Colunista Vitreo

Pré-Mercado: Qual é o maior medo do investidor hoje? Semana curta desafiadora

19 abr 2022, 9:21 - atualizado em 19 abr 2022, 9:21
Pré-Mercado
Banco Central tentando segurar a inflação Batman (2022)

Oportunidade Do Dia

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Bom dia, pessoal!

Lá fora, as ações europeias caem na manhã desta terça-feira (19), na volta do feriado de Páscoa, que fechou as Bolsas por lá ontem (18), enquanto os rendimentos dos títulos norte-americanos de dez anos indexados à inflação estavam perto de se tornar positivos pela primeira vez em dois anos.

Seguindo o humor negativo, os futuros americanos também não acordaram tão bem hoje, apresentando queda até agora.

Além das preocupações com inflação, aperto monetário, guerra na Ucrânia e desaceleração da economia global, ainda temos agora que nos preocupar com a temporada de resultados corporativos (começa aqui no Brasil na quarta-feira).

Na Ásia, onde o mercado já fechou, as ações foram negociadas com maior cautela, ainda digerindo os desafios econômicos chineses devido aos bloqueios contra a Covid-19.

A ver…

Farpas fiscais

O mercado local tem precificado com consistência uma Selic acima de 13% ao ano, acima da alta rumo aos 12,75% já contratada para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de maio.

Os índices de inflação e as falas mais comedidas de autoridades do BC, inclusive do presidente da instituição, reforçam tais apostas.

Dessa forma, será importante acompanhar a reunião do FMI lá fora, com participação do ministro Paulo Guedes e do presidente Roberto Campos Neto.

Enquanto isso, discute-se com intensidade a agenda fiscal, que voltou a ser fator de pressão sobre a curva de juros, não só pelo reajuste salarial demandado pelos servidores públicos federais de Brasília, mas também pelas questões envolvendo o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2023 e o Auxílio Brasil — o governo quer evitar aumento do auxílio para R$ 600 (trabalha para manter em R$ 400 o valor do auxílio), uma vez que não há espaço fiscal para aumentar o benefício.

Por fim, o processo de privatização da Eletrobras deve ter pedido de vista pelo ministro do Tribunal de Contas da União Vital do Rêgo, e a expectativa é votar a última da etapa da privatização na semana que vem. Ao que tudo indica, o governo avalia o movimento como político, e não técnico.

De todo modo, embora a data-limite para concluir a operação de venda da estatal seja 13 de maio, técnicos do governo trabalham com o dia 11 de maio, quarta-feira, como a provável data para concluir o processo.

Um Fed agressivo em meio à temporada de resultados

Um dos presidentes regionais do Federal Reserve, James Bullard, o mais hawkish (contracionista) entre seus pares, já estava falando de aumentos de 75 pontos-base (bps) nas taxas de juros — nesta altura do campeonato, ninguém leva a sério um ajuste de 0,75 p.p., mas 50 bps são bem factíveis.

Diversos outros oradores do Fed estão agendados para esta semana, além do Livro Bege, muito aguardado amanhã.

A ideia central de Bullard, porém, tem contornos de verdade, com um Fed mais rápido no aperto dos juros e iniciando em breve a redução do balanço patrimonial de modo a combater a inflação elevada.

Em resposta à agressividade, o rendimento das notas do Tesouro dos EUA de dez anos subiu para 2,86% hoje, certamente baixo pelos padrões históricos, mas o mais alto desde dezembro de 2018.

Isso tem implicações negativas para as avaliações de ações orientadas para o crescimento que devem obter a maior parte de seus lucros no futuro.

O lado positivo, entretanto, é que a recente alta nos rendimentos dos títulos de longo prazo superou em muito o movimento dos títulos de curto prazo, desinvertendo a curva de rendimentos do Tesouro e afastando o risco de recessão no curto prazo.

Isso tudo tem acontecido em meio à temporada de resultados do primeiro trimestre nos EUA, que começou na semana passada.

Ontem, o Bank of America surpreendeu positivamente.

Hoje, aguardamos Netflix, IBM, Johnson & Johnson e Lockheed Martin — entendemos que J&J e Netflix devem ter o maior peso sistêmico ao longo do pregão desta terça-feira (inflação e tecnologia são os temas do momento).

Um mundo de incertezas: os dúbios dados chineses

Em evento ontem, a economista-chefe do Banco Mundial, Carmen Reinhart, alertou sobre o nível exacerbado de incerteza com o qual temos que lidar hoje e sinalizou para possíveis revisões para baixo nas previsões de crescimento econômico, como já temos visto em diferentes regiões.

Chegamos a um ponto em que os riscos de desaceleração do crescimento são maiores do que os riscos de inflação, já que a normalização da demanda se traduz em redução da renda real (menos renda disponível).

O exemplo mais perigoso desse processo é o crescimento do PIB chinês, que, embora tenha superado as expectativas no primeiro trimestre, mostrou uma composição de crescimento preocupante (há uma dependência da demanda externa, já que as vendas no varejo de março caíram com as novas restrições contra a Covid).

Para ajudar, houve uma flexibilização da política monetária, mas o crédito mais fácil pode não estimular os consumidores sob lockdown. O segundo trimestre deve ser sombrio.

Anote aí!

Nos EUA, temos o evento do FMI e a temporada de resultados corporativos. Falas de algumas autoridades monetárias, como o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, e do presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, também são esperadas.

Por aqui, no Brasil, o Senado pode votar projeto de lei que trata de criptoativos, enquanto esperamos as participações de Paulo Guedes e de Roberto Campos Neto em eventos ao longo do dia.

Na agenda de dados, contamos com a sondagem industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Muda o que na minha vida?

Já se passaram quase dois meses desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, que resultou em inúmeras mortes de civis confirmadas.

Os governos ocidentais até aqui têm cumprido a promessa de desencadear diversas sanções desde o começo da guerra, embora possa ser difícil acompanhar todas as penalidades aplicadas a Moscou e suas entidades relacionadas (a Rússia se tornou o país mais sancionado do mundo).

Desde então, muito foi feito: restrição de trocas tecnológicas com a Rússia, bloqueio dos principais bancos russos do SWIFT, restrição de acesso às reservas internacionais, bloqueio de bens dos oligarcas, proibição de navegação de navios russos em portos, proibição americana de importação de petróleo e gás, perda da Rússia de seu status comercial preferencial, entre muitas outras medidas tomadas por diferentes países.

Em outras palavras, muitas das penalidades foram implementadas em coordenação entre aliados, embora outros governos ocidentais tenham imposto sanções adicionais próprias e individuais, como os EUA. Notadamente, as sanções contra a Rússia devem ser prejudiciais o suficiente para podar o poderio russo no médio prazo.

O problema são os efeitos de longo prazo que este movimento terá sobre a economia global — entraremos em uma nova era de desglobalização, muito provavelmente.

Um abraço,

Jojo Wachsmann

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