Colunista Vitreo

Pré-mercado: Qual o próximo passo?

12 mar 2021, 8:36 - atualizado em 12 mar 2021, 8:36
A leveza de um país com PEC Emergencial aprovada / Anne with an E (2017 – 2019)

Bom dia, pessoal!

Ontem (11), completamos um ano do dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma pandemia.

As economias em todo o mundo foram afetadas à medida que as nações entravam em quarentena para conter o vírus e o desemprego disparava. Paralelamente, quantidades sem precedentes de estímulo monetário e fiscal também foram derramadas sobre a economia global.

Desde então, não solucionamos a situação, ainda que estejamos no caminho certo. O processo de vacinação e a transparência radical das autoridades monetárias serão fatores essenciais para que consigamos prosperar depois de tamanha crise.

Hoje (12), os mercados abrem no vermelho na Europa, sendo acompanhados pelos futuros americanos. A ver…

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O fim do segundo turno

Finalmente, depois de muita luta, foi aprovada em segundo turno na Câmara a PEC Emergencial. Ainda que um pouco desidratada, a PEC conseguiu manter a essência positiva dos gatilhos programados pela equipe econômica, evitando pressões além das anteriormente previstas para o quadro fiscal brasileiro.

Claro, nossos problemas não terminam com aprovação da PEC. Qual o próximo passo de Guedes?

Mas nem tudo são flores, infelizmente. O Brasil segue em seu pior momento da pandemia (estamos alguns meses atrasados, repetindo o que aconteceu com a Europa e com os EUA do final do ano passado para o início de 2021).

O governo de São Paulo declarou fase emergencial a partir do dia 15 de março, para além da fase vermelha, com a qual já trabalhava.

O estresse do momento, somado ao panorama fiscal, estica o dólar e obriga o BC a intervir na moeda, o que explica o retorno para a faixa entre R$ 5,50 e R$ 5,60.

Por falar em BC, na semana que vem teremos Copom e, depois da inflação acima da expectativa divulgada ontem (0,86% em fevereiro), mais financistas esperam uma alta mais agressiva, de até 75 pontos-base. A autoridade monetária, porém, não poderá exagerar no tom – o Brasil não sobrevive a uma São Paulo em lockdown e um BC hawkish.

Sancionado

Nos EUA, os mercados se animaram com a notícia de que Biden sancionou o seu pacote trilionário de estímulos. Com isso, as famílias receberão cheques a partir deste fim de semana.

Como os cheques de estímulo são normalmente distribuídos ao longo de seis meses, deveremos ver um gradualismo na retomada de alguns setores, impactados positivamente com a medida do governo.

Durante a noite, Biden anunciou que o país deve voltar ao normal até julho – a marca de vacinação que os EUA pretendem alcançar é impressionante.

Com a normalidade, a expectativa é de aumento da demanda do setor de serviços – a demanda por bens, que até aqui esteve forte, poderá passar por pressão negativa, com fluxo de demanda rumo aos serviços.

O plano pode adicionar até 7 milhões de empregos americanos – o que é importante devido aos níveis de desemprego –, com melhora das perspectivas econômicas, mesmo fora dos EUA.

O projeto tem sido considerado por alguns como sendo uma das peças econômicas mais progressivas da história dos EUA.

Claro, republicanos mais conservadores do ponto de vista fiscal disseram que o pacote vai longe demais em sua expansão da assistência pública, apontando para apenas US$ 75 bilhões (7% do pacote) que são direcionados para testes de Covid-19, rastreamento de contato e distribuição de vacinas.

As entidades monetárias

Alinhado com as expectativas, o Banco Central Europeu (BCE) não alterou sua política monetária. As principais taxas de juros, a de refinanciamento e a de depósitos, foram mantidas em 0% e -0,5%, respectivamente.

A autoridade também não alterou o volume de seu programa de compra de ativos, hoje programado para 1,85 trilhão de euros.

A única coisa que mudou foi que, agora, Lagarde disse que passará a comprar títulos mais rapidamente – os volumes de compra diminuíram nas últimas duas semanas.

Os bancos centrais devem manter o discurso sobre flexibilidade monetária. Lagarde é uma das grandes defensoras do processo de estímulos atuais e o mundo deverá seguir sua cartilha quando for suspender os programas.

Enquanto isso, no Reino Unido, os dados de fabricação (setor manufatureiro) de janeiro vieram mais fracos, já refletindo um choque inicial da separação do país da União Europeia. Os dados mensais do PIB, por sua vez, foram visivelmente mais fortes do que o esperado, mesmo com as novas restrições para a pandemia.

Anote aí!

Dia importante para a agenda econômica brasileira. Depois de ficar quase a semana inteira operando expectativas políticas, hoje teremos um pouco mais de substância.

Começamos o dia com vendas de varejo de janeiro, que devem impactar o setor de consumo listado em Bolsa.

Vale acompanhar os movimentos do BC, com leilão de 13.610 contratos de swap (US$ 680,5 milhões), em rolagem.

No exterior, a Europa começa o dia com produção industrial, que poderá chamar alguma atenção. Agora, nos EUA, o dia é de vários indicadores.

O mais importante talvez seja o de preços aos produtores, que reflete melhor o poder de precificação corporativa do que os preços ao consumidor. O compêndio de dados de Michigan também é influente, apesar de poder ser considerado secundário hoje.

Muda o que na minha vida?

As autoridades monetárias ao redor do mundo têm ficado bastante populares nos mercados financeiros.

Os olhos estão voltados para as instituições, já que o aumento dos yields (juros) dos títulos continuam sendo uma preocupação para os investidores. Ainda que no curto prazo nenhuma mudança nas taxas ou na quantidade de compra de títulos seja esperada, uma vez que influenciaria os custos dos empréstimos e pode ser uma ameaça para a economia, o discurso é sempre muito importante.

Pelos discursos, os investidores verificam se os bancos centrais podem sinalizar uma impressão de dinheiro mais rápida para evitar o aperto nas condições de financiamento, embora muitas vezes apenas garantias verbais sejam desejadas, em vez de mudanças reais na política monetária.

Por enquanto, as autoridades enxergam a alta nos preços ao consumidor neste início do ano como temporária; isto é, acelerará a inflação em 2021, mas não continuará nos anos seguintes.

No Brasil, por sua vez, o medo é de que o BC tenha ficado “behind the curve” (o mesmo que temem ter acontecido com o Fed, por exemplo) e esteja subindo a taxa de juros na próxima reunião por estar correndo atrás do próprio rabo. Diferentemente dos países desenvolvidos, um aperto no Brasil parece ser necessário no momento atual – projeções variam de 25 a 75 pontos-base.

Fique de olho!

“Se foi uma decisão correta, por que ela não foi tomada muito antes? Se foi uma decisão errada, ela nunca deveria ter sido tomada, muito menos de forma monocrática. E aqui está o ponto.” Esse é um dos trechos do Diário de Bordo, minha newsletter semanal, publicada ontem, dia 11/03.

Apesar de o Diário de Bordo sempre abordar diversos temas, foi difícil não dar destaque para a decisão tomada pelo ministro do STF Edson Fachin.

O Brasil inteiro falou disso. Alguns pelo viés mercadológico, outros pelo viés político. Eu busquei fazer uma reflexão e dar um parecer pessoal, como se estivesse contando uma história ou batendo um papo com um amigo próximo.

Além disso, as outras seções trazem novidades e informações importantes a respeito do mercado e dos fundos da Vitreo, como é o caso do FoF Melhores Fundos Novas Ideias, Canabidiol, os fundos da prateleira de terceiros, a nova série da Vitreo e mais.

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Um abraço,

Jojo Wachsmann