Colunista Vitreo

Pré-Mercado: Receios com a Ômicron ainda não foram dissipados

30 nov 2021, 9:07 - atualizado em 30 nov 2021, 9:07
Agora, a coisa mais importante ao se erguer é o equilíbrio.” / Dirty Dancing – Ritmo Quente (1987)

Bom dia, pessoal!

As ações asiáticas tiveram um pregão misto nesta terça-feira (30), predominantemente no negativo, com os investidores seguindo em tom de cautela frente aos possíveis danos que a nova variante do coronavírus, a Ômicron, pode causar na economia global – uma entrevista com o presidente da Moderna sinalizou possibilidade de menor eficácia das vacinas.

Atualmente, os investidores, que não são virologistas, só conseguem falar sobre o vírus e sobre o impacto econômico da nova variante. O temor repercutiu no mercado europeu, que tem uma manhã muito difícil até agora, com queda forte e generalizada – presságio de um dia ruim.

Na expectativa pela fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, os futuros americanos também amanhecem em queda.

Apesar da torta e modesta recuperação de ontem, os receios com a Ômicron ainda não foram dissipados.

O Brasil tem uma agenda pesadíssima em meio a tal turbilhão de pessimismo nos mercados internacionais.

A ver…

Agenda intensa domina a terça-feira

Por aqui, tanto a agenda política como a econômica são relevantes. A começar pela primeira, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pode votar o parecer do senador Fernando Bezerra (MDB-PE) à PEC dos Precatórios.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que, depois de aprovada, a PEC será elevada ao Plenário na quinta-feira (2), após as sabatinas – não sabemos ainda se conseguiremos votar o texto nesta semana ou se há condições de aprovação da proposta na casa legislativa.

Não é o único tema político do dia. A Câmara pode votar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 10/21, que mantém incentivos tributários para empresas de tecnologia da informação e de semicondutores.

De volta ao Senado, depois da retirada de pauta do projeto sobre o sistema cambial, investidores acompanham a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) que analisa o projeto de lei que institui o fundo de estabilização dos preços de combustíveis e o imposto de exportação sobre o petróleo bruto – há desdobramentos sobre a Bolsa.

No âmbito econômico, vale acompanhar os dados de desemprego ao longo do pregão de hoje, com a divulgação do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de outubro pelo Ministério do Trabalho e Previdência e a entrega do resultado do desemprego no último trimestre, encerrado em setembro, pelo IBGE.

A apresentação do resultado das contas do setor público consolidado de outubro pelo Banco Central também é relevante.

Sobe e desce

Depois de caírem na sexta-feira (26) por causa de uma nova variante do coronavírus, as ações se recuperaram ontem (29), com o S&P 500 subindo 1,3% e o Dow Jones subindo 237 pontos, ou 0,7%.

Por enquanto, o mercado decidiu que a Ômicron não representa realmente uma ameaça para a economia global.

Os relatos de uma variante mais branda ajudaram a aliviar os temores dos investidores, mesmo que ainda não tenhamos muitas respostas reais.

Mas nem tudo são rosas, os futuros americanos voltam a encontrar volatilidade nesta manhã e operam, consequentemente, em território negativo. Jerome Powell e Janet Yellen falam hoje no Senado dos EUA e o presidente do Federal Reserve está planejando falar sobre o impacto da Covid-19.

Segundo o depoimento antecipado da autoridade, Powell dirá aos senadores que a variante é mais uma incógnita no delicado processo de reabertura da economia, o que dá o tom negativo de hoje.

O recente aumento de casos da Covid-19 e o surgimento da variante Ômicron representam riscos negativos para o emprego e a atividade econômica e aumentam a incerteza quanto à inflação.

Maiores preocupações com o vírus podem reduzir a disposição das pessoas para trabalhar presencialmente, o que retardaria o progresso no mercado de trabalho e intensificaria as interrupções na cadeia de abastecimento.

Em resposta à Ômicron, o mercado começou a recuar em suas estimativas de aumento das taxas. Se o medo ou as restrições do governo com menos medidas de apoio ao bem-estar reduzem a demanda sem afetar a oferta, o efeito é desinflacionário, requerendo juros menores.

Com isso, a partir de hoje, a chance de um aumento da taxa até junho de 2022 caiu para 57%.

Os efeitos da Covid-19

Alguns analistas acreditam que uma séria desaceleração econômica, como a que aconteceu no ano passado, provavelmente será evitada porque mais pessoas foram vacinadas e os agentes se adaptaram às novas condições.

Contudo, os investidores também acham que o retorno aos níveis de atividade econômica anteriores à pandemia foi potencialmente adiado, especialmente em setores como o turismo.

Isso porque o medo está afetando as viagens. Existem as restrições dos governos, mas também há entre a população o medo de ficar preso, o que faz com que os planos de viagem sejam alterados.

Anote aí!

A agenda do dia é importante para o Brasil, como comentamos acima.

Fora os tópicos já discutidos, que fazem preço no pregão de hoje, contamos também com a filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL, que volta a trazer a dinâmica de eleições para a realidade dos investidores depois da digestão das prévias do PSDB.

Falas de Paulo Guedes e de Roberto Campos Neto serão observadas. Por fim, representantes dos ministérios da Saúde, Casa Civil, Justiça e Infraestrutura se reúnem com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para discutir a ampliação de restrições para conter a variante Ômicron.

Lá fora, o mercado acompanha os dados de inflação na Zona do Euro, que veio bem acima do esperado, subindo 4,9% na comparação anual (a meta da região é de 2%).

Nos EUA, destaque para o índice nacional de preços de residências Case-Shiller para setembro, o índice de gerentes de compras de Chicago para novembro e o índice de confiança do consumidor para novembro – o indicador está drasticamente abaixo de sua alta pós-pandêmica, atingida no verão, em parte por causa de preocupações com a inflação.

Muda o que na minha vida?

A taxa de vacinação mais desigual e lenta, além da capacidade de prover cuidados de saúde mais limitada em algumas regiões, faz com que a incerteza sobre a nova variante Ômicron possa parecer trazer maiores riscos econômicos para o crescimento global em um momento em que se esperavam mais avanços para uma reabertura.

Na Ásia, por exemplo, a taxa de vacinação varia de acordo com o país da região, sendo de cerca de 77% no Japão, 50% no Vietnã e 35% na Indonésia.

Por lá, a variante Ômicron só foi detectada oficialmente em Hong Kong, mas a região se prepara para uma chegada generalizada da mutação, o que geralmente significa um revés para a reabertura econômica.

Além disso, as preocupações sobre a eficácia das vacinas atuais contra a Ômicron permanecem.

Com as vacinas em mãos, o mercado parece entender que o mundo pode estar em uma posição melhor para enfrentar esta nova onda potencial. Mas enquanto o mercado tenta se estabilizar, a inquietação ainda paira sobre ele.

A variante parece se espalhar com mais facilidade, e vários países colocaram barreiras para viajar na esperança de contê-la.

Um abraço,

Jojo Wachsmann

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