Colunista Vitreo

Pré-mercado: Repercutindo o feriado

05 abr 2021, 8:31 - atualizado em 05 abr 2021, 8:31
Todos arrumados depois da Páscoa / Jackie (2016)

Bom dia, pessoal!

Os mercados têm uma agenda de três dias para fazer um catch-up, depois de um início de mês (1o) receoso e avesso ao risco, pelo menos no caso do Brasil.

As especificidades nacionais têm pressionado nossos ativos de risco, de modo a descompassar a performance brasileira da internacional, que repercute as novas restrições europeias, o novo pacote de Biden e os payrolls da última sexta (2).

Os futuros de Wall Street abrem em alta, dotados de bom humor neste início de semana. Os mercados na Europa permanecerão fechados para o feriado de 5 de abril. Além disso, a Bolsa de Valores de Xangai estará fechada para o Festival de Qingming. A ver…

Tensão orçamentária

O problema mais importante do Brasil, depois da crise sanitária em seu pior momento, é a insalubridade fiscal proposta pelo Orçamento de 2021.

Assim, ainda que haja outros temas a serem discutidos, o mercado nacional deverá focar boa parte de seus esforços em entender este processo e as negociações envolvendo o mesmo.

Por falar em negociação, ao que tudo indica, foram realizadas conversas produtivas sobre corrigir os trechos inexequíveis do texto, ainda que não tenham sido divulgados novos cortes para além dos insuficientes R$ 10 bilhões apresentados pelo relator da proposta, Márcio Bittar (MDB-AC).

O problema? O foco dos cortes parece necessariamente derivar de veto integral das emendas parlamentares, que estavam comprometidas co m o presidente da Câmara – Lira parece ter fechado muitos acordos em torno das emendas.

Dessa forma, enquanto o país se vacina sem previsão de aceleração e mais localidades no país estendem as restrições, o Brasil se afoga novamente em divisões políticas.

Não tão bom quanto o esperado?

Os dados de emprego americanos mostraram o desemprego recuando para 6%. O desenvolvimento é interessante e nos próximos meses deveremos caminhar para a projeção do Fed em algo na casa dos 4% até o final do ano.

Contudo, nem todos se animam com o número. O motivo? A taxa de desemprego, assim como a brasileira, vale dizer, subestima o número total de desempregados por não considerar pessoas que deixaram de procurar emprego.

Estimativas indicam que o verdadeiro valor, expandido, deve ser próximo de 10%.

Paralelamente, o mercado está apontando para uma abertura ligeiramente mais alta em Wall Street, com os yields do Tesouro pressionando as ações de tecnologia novamente. Hoje, pelo menos, os futuros de S&P, da Nasdaq e do Dow Jones estão em alta.

Os juros dos títulos do Tesouro de dez anos, que já vinham subindo, agora parecem ter se estabilizado verdadeiramente acima dos 1,70%, constantemente flertando com o nível mais alto desde janeiro passado.

A alta desses juros deriva de uma combinação de otimismo em relação aos EUA, da implantação da vacina e da possibilidade de um projeto de lei de infraestrutura dar mais estímulo à economia.

A escala massiva de estímulos causou considerável nervosismo em relação à inflação e está por trás do recente movimento de venda de títulos do governo – veja, pessoas vendem os títulos, o preço deles cai e, consequentemente, os juros sobem (quando o preço do título diminui, a taxa de juros se eleva).

Ainda que no longo prazo, teses da nova economia permaneçam atrativas, estas devem continuar sendo pressionadas no curto prazo.

Recuperação chinesa à vista?

O mercado está achando que as ações da China estão em vias de se recuperar.

Depois de atingirem novas máximas após o feriado do Ano Novo Lunar, as ações chinesas ficaram sob pressão devido ao aumento dos juros dos EUA, preocupações com a liquidez doméstica (uma possibilidade de um banco central pró-aperto monetário) e uma meta conservadora de crescimento do PIB oficial para 2021 (projetaram 6%, apesar de estimativas apontarem para algo como 9%).

Embora as ações da China devam permanecer voláteis no curto prazo, financistas parecem preservar uma visão positiva.

A China tem se tornado um dos mercados de ações globais preferidos do smart money e dos gestores de fortunas. A recente correção em ações trouxe ações de crescimento a níveis que são atraentes para o posicionamento de longo prazo.

Anote aí!

Para a agenda do dia, vale acompanhar, entre outras coisas, o Boletim Focus e os indicadores de inflação de março, como o IPC, para o consolidado do mês, e o IPC-S, para a última semana de março.

A balança comercial semanal também chama atenção, muito por conta do estresse no câmbio das últimas semanas. Eventualmente, os discursos de Roberto Campos Neto em alguns eventos ao longo do dia devem ser igualmente dignos de nota.

No exterior, destaque para os índices dos gerentes de compra nos EUA, tanto o composto como o de serviços. Adicionalmente, falas de autoridades do Banco Mundial e do FMI podem dar um cheiro melhor sobre a atividade no segundo trimestre. Por fim, PMIs chineses marcam a noite, às 22h45.

Muda o que na minha vida?

As teses estruturais da nova economia, ligadas à digitalização, seguem vivas, ainda que pressionadas recentemente pela rotação setorial proporcionada pelo medo da inflação. Um mundo digital cria mais oportunidades. A pandemia acelerou a mudança para um mundo em um contexto cada vez mais digital.

Ao longo da próxima década, se espera um rápido crescimento para inovadores em setores de transformação tecnológica estrutural.

No mundo das fintechs, especialistas preveem que a receita cresça dos menos de US$ 200 bilhões atuais para algo como US$ 500 bilhões até 2030, implicando uma taxa média de crescimento anual cerca de três vezes maior do que a do setor tradicional.

As assinaturas digitais de tecnologia, no modelo de subscrição, também apresentam oportunidades de longo prazo. Os modelos de assinatura digital cresceram em popularidade durante a pandemia, com ofertas que visam tanto consumidores quanto empresas.

O streaming e as redes de jogos online estão entre os exemplos mais visíveis, embora o modelo de assinatura se estenda a uma série de outras indústrias e segmentos.

Enquanto isso, as empresas inovadoras em saúde devem se beneficiar com o aumento da telemedicina, dispositivos vestíveis e monitoramento digital de saúde; sem falar, é claro, da medicina genômica.

No curto prazo, as ações de crescimento podem permanecer voláteis à medida que os mercados se adaptam ao ambiente inflacionário; isto é, nos próximos 12 meses, é possível que o setor de tecnologia tenha um desempenho inferior ao cíclico no curto prazo.

Mas os investidores ainda devem se beneficiar da exposição de longo prazo a tecnologia.

Fique de olho!

A última quinta-feira (1) foi dia de Diário de Bordo, minha newsletter semanal. O tema principal foram os 100 mil clientes alcançados pela Vitreo.

Com título “Cem mil. O marco é o impacto, não o número”, o DB é uma carta de agradecimento aos nossos clientes.

A carta semanal também trata de alguns outros landmarks importantes para a Vitreo, como o atestado “carbon negative”, que recebemos recentemente, que indica que a Vitreo neutralizou todas as pegadas de carbono que emitiu em 2020 através do suporte dado ao projeto “Fortaleza do Ituxi”, localizado ao sul da Floresta Amazônica e que muito sofre com os desmatamentos da região.

Não deixe de ler.

[QUERO LER O DIÁRIO DE BORDO]

Um abraço,

Jojo Wachsmann

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