Pré-Mercado: Peguei o seu digestivo para hoje
Oportunidades do dia
As maiores oportunidades de valorização da Bolsa brasileira
Está no ar a série da Vitreo dedicada a explorar essa nova janela de oportunidade que pode se abrir com a retomada da Bolsa no começo do ano. Assista e veja onde estão as grandes chances de valorização.
Bom dia, pessoal!
Em dia de digestão generalizada de cada uma das palavras do Fed, os mercados de ações asiáticos caíram consideravelmente nesta quinta-feira (27).
O Japão, por exemplo, caiu mais de 3%, enquanto os índices de Hong Kong e de Xangai corrigiram em quase 2%.
O motivo? Ontem (26), o Federal Reserve indicou que planeja começar a aumentar as taxas de juros em breve (março) para desacelerar a inflação.
Os mercados europeus, que não tiveram a oportunidade de reagir na quarta-feira aos passos sinalizados pela autoridade monetária americana por já estarem fechados, caem nesta manhã.
Quedas também podem ser identificadas nos futuros americanos, com dados importantes sendo aguardados, como o PIB dos EUA e a continuidade da temporada de resultados, que contará com Apple na noite de hoje.
O Brasil, por sua vez, tem conseguido se descolar da performance ruim verificada no mundo desenvolvido e até mesmo da experimentada nos seus pares emergentes.
Há espaço para que o descolamento positivo continue, fortalecido com a percepção de que o Brasil está muito barato e se beneficiaria, ao menos em tese, da rotação setorial para teses da economia tradicional.
A ver…
Pressões inflacionárias seguem no radar brasileiro
Ontem, a prévia da inflação oficial, o IPCA-15, mostrou uma alta de 0,58% em janeiro, acima do esperado em 0,45%.
Em 12 meses, a inflação ainda acumula alta de dois dígitos, em 10,20%. Em linha com o tom mais duro do Fed, os dados reforçam a expectativa de alta de 150 pontos-base da taxa Selic no Copom da semana que vem, sendo importante acompanharmos o comunicado do BC sobre os próximos passos.
Para reduzir as tensões sobre os preços, o Fórum dos Governadores parece ter decidido prorrogar o congelamento do ICMS sobre combustíveis por 60 dias.
Os governadores defendem a ideia de um fundo de estabilização dos combustíveis, de modo a evitar a PEC do governo, a qual teria um impacto fiscal brutal.
Ainda hoje, resta acompanhar os dados do mercado de trabalho, a serem divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, que apresenta os números do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) relativo a novembro do ano passado.
O dado é relevante para medirmos o grau de retomada econômica brasileira.
Fed contracionista pra valer
A volatilidade se mostrou exacerbadamente presente ontem, quando o Fed começou a esclarecer como e quando o banco central começará a encolher seu balanço depois de comprar trilhões de dólares em títulos durante a pandemia. Isso pressionaria para cima as taxas de juros do mercado.
Houve o reconhecimento de que a alta inflação, que espremeu as empresas e os consumidores, não está melhorando, fato que força o Fed a ser ainda mais agressivo em aumentar as taxas — a última vez que o Fed elevou as taxas e encolheu seu balanço foi no final de 2018, quando o S&P 500 caiu quase 20%.
A inflação tem piorado desde a reunião de dezembro da autoridade.
Com isso, apesar de ter mantido a taxa de juros inalterada no encontro de ontem, entre 0% e 0,25% ao ano, já se vê o Fed elevando os juros em março, em seu próximo encontro. Até aí, nenhuma surpresa.
O que irritou os mercados foi a falta de clareza com que o resto do cronograma foi tratado, deixando aberto um possível agravamento maior do tom.
Com isso, já se ventila a possibilidade de mais altas em 2022 — temos sete reuniões e até agora apenas quatro altas precificadas (25 pontos-base cada).
A noção de mais altas pode gerar pressão vendedora adicional na Bolsa americana, abrindo margem para especulações e mais volatilidade. O ciclo de aperto só está começando.
Quase nos US$ 90
Os preços do petróleo continuam a ser beneficiários dos temores sobre uma invasão russa da Ucrânia. Mas tal temática funciona mais como um gatilho de curto prazo para uma tese que já funcionava muito bem sozinha.
Ontem, os contratos futuros de petróleo subiram mais de 2%, chegando muito perto de US$ 90 por barril, seu preço mais alto desde outubro de 2014.
O movimento beneficia a Petrobras e as empresas relacionadas ao petróleo ao redor do mundo inteiro. Para o Brasil, porém, pelo fato de a Petrobras ter grande peso dentro do Ibovespa, o movimento acaba ganhando contornos sistêmicos.
Estamos construtivos para os preços do petróleo em 2022, com continuidade da recuperação global e aumento esperado da demanda. Vale conferir o Vitreo Petróleo.
Anote aí!
Lá fora, nos EUA, o principal evento econômico será a estimativa preliminar para o produto interno bruto do quarto trimestre de 2021 — veremos o fortalecimento do consumo em outubro, na recuperação pós-variante delta, ou prevalecerá o sentimento de cautela com a variante ômicron do final do ano passado?
Adicionalmente, o mercado também acompanha os dados sobre os pedidos de bens duráveis em dezembro e de auxílio-desemprego para a semana encerrada em 22 de janeiro.
No Brasil, teremos confiança da indústria em janeiro e divulgação da pesquisa XP/Ipespe sobre sucessão presidencial.
Destaque para os dados do Caged no Brasil e para a reunião mensal do Conselho Monetário Nacional.
O mundo ainda repercute o dia de ontem, bem como a continuidade da temporada de resultados nos EUA, que conta hoje com Mastercard, McDonald’s, Apple e Visa.
Muda o que na minha vida?
Quando avaliamos a cadeia de suprimentos globais, verificamos sinais de normalização em um universo sobrecarregado.
O porto de Los Angeles, nos EUA, por exemplo, processou volumes recordes de mercadorias no ano passado. Paralelamente, um número recorde de navios passou pelo Canal de Suez, no Egito, bem como tivemos tráfego recorde no Canal do Panamá, na América Central.
O ritmo consegue ser animador e preocupante ao mesmo tempo.
Em 2021, a produção global de manufatura atingiu um recorde histórico em meio à retomada econômica global na realidade pós-pandêmica, com a Organização Mundial do Comércio indicando que os volumes de comércio global tenham crescido quase 11%. Sim, a oferta aumentou bem no ano passado.
O problema foi que a demanda aumentou muito mais, de uma maneira que o mundo não experimentava em três quartos de década, o que fez com que a demanda superasse a oferta, gerando pressão de preços; isto é, inflação.
Os problemas da cadeia de suprimentos podem levar muito tempo para serem resolvidos.
Em contraste, um aumento de demanda pode ser revertido rapidamente a depender do nível contínuo de crescimento. Uma das razões para sustentar que uma parte da inflação é transitória deriva do fato de o atual aumento da demanda poder se normalizar rapidamente, aliviando as cadeias de suprimentos, já em processo de normalização.
Se confirmada nos próximos meses, tal normalização pode trazer uma redução da inflação na segunda metade do ano, que seria sentida pelo Brasil, assim como em outras localidades ao redor do mundo.
Um abraço,
Jojo Wachsmann