Colunista Vitreo

Pré-Mercado: Quando todos só querem saber dos preços

09 fev 2022, 9:09 - atualizado em 09 fev 2022, 9:09
Depois da ata do Copom, o grito da inflação será escutado por todo o mercado local / A Lenda do Cavaleiro Verde (2021)

Oportunidades do dia

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Bom dia, pessoal!

Lá fora, as ações asiáticas subiram nesta quarta-feira (9) depois que Wall Street se recuperou bem no pregão de ontem (8), enquanto os investidores ainda esperam pelos dados de inflação dos EUA marcados para serem entregues amanhã (10), os quais podem influenciar o ritmo dos aumentos das taxas de juros do Federal Reserve — o mercado ainda precifica apenas quatro aumentos dos juros americanos para este ano, começando em março, mas muitos já esperam até sete altas.

A abertura dos mercados também foi positiva no Ocidente, com os mercados europeus animados nesta manhã (variações positivas superiores a 1% são corriqueiras hoje).

Os futuros americanos também engatam em uma alta, levando à hipótese de que a recuperação possa sugerir uma tentativa dos otimistas de recuperar as rédeas do mercado em 2022.

O Brasil pode acompanhar tal dinâmica positiva, mesmo que deva reagir isoladamente a seus dados de inflação.

A ver…

Sinais de maior contracionismo

Hoje, o dia é marcado pela entrega do indicador oficial de inflação para o mês de janeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Depois de uma ata do Copom levemente mais hawkish, o dado de hoje deve reforçar as apostas para um aumento de juros para além da próxima reunião de março (entre os dias 15 e 16) — ontem, o documento do BC sugeriu que o ciclo de aperto possa durar um pouco mais, ainda mais devagar.

Apesar de muito importante, a agenda econômica não é a única coisa do dia.

Os investidores também acompanham a divulgação do Relatório de Produção e Vendas do quarto trimestre de 2021 da Petrobras, que carrega consigo um caráter sistêmico muito relevante.

Há também, ainda no âmbito corporativo, a continuidade da temporada de resultados, com digestão do balanço do Bradesco (em linha com as expectativas) e o julgamento pelo Cade da compra da Oi Móvel pela Claro, TIM e Vivo, cercada de polêmicas e que deve ser aprovada com restrições (deve gerar volatilidade no setor).

Em Brasília, os servidores do Banco Central fazem nova manifestação por reajuste salarial — estamos nos aproximando da última janela de tempo possível para um eventual aumento e as ameaças de greve continuam.

Por fim, no Congresso, o senador Roberto Rocha (PSDB), relator da reforma tributária na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, deve apresentar seu parecer, mas o mercado já não identifica como possível a realização de reformas em um ano eleitoral.

Sopros de uma recuperação

Parecia um rali dos tempos de pandemia nos EUA no pregão de ontem, com quase todas as ações subindo, unilateralmente.

Contudo, diferentemente do que aconteceu em grande parte de 2020 e 2021, o dia não foi marcado por uma migração para o combo “stay at home” ou por uma rotação setorial rumo às teses de valor.

A alta se deu apesar do aumento dos rendimentos dos títulos (juros de dez anos atingiram 1,95%), que em alguns casos atingiram seu maior patamar desde 2019.

De fato, 2022 é o verdadeiro ano da normalização. Para compreender melhor se isto se verifica ao longo do ano, o resto da semana pode trazer um foco renovado sobre a inflação ao consumidor, com o relatório do índice de preços de janeiro previsto para quinta-feira (10).

Hoje, o mercado espera uma inflação anual de 7,3%, ligeiramente acima dos 7% de dezembro, mas ainda o maior patamar desde a década de 1980.

O número final pode contribuir para moldar a reunião de março do Federal Reserve.

Enquanto um valor de inflação mais suave aumentaria a probabilidade de apenas um aumento de 25 pontos-base (por enquanto, 71% de chance), um IPC acima do esperado poderia levar o Fed a aumentar sua taxa de meta em 50 pontos-base — investidores também querem mensurar quantas vezes os juros subirão neste ano.

A temporada de resultados segue firme, com a Disney divulgando seus números hoje (as ações caem 20% desde a sua máxima, em setembro).

Além da gigante, também podemos contar com CME Group, CVS Health, Honda Motor, MGM Resorts International, Motorola Solutions, Toyota Motor e Yum! Brands.

Apesar de os números de maneira geral estarem vindo em tom positivo, o recente resultado da Meta Platforms deixou um clima tenso no ar — as ações caíram 32% em quatro dias.

Mais sobre o aperto monetário europeu

Tentando diluir a reunião da semana passada e os comunicados recentes da presidente do BCE, Christine Lagarde, o presidente do Banco da França, François Villeroy de Galhau, sugeriu que os mercados tomaram de maneira exagerada os movimentos pretendidos pela autoridade monetária europeia nos próximos meses.

Naturalmente, os europeus têm adotado um discurso bastante frouxo do ponto de vista da política monetária.

Depois das falas mais duras recentes, era de se esperar a participação de membros vindo tentar diluir um pouco a discussão.

Ainda assim, de acordo com a própria Lagarde, quaisquer aumentos de juros serão graduais.

Neste sentido, ainda que os investidores esperem que o BCE adote uma política mais dura em sua reunião de março, depois que o conselho disse na semana passada que os riscos de inflação estavam aumentando, os movimentos devem ser lentos ao longo dos próximos meses.

Provavelmente, o aperto na Zona do Euro, mesmo que ocorra, vai demorar mais para acontecer do que o verificado nos bancos centrais anglo-saxões, que já estão caminhando para o aperto.

Anote aí!

Lá fora, os mercados digerem os dados do comércio alemão de dezembro, que foram mais fortes do que o esperado.

Nos EUA, acompanhamos os estoques dos atacadistas em dezembro e os estoques de petróleo da semana passada, enquanto aguardamos o dado de inflação de amanhã.

Por aqui, o grande destaque do dia é o IPCA de janeiro, mas também contamos com as vendas no varejo em dezembro, o IGP-M da primeira prévia de fevereiro, o IPC da primeira quadrissemana de fevereiro e a divulgação da pesquisa Banco Genial/Quaest sobre sucessão presidencial.

A participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no evento do Banco de Compensações Internacionais (BIS) também é aguardada.

Muda o que na minha vida?

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, parece menos certo do que o presidente francês de uma diminuição das tensões em torno da Ucrânia — segundo o governo americano, a Rússia acumulou pelo menos 70% da capacidade militar necessária para invadir seu vizinho.

Esse ruído político continua sendo uma questão importante para os mercados de energia global.

Em um eventual confronto, os EUA estimam que uma guerra pode deixar 50 mil civis mortos ou feridos, 25 mil soldados ucranianos mortos e milhões de refugiados à procura de abrigo em toda a Europa.

A situação seria agravada pelo potencial colapso do mercado de energia. Isso porque, entre os cenários que mantêm os líderes mundiais pessimistas, está a possibilidade de que a Rússia corte o fornecimento de energia para a Europa.

Isso não seria bom, já que a Europa tem uma dependência da energia russa. A Rússia fornece cerca de 33% do gás natural da Europa e mais de 25% de suas importações de petróleo bruto.

A Alemanha, em um exemplo extremo, depende da Rússia para mais da metade de seu gás natural.

A situação coloca a Europa em uma posição ainda mais vulnerável, principalmente pelo fato de que os consumidores já estão sendo pressionados pelos preços recordes da energia (o órgão regulador de energia europeu alertou que possivelmente, em um cenário de conflito, 22 milhões de lares na Grã-Bretanha verão sua conta de gás e eletricidade aumentar 54% em abril).

Uma esperança é que a Rússia não corte todos os embarques de gás, porque essa medida pode ser tão prejudicial para sua própria economia quanto para o resto da Europa.

Ainda assim, a Europa está explorando a importação de mais gás de outros países, caso a Rússia feche a torneira.

O primeiro semestre promete ser marcado pela continuidade da alta dos preços das commodities energéticas, o que pressionará a inflação e impulsionará a política monetária para um aperto mais decisivo.

Um abraço,

Jojo Wachsmann

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