Colunista Vitreo

Pré-Mercado: Ômicron segue sendo o foco do mercado nesta segunda

29 nov 2021, 8:57 - atualizado em 29 nov 2021, 8:57
Usando todo o poder de fogo para nos prepararmos para a Ômicron / Fogo contra Fogo (1995)

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Bom dia, pessoal!

Os investidores voltam do fim de semana procurando determinar se o movimento de venda da última sexta-feira (26) ligado à nova variante do coronavírus foi exagerado ou se o crescimento econômico pós-pandemia pode de fato ser adiado.

Neste contexto, teremos uma semana agitada, com uma reunião importante da Opep na quinta-feira (2) e um aguardado relatório americano de emprego para o mês de novembro, previsto para sexta-feira (3).

Nesta segunda-feira (29), os mercados de ações asiáticos caíram ainda mais, depois que a variante Ômicron foi encontrada em outros países e mais governos impuseram controles de viagens.

As Bolsas de Tóquio, Xangai, Hong Kong e Sydney caíram, embora as perdas tenham sido muito menores do que a queda acentuada de sexta-feira no Ocidente, quando os relatórios apontaram pela primeira vez a variante encontrada na África do Sul.

A ver…

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Questões de Brasília seguem no radar

No Brasil, a semana conta com o IGP-M marcado para ser entregue hoje (29), dados de emprego amanhã (30), PIB do terceiro trimestre na quinta-feira (1o) e números de produção industrial na sexta (3).

Tudo isso se dará em meio à sequência de negociação no Senado ao redor da PEC dos Precatórios, que deverá ser votada na Comissão de Constituição e Justiça na terça-feira, mas não se sabe se conseguiremos aprová-la em Plenário até o final da semana (governo não está confiante) – caso não passe, ventila-se a possibilidade de outro estado de calamidade, em resposta à nova variante, que permitiria mais gasto.

Ou seja, apesar de tudo isso que deve rolar na semana, também surfaremos as novas notícias relacionadas à Ômicron. Fora isso, o mercado ainda digere a vitória do governador de São Paulo, João Doria, nas prévias do PSDB.

Nesta segunda-feira, o mercado fica de olho também na possibilidade de votação do projeto que amplia a transparência na apresentação, aprovação e execução de emendas de relator-geral do Orçamento, classificadas como RP9, e na divulgação do Tesouro Nacional do resultado das contas do governo central de outubro.

Juntando os cacos

Após uma semana encurtada pelo feriado nos EUA, os investidores voltarão ao ritmo do evento de compras online Cyber ​​Monday. As ações americanas afundaram durante a sessão de negociação mais curta de sexta-feira.

Os receios com uma nova “variante de preocupação” do coronavírus, rotulada como Ômicron pela Organização Mundial da Saúde (OMS), desencadearam a venda de ações.

Na sexta-feira, o S&P 500 caiu 2,3%, sua maior perda diária desde fevereiro.

O Índice de Volatilidade CBOE saltou 54% no dia, seu maior aumento desde janeiro, enquanto o petróleo bruto despencou 13,1%, para US$ 68,15 o barril. Já o rendimento do Tesouro americano de dez anos viu sua maior queda em um único dia desde março de 2020, caindo 16 pontos-base, para 1,484% – a leitura é que uma nova variante que possa desacelerar a recuperação pode tirar a pressão do Fed para elevar os juros.

A OMS diz que a Ômicron, ou B.1.1.529, foi identificada pela primeira vez na África do Sul, mas já foi encontrada em Hong Kong, Israel e Bélgica. A nova variante tem um grande número de mutações, algumas das quais são preocupantes.

A variante surgiu tão rapidamente que os cientistas ainda não sabem exatamente com que velocidade ela se espalha nem como reage às vacinas ou aos anticorpos em pessoas que se recuperaram de uma infecção anterior. Tais perguntas podem levar semanas para serem respondidas.

Refletindo sobre o que sabemos até aqui

A nova variante parece ser mais contagiosa, porém não mais agressiva.

Os casos na África do Sul são mais leves e os sintomas duram menos tempo do que nas variantes anteriores – outro fato é que não parece haver perda de olfato e paladar.

Das hospitalizações até o momento, mais de 65% são de não vacinados e o restante é daqueles que tomaram apenas uma dose das vacinas.

Notadamente, o Brasil parece bem posicionado para enfrentar o vírus. Vale lembrar que todas as outras “ondas” (Gama, Delta) chegaram ao país cerca de dois a três meses depois de atingirem a Europa.

Além disso, a nova variante poderia representar menor risco para o Brasil, segundo especialistas que comentaram sobre o caso na semana passada durante a sétima Safra Healthcare Conference.

Um dos motivos para isso é que a variante P1, que foi identificada pela primeira vez em Manaus e circulou muito por aqui, é bastante próxima geneticamente da variante Delta e dessa nova variante sul-africana.

Neste sentido, os efeitos de contaminações dessa nova variante em quem já foi infectado pela P1 são geralmente assintomáticos ou com baixa gravidade.

Adicionalmente, o Brasil tem uma ampla e crescente cobertura vacinal, inclusive na população mais jovem. Se o processo de vacinação seguir firme, os problemas deverão ser mitigados (temos hoje pouco mais de 62% da população totalmente imunizada).

Anote aí!

O dia começou quente com uma quantidade relevante de dados sendo divulgados na Zona do Euro.

Os números serviram de sustentação econômica para a alta que verificamos nesta manhã nos ativos europeus, que tentam se recuperar no pregão desta segunda-feira (29) depois da queda da última semana.

Os futuros americanos acompanham o movimento de alta, na expectativa de algumas falas de autoridades monetárias e dados do setor imobiliário.

Por aqui, o mercado também espera a fala de nosso presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que participa de reunião com representantes do ramo varejista, em São Paulo – comentários sobre o impacto da inflação no setor são esperados.

IGP-M inaugura período de entrega de dados relevantes de preços e será observado.

Muda o que na minha vida?

Os Estados Unidos e a China enfrentam ventos contrários significativos. Na terra do Tio Sam, a porcentagem de pessoas que receberam pelo menos uma dose da vacina é a mais baixa do G7.

Por isso, recentemente, a OCDE rebaixou sua projeção de crescimento para os EUA no ano de 2021 em 0,9 ponto percentual, para 6%.

A Ômicron pode piorar ainda mais tal expectativa.

A economia da China, por sua vez, crescerá 8,5% neste ano, segundo a OCDE. Mas o crescimento pode ter parado em agosto, de acordo com dados da pesquisa, enquanto as autoridades tentavam impedir novos surtos de Covid-19.

Uma ampla repressão regulatória às empresas privadas poderia prejudicar ainda mais a atividade, e o país se prepara para o colapso potencial da Evergrande (o mercado imobiliário e os setores relacionados representam cerca de 30% do PIB chinês), bem como enfrenta uma dura crise energética.

A Europa pode compensar o problema de crescimento, se necessário? É possível.

Os países da União Europeia estão começando a receber enormes doações e empréstimos baratos do fundo de recuperação de € 800 bilhões (US$ 940 bilhões) do bloco. O estímulo provavelmente adicionará 3,9% ao PIB da Zona do Euro até 2026.

Ainda assim, é possível que Estados Unidos, China e Europa tenham dificuldades durante o resto de 2021 e o começo de 2022, apresentando aos formuladores de políticas um conjunto difícil de decisões, visto que a inflação continua elevada.

O resultado mais provável é que a recuperação global continue, embora em um ritmo mais lento, que a inflação chegue ao pico nos próximos meses, antes de cair no próximo ano, e que os bancos centrais reduzam seus estímulos monetários de maneira gradual.

Um abraço,

Jojo Wachsmann