Colunista Vitreo

Pré-Mercado: Quando você não sai da cabeça dos investidores

13 jan 2022, 8:57 - atualizado em 13 jan 2022, 8:57
Quanto você é a inflação e se torna o centro das atenções de todo mundo / 007 – Sem Tempo para Morrer (2021)

Bom dia, pessoal!

No exterior, as ações asiáticas tiveram uma quinta-feira (13) mista, sem definição única de direção, com inflação indicando aumentos nas taxas de juros do Fed, em linha com o esperado (mais de 70% de chance de subir 25 pontos-base na reunião de março). Entre as grandes, Hong Kong e Austrália conseguiram sustentar alta.

Hoje, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) é esperado, mas não deve alterar as perspectivas do mercado.

Ainda assim, se tem preço ou inflação no meio da frase, metade dos investidores ficará de olho.

No final, a fala moderada de Jerome Powell de terça-feira (11) é o fator predominante no mercado, ainda que haja membros do Fed já começando a defender quatro altas de juros, conforme projetado por alguns bancos.

As Bolsas europeias têm uma manhã difícil, na esteira da fala de alguns membros do BCE e à medida que as perspectivas do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, de permanecer no cargo caem – como conversamos ontem (12), mesmo que seja possível, uma troca de primeiro-ministro não deve ser negativa para o mercado (Rishi Sunak é o favorito para substituir Johnson caso este caia).

Os futuros americanos caem.

A ver…

Mais negociações a caminho

No Brasil, que tem sido influenciado positivamente pela dinâmica global, resta prestar atenção à dança estrangeira em paralelo à entrega de dados locais do setor de serviços, nesta manhã, que deve continuar apresentando performance franca – expectativa de crescimento de 6,5% na comparação anual no mês de novembro.

Consequentemente, não deveremos ter alteração na perspectiva de 150 pontos-base de ajuste na Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de fevereiro.

Paralelamente, enquanto o Congresso não volta de seu recesso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, se reúne hoje com o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), Isac Moreno, para discutir o reajuste salarial da categoria, em linha com a tentativa recente do BC (que fracassou).

Ontem, o sindicato informou que aproximadamente 1,3 mil cargos de chefia foram entregues em protesto contra o governo federal, que não os incluiu no reajuste salarial do Orçamento de 2022.

O encontro deve chamar a atenção.

Reflexões inflacionárias, os pensamentos predominantes de 2022

Uma leitura de inflação de 7% nos EUA certamente chama a atenção, mesmo que fosse esperada.

O resultado é o mais acelerado desde 1982, segundo ano de governo de Ronald Reagan, que assumiu depois dos anos de farta inflação do governo Carter (20 de janeiro de 1977 a 20 de janeiro de 1981).

Entre 1978 e 1982, houve uma série de leituras mensais de mais de 7% em relação ao ano anterior no índice de preços ao consumidor – o S&P 500 avançou apenas 15,1% nesse período de quase quatro anos.

Essa lembrança incomoda os investidores, apesar das inúmeras diferenças entre hoje e a década de 70.

Consequentemente, o mercado já assume aproximadamente 75% de chance de uma alta de 25 pontos-base na taxa de juros (reunião de 15 a 16 de março).

A inflação provavelmente está agora muito próxima de seu pico, mas a primeira queda significativa provavelmente não ocorrerá até que o relatório de março seja divulgado em meados de abril.

Até lá, deveremos ter mantido a confiança no testemunho do presidente do Fed, Jerome Powell, perante o Comitê Bancário do Senado.

Hoje, a atual inflação de preços ao produtor nos EUA pode importar até mais para os mercados:

i) muitas empresas vendem para outras empresas, o que pode indicar impulso de receitas; e

ii) os preços ao produtor sinalizam o poder de precificação das empresas e, portanto, as pressões inflacionárias (o poder de precificação atingiu o pico no segundo trimestre de 2021 e está em declínio desde então).

O aumento de casos de Covid não freia

O aumento dos casos de Covid na Ásia aumentou a incerteza sobre o ritmo de recuperação da pandemia. A variante ômicron ocupou a Austrália e outros países, apesar das altas taxas de vacinação e das rígidas políticas de restrição.

O Japão, por exemplo, registrou mais de 13 mil novas infecções nas últimas 24 horas, o nível mais alto em quatro meses, enquanto a China coloca em prática de modo cada vez mais frequente as políticas de “Covid zero” às vésperas dos Jogos de Inverno (Pequim).

Além do impacto direto dos grandes surtos de Covid na atividade normal dos negócios, os efeitos indiretos no transporte podem dificultar ainda mais a recuperação nas cadeias de suprimentos globais depois de dois anos de interrupções.

Até agora, a reação do mercado à onda ômicron tem sido moderada, mas vale a pena prestar atenção às preocupações sobre novos impactos sobre a economia. Devemos ter entre janeiro e fevereiro a máxima global da nova onda que enfrentamos.

Anote aí!

Lá fora, Lael Brainard se mostrará perante o Comitê Bancário do Senado, que está considerando sua indicação para ser vice-presidente do Federal Reserve, em linha com o que aconteceu com Jerome Powell no início da semana.

Outros membros da autoridade como Patrick Harker (presidente do Federal Reserve Bank da Filadélfia), Charles Evans (presidente do Fed de Chicago) e Tom Barkin (presidente do Fed de Richmond) falam em diferentes eventos ao longo do dia.

Entre os dados econômicos, além dos preços ao produtor de dezembro, o mercado também conta com os pedidos iniciais de auxílio-desemprego estaduais para a semana encerrada em 8 de janeiro.

Por aqui, está prevista a divulgação da pesquisa Exame/Instituto Ideia sobre a sucessão presidencial.

O volume de serviços é destaque econômico, enquanto a reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) para discutir o fim do congelamento do ICMS sobre os combustíveis, previsto para 31 de janeiro, deverá chamar atenção dos investidores locais.

Muda o que na minha vida?

Há uma verdade inconveniente sobre os preços dos alimentos em 2022. Comprar comida ficou cada vez mais caro. Infelizmente, não se espera que ir ao supermercado fique muito mais barato em 2022.

Isso acontece porque a demanda reprimida, os altos custos de frete e de fertilizantes e o mau tempo em diferentes regiões podem continuar a aumentar o preço de produtos como milho, cacau e açúcar, como aconteceu em 2021.

Isso pode manter os preços globais dos alimentos elevados, mesmo que a inflação como índice caia no ano.

O Índice de Preços de Alimentos da FAO das Nações Unidas subiu para seu patamar mais alto em 10 anos em 2021.

As interrupções da pandemia, incluindo escassez de mão de obra e falta de contêineres para mercadorias, aumentaram os custos para os produtores. O clima extremo, incluindo secas e inundações, piorou a situação.

Os preços das commodities agrícolas subiram cerca de 28% no ano passado e estão cerca de 40% acima dos níveis pré-pandemia.

O milho voou, o trigo saltou e até o café não resistiu à alta. As perspectivas não são muito diferentes para 2022.

Um abraço,

Jojo Wachsmann

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