BusinessTimes

Pré-Mercado: Parece que vamos ainda mais fundo

19 maio 2022, 8:21 - atualizado em 19 maio 2022, 8:21
Quem defenderá os ativos do medo da estagflação por parte dos investidores? | O Projeto Adam (2022)

Bom dia, pessoal!

Lá fora, os mercados de ações continuam voláteis, mesmo que os fundamentos econômicos subjacentes não estejam se alterando de forma dramática. Basicamente, os investidores têm trabalhado com a expectativa de desaceleração da inflação e moderação do crescimento. O medo mesmo vem da chance de estagflação.

No fechamento desta quinta-feira (19), os mercados asiáticos seguiram o desempenho ocidental de ontem e caíram de maneira relevante, em meio à tentativa de precificação de uma inflação global que prejudica os lucros das empresas — alguns varejistas têm falado sobre a contratação excessiva de trabalhadores, enquanto os aumentos de estoque podem ter ido longe demais em certos casos.

Nesta manhã, as Bolsas europeias sangram, dando continuidade ao humor predominantemente negativo dos mercados. Os futuros americanos, mesmo depois das quedas nada ignoráveis de quarta-feira, amanhecem em forte baixa. Os ativos brasileiros podem enveredar pelo mesmo caminho — commodities também caem.

A ver…

Privatização aprovada

Ontem (18) à noite, o governo saiu vitorioso no julgamento do Tribunal de Contas da União (TCU) que avaliou o processo de capitalização da Eletrobras, que na prática diluirá a participação da União e privatizará a companhia. Dessa forma, por 7 votos a 1, a segunda etapa da desestatização da Eletrobras foi aprovada — a capitalização pode ocorrer até o meio do ano, entre junho e agosto. Ainda que o sistêmico atrapalhe hoje, muito por conta do humor internacional, a notícia é um vetor estrutural positivo.

Enquanto isso, sobre o tema inflacionário, a Câmara dos Deputados aprovou a urgência do Projeto de Lei Complementar que define que o fornecimento de energia e combustíveis são serviços essenciais, limitando a alíquota de ICMS sobre esses produtos a 17%. A ideia dos congressistas é mitigar o impacto da inflação ao consumidor para o caso dos combustíveis. Em meio aos temores globais de estagflação, o Brasil também corre atrás do seu para evitar o pior cenário.

Um dia pesado…

Ontem (18), o mercado de ações americano registrou uma forte queda, com os investidores cada vez mais preocupados com o aumento da inflação e uma possível recessão econômica por lá. O Dow Jones Industrial Average perdeu 3,6%, seu pior dia de negociação desde junho de 2020, enquanto o S&P 500 afundou 4% e o Nasdaq Composite derrapou 4,7% — de suas máximas, o índice de tecnologia caiu 28,9%.

A manhã promete que teremos nesta quinta-feira outro pregão difícil, principalmente em meio a alguns dados econômicos a serem entregues e mais resultados corporativos — para hoje, contamos com Palo Alto Networks e Ross Stores, sendo que esta última poderá sofrer, assim como seus pares varejistas, Walmart e Target, sofreram ontem.

Na agenda econômica, os EUA têm a pesquisa de opinião empresarial do Fed de Filadélfia, juntamente com os números iniciais semanais de pedidos de auxílio-desemprego. A Associação Nacional de Corretores de Imóveis também relata as vendas de casas existentes para abril. Eventuais números mais fracos podem reforçar a ideia de recessão, enquanto números fortes pressionariam o Fed a atuar mais rapidamente sobre a economia. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

Uma semana difícil para varejistas e autoridades monetárias

Desta vez, o gatilho para a correção tem sido os resultados do primeiro trimestre das varejistas, em especial o da Target e o do Walmart, que mostraram temor com a inflação, a qual ainda pode estar se disseminando. Afinal, os preços mais altos dos produtos nas prateleiras podem aumentar as receitas, mas também aumentaram mais do que proporcionalmente suas despesas, reduzindo as margens e pesando sobre os lucros.

Os times de gestão citaram os custos de transporte e da cadeia de suprimentos, em particular. Mais preocupante, os executivos apontaram para sinais de consumidores preocupados com o orçamento mudando seus gastos de compras discricionárias lucrativas, como bens domésticos e vestuário, para mantimentos de margens mais baixas e outros itens básicos. Tal desempenho ruim desencadeou uma onda de aversão ao risco em todos os mercados.

Por isso, hoje será importante digerirmos o posicionamento de algumas autoridades monetárias relevantes ao redor do mundo, como o BCE, que publica nesta manhã a ata de seu último encontro e pode reforçar a intenção de aumento dos juros na zona do euro em julho, quando os mercados voltam a temer o risco de estagflação. O medo de estagnação econômica se funde com o de recessão, em meio à série de revisões ao redor do mundo para as perspectivas de crescimento dos países.

Anote aí!

A agenda para o dia é relativamente menos emocionante. Lá fora, destaque para as atas do BCE, com especulações sobre um aumento da taxa de juros em julho, enquanto o Reino Unido oferece pesquisa de opinião comercial, incluindo novos pedidos e dados de preços. Nos EUA, temos pedidos de auxílio-desemprego da semana até 14/05, falas de membros do Fed e vendas de moradias usadas em abril. Para o Brasil, contamos com a divulgação de pesquisa sobre sucessão presidencial. Em Brasília, o Ministério da Economia divulga boletim com dados macroeconômicos, que inclui estimativas para o PIB e inflação, enquanto os policiais federais fazem mobilização por reajuste salarial.

Muda o que na minha vida?

Os dados de inflação vêm sacudindo os mercados. Nos EUA, por exemplo, o índice chegou a 8,3%, sendo sua primeira queda no acumulado de um ano em oito meses. Se houve desaceleração, qual o problema? Primeiro, que o dado veio maior do que os economistas esperavam. Segundo, que os indicadores de núcleo (exclui itens mais voláteis) e de difusão mostraram continuidade da disseminação da inflação.

O mesmo movimento pode ser verificado no Brasil, que sequer atingiu o pico no dado cheio e continuou a registrar alta do indicador no acumulado de 12 meses. Tais números não deixam dúvida de que o processo de aperto monetário só está começando ao redor do mundo, ainda que no Brasil estejamos adiantados e quase no final de nosso ciclo. O problema é quão rápido os BCs serão para enfrentar a inflação.

Naturalmente, uma parte da realização dos mercados em reflexo à alta dos juros já foi concluída. Contudo, ao que tudo indica, ainda estamos no meio do processo de correção, que poderá levar as Bolsas internacionais para patamares ainda mais acuados. Neste contexto, os investidores fogem de maneira generalizada de ativos de risco, buscando diferentes tipos de proteção.

Um abraço,

Jojo Wachsmann.

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar