Colunista Vitreo

Pré-mercado: Que o segundo trimestre seja melhor que o primeiro

01 abr 2021, 8:25 - atualizado em 01 abr 2021, 8:25
Será que vamos conseguir traduzir o Orçamento de 2021 / Encontros e Desencontros (2003)

Bom dia, pessoal!

Na véspera do feriado da Páscoa, que fechará os mercados amanhã (2), chegamos ao primeiro Transparência Radical do segundo trimestre. A grande dúvida do mercado é se os ativos de risco seguirão em alta.

Para os pessimistas:

i) as taxas de juros subiram,

ii) os novos estímulos americanos estão gerando temores de inflação e

iii) as Big Techs estão perdendo sua vantagem, depois da fase mais acentuada do “stay at home”.

Além disso, iv) com o novo governo controlado pelos democratas, a tecnologia pode ver uma regulamentação mais agressiva – como as ações de tecnologia assumiram um peso e uma relevância enormes, um momento ruim delas pode prejudicar muito o mercado.

Já para os otimistas, por outro lado:

a) o Fed diz que não aumentará as taxas tão cedo,

b) os estímulos trilionários podem trazer uma cura econômica mais rápida e

c) a imunização por vacinação tem ganhado forma ao redor do mundo (EUA é destaque positivo, com mais de ¼ da população já vacinada).

Além disso, d) os investimentos em infraestrutura podem impulsionar os estoques cíclicos de longo prazo, proporcionando uma alta sustentada para o mercado.

A ver…

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Toma lá, dá cá

No Brasil, são grandes as preocupações em diferentes frentes, a começar com a pandemia fora de controle e a falta de vacinas, leitos, medicamentos e oxigênio.

O resultado do ambiente pouco propício para otimismo foi a morte de mais de 3.800 pessoas nas últimas 24 horas – ao todo, são mais de 12,7 milhões de infectados e 321 mil mortos por Covid-19.

Em Brasília, que tenta ajustar as crises políticas e de cunho institucional, a equipe econômica sua a camisa para ajustar o Orçamento de 2021, que ameaça o que sobrou da sustentabilidade econômica do Brasil.

O relator do texto, Márcio Bittar (MDB – AC), cortou R$ 10 bilhões de emendas da proposta, o que foi positivo (restabeleceu o acordo feito com Guedes), mas não o suficiente – ainda cabe ao ministro encontrar mais R$ 22 bilhões para cobrir o rombo que falta. Dificuldades de aliança com o Centrão, mas nada que já não fosse esperado.

O importante é endereçar as demandas da equipe de Guedes e promover um ajuste final das contas, ainda em 2021.

Veio menor, só US$ 2,3 trilhões… Ou ainda tem mais?

O presidente dos EUA deu as linhas gerais de um plano fiscal para a infraestrutura. A cifra? Em um primeiro momento, US$ 2 trilhões. Textos adicionais que façam o projeto chegar a mais de US$ 3 trilhões ao todo não são impossíveis.

Na maior parte, trata-se de gastos com infraestrutura e continuidade de ajuda aos trabalhadores ligados a sustentabilidade.

Como já era sabido, o movimento deverá ser financiado predominantemente por um aumento na alíquota do imposto sobre as empresas e impedimento de remessas de lucro para o exterior e mantendo os investimentos em solo americano.

O temor, como não poderia deixar de ser, é que o pacote impulsione as pressões inflacionárias. No final do dia, os membros do Congresso se apressarão para colocar o plano de pé, uma vez que projetos de infraestrutura costumam enriquecer círculos eleitorais.

De todo modo, o ambicioso plano levará tempo para impactar o crescimento, dado que poucos projetos estarão prontos de uma vez – a proposta prevê financiamento de infraestrutura para os próximos 8 anos e os aumentos de impostos são para mais de 15 anos. Ainda assim, as preocupações com o tamanho do déficit americano são cada vez maiores.

Mais um bloqueio na Europa

O presidente francês anunciou mais um bloqueio de quatro semanas para conter uma terceira onda que se acredita que tenha tomado forma na França – as medidas entrarão em vigor já neste sábado (3).

A Itália, por sua vez, está ampliando as restrições para até o final de abril. No Reino Unido, que flexibilizou recentemente as medidas de isolamento, há mais tensões com relação à vacina Oxford (que a Alemanha não usará em pessoas com menos de 60).

Veja, ninguém se surpreende com os bloqueios, mas ainda assim são negativos, uma vez que atrasam a normalização econômica europeia e ameaçam a cadeia de suprimentos globais – a reunião da Opep de hoje com certeza levará isso em consideração.

Depois de corrigirem ou ficarem estáveis ontem (31), muito por conta das notícias, as Bolsas Europeias abrem o dia em tom positivo – o fluxo de notícias se mistura, uma vez que, do outro lado, alguns indicadores têm se mostrado melhores do que o esperado, provendo sustentação econômica.

Anote aí!

No Brasil, além do finalzinho da temporada de resultados e do nervosismo com as negociações fiscais, holofotes sobre a produção industrial de fevereiro prometem chamar atenção do mercado – a desaceleração na China causa preocupações sobre como o indicador local virá (mediana projeta 0,5% de alta contra janeiro de 2021).

Evoluções dos acertos políticos, depois de definido o novo comando das Forças Armadas, são esperadas, principalmente para conter problemas fiscais – o início do pagamento do novo auxílio, a começar na terça-feira (6 de abril), pressiona ainda mais a situação.

Será feito em quatro parceladas e terá valores diferentes: R$ 250 por família, diferenciando as quantias para aquelas comandadas por mulheres que criam filhos sozinhas; além disso, pessoas que moram sozinhas vão receber R$ 150.

No exterior, índices da atividade dá o tom na Europa, atingida pela terceira onda de Covid-19. A Alemanha divulga o Índice dos Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) industrial de março, assim como a Zona do Euro e o Reino Unido. Por enquanto, os números vieram melhores do que o esperado.

Nos EUA, pedidos de auxílio desemprego, PMI industrial e atividade industrial de março colorem o céu dos investidores. Eventualmente, dados energéticos (poços de petróleo) e investimentos em construção também possuem seus respectivos charmes.

Muda o que na minha vida?

A recuperação dos empregos pode estar ganhando velocidade. O relatório de empregos dos EUA é o grande evento do calendário da semana para os mercados internacionais, pintando ao redor do mundo como será a retomada da indústria ao passo que a vacinação toma proporções cada vez maiores.

Os investidores procurarão ver se a economia pode melhorar em relação aos 379 mil empregos criados em fevereiro.

Como os mercados dos EUA estarão fechados na Sexta-Feira Santa (2) – que não é um feriado federal –, bem como no Brasil, os investidores postergarão sua reação para a semana que vem.

Vale lembrar que a taxa de desemprego tem, apesar de tudo, mostrado boa recuperação: está agora em 6,2%, em comparação com o pico de abril passado de 14,7%.

Com dados de pesquisa robustos recentes apontando para a confiança empresarial otimista, impulsionada pelo lançamento da vacina e novas medidas de estímulo de US$ 1,9 trilhão, as contratações devem ter permanecido sólidas em março. Contudo, a dúvida fica: qual o futuro do trabalho?

A pandemia exacerbou a desigualdade de renda e não sabemos se a reabertura ajudará a diminuir a diferença.

A força dos salários também está entre as principais preocupações – há uma tentativa atualmente de elevar o salário mínimo americano para US$ 15 por hora, mas ele não foi incluído no último estímulo. Tendências nos EUA se espalham pelo mundo, vale prestar atenção.

Fique de olho!

Nós anunciamos que os nossos fundos de cannabis fechariam ontem, às 15h59. Bem no dia em que o estado de Nova York tinha liberado o uso recreativo e medicinal, formando o maior mercado de consumo de cannabis dos EUA.

Mas a procura foi tanta que houve instabilidade em nossos sistemas. Não foram todos que quiseram investir que conseguiram entrar.

Por causa disso, para que todos pudessem aproveitar essa chance, decidimos prorrogar EM UM DIA o prazo de abertura desses fundos.

Caso queira investir nessa teses que tem se mostrado cada vez mais potencialmente multiplicadora, você só tem até hoje, quinta-feira, 01/04, às 15h59 para investir.

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Uma feliz Páscoa a todos!

Um abraço,

Jojo Wachsmann