação ao seu pico em novembro passado (cai quase 30% em 2022). 

Basicamente, os investidores estão apostando que a economia dos EUA está caminhando para uma recessão. Desde 1968, cada recessão provocou um mercado em baixa, como o que presenciamos atualmente. Um problema adicional? Por lá, a inflação está acima de 8%. Ou seja, o cenário de estagflação não é impossível nos EUA.

Nos 14 mercados em baixa desde 1945, as ações perderam em média 36% em 289 dias. Ou seja, ainda teríamos muito mais para cair. Por outro lado, alguns dizem que os temores de uma recessão são exagerados. Nos EUA, o quadro de emprego continua forte e os resultados em sua maioria superaram as expectativas. Independentemente, o clima de preocupação é predominante.

Um abraço,

Jojo Wachsmann.

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