Colunista Vitreo

Pré-Mercado: O vaivém da guerra

18 mar 2022, 8:39 - atualizado em 18 mar 2022, 8:39
A caminho de Chinatown: qual será o posicionamento oficial dos chineses? | Chinatown (1974)

Oportunidades do dia

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Bom dia, pessoal!

Lá fora, os mercados asiáticos recuam em sua maioria depois de dois ótimos dias, principalmente por conta do petróleo subindo acima de US$ 100 por barril mais uma vez. Pelo menos as restrições contra a Covid-19 foram aliviadas em partes de Shenzhen, na China, o que permite que os mercados respirem mais tranquilamente sobre eventuais futuros novos lockdowns — no final do dia, as restrições foram muito menos severas do que o bloqueio de 2020.

Na Europa, as Bolsas têm uma manhã de correção, digerindo a elevação da taxa de juros por parte do Banco da Inglaterra (BoE) pela terceira vez seguida, a 0,75% — o aumento dos juros de ontem (17) sinalizou mais um foco no crescimento do que na inflação, propriamente dita, diferentemente do movimento de seis semanas atrás (os preços mais altos das commodities criam ambos, e os bancos centrais precisam escolher qual priorizar). Os futuros americanos acompanham, igualmente em uma manhã complicada.

A ver…

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Entre estímulos e intervenções

Na quinta-feira (17), a queda da Petrobras, apesar da alta do petróleo, limitou os ganhos do Ibovespa. Os papéis da estatal operam na contramão dos pares internacionais diante da ameaça de intervenção do governo — tanto o presidente da República como o presidente da Câmara têm dado sinalizações sobre a vontade de intervir na companhia, evitando que a volatilidade dos preços internacionais seja repassada para o consumidor final (para o mercado, os sinais são ruins).

Paralelamente, duas notícias movimentam também os agentes, que esperam a divulgação da taxa de desemprego hoje pelo IBGE (do último trimestre encerrado em janeiro). A primeira é a desobrigação do uso de máscaras em locais fechados no estado de São Paulo (permanece obrigatória no transporte público, hospitais e postos de saúde). A normalização dá um sinal muito positivo para os setores da economia.

A segunda remete às medidas de estímulo à economia. Ontem, o governo anunciou um conjunto de medidas para estimular a economia, como a possibilidade do saque do FGTS de R$ 1.000 (40 milhões de trabalhadores devem ser beneficiados), a ampliação da margem para contratação de crédito consignado (tendo benefícios ou salários como garantia) e a antecipação do pagamento do 13º de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para os meses de abril e maio.

Os saques extras devem injetar R$ 30 bilhões na economia, enquanto a antecipação do 13º deve injetar R$ 56,7 bilhões. Em meio aos temores de estagflação, tais movimentações podem dar uma sobrevida para a economia brasileira, que terá que enfrentar pouco crescimento (ou até recessão) e muita inflação nos próximos meses.

Ressaca do Dia de São Patrício

Ontem, os investidores desfrutaram de mais um Dia de São Patrício positivo, como comentamos que costuma, historicamente, ser o caso, com as ações estendendo uma alta considerável pelo terceiro dia consecutivo. Todos os 11 setores do S&P 500 subiram na quinta-feira, liderados pela alta no segmento de energia, já que os preços do petróleo ultrapassaram novamente US$ 100 o barril.

Não houve um catalisador claro para o otimismo repentino, além da possibilidade de que as coisas tenham ficado excessivamente pessimistas antes (reversão à média pode ser uma força poderosa no curto prazo). Outra situação foi o movimento do Fed, que deu início a seu ciclo de aperto e sugeriu planos futuros, dando maior previsibilidade para os investidores e garantindo que a economia americana consegue aguentar a normalização da situação monetária, hoje ainda bastante esdrúxula.

E a China, hein?

A falta de avanço nas negociações de cessar-fogo entre Ucrânia e Rússia e a escalada retórica entre Joe Biden e Vladimir Putin parecem voltar a fazer preço nos mercados internacionais. O Kremlin supostamente descartou as notícias de “progressos significativos”, primeiramente veiculadas pelo Financial Times, nas negociações de paz Ucrânia-Rússia. Dessa forma, o petróleo voltou a subir, com o Morgan Stanley elevando a previsão para o preço do petróleo tipo Brent de US$ 100 para US$ 120 o barril, no terceiro trimestre de 2022.

Enquanto isso, a Casa Branca cobra um posicionamento formal da China sobre a guerra na Ucrânia, em meio aos receios de que Pequim venha a ajudar militarmente Moscou, escalando ainda mais o conflito — a conversa entre Biden e Xi Jinping será importante nesse sentido. Em um primeiro momento, pelo menos, a mídia estatal chinesa criticou as ações da Rússia na guerra da Ucrânia, o que pode significar pressões da China pela paz. Veremos hoje como a conversa entre os líderes se dará.

Anote aí!

Lá fora, investidores digerem a decisão de política monetária do Banco do Japão, que deixou sua principal taxa de juros de curto prazo inalterada em 0,1% negativo — o banco central está contrariando a tendência da maioria dos países de aumentar as taxas de juros, apesar das maiores expectativas de inflação dos consumidores. Na Europa, investidores também avaliam a balança comercial de janeiro da Zona do Euro. A Rússia, por sua vez, também tem decisão de política monetária do BC.

Nos EUA, a Associação Nacional de Corretores de Imóveis relata as vendas de casas existentes para fevereiro, enquanto o Conference Board divulga seu principal índice econômico para fevereiro. No Brasil, contamos com segunda prévia do IGP-M, Pnad Contínua do trimestre até janeiro e continuidade da temporada de resultados, além de mais notícias sobre possível intervenção na Petrobras — ventila-se que o Planalto já teria planos para trocar o comando da estatal.

Muda o que na minha vida?

Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, os preços globais do petróleo experimentaram um aumento dramático. Há pouco mais de uma semana, o petróleo Brent saltou acima de US$ 139 por barril, antes de voltar para baixo de US$ 100 por barril (com possibilidade de acordo com o Irã, hoje com negociações paralisadas, de inserção de petróleo venezuelano, de aumento de oferta da Opep, bancada pelos Emirados Árabes e pelo Iraque, e de liberação de reserva de emergência pela AIE).

Agora, com as tensões no Leste Europeu renovadas, o petróleo volta a subir rumo aos US$ 110 por barril. Analistas alertaram que os preços podem chegar a US$ 135, depois a US$ 150, já que os investidores evitam o petróleo russo, elevando ainda mais a inflação e adicionando enorme pressão à economia global.

Hoje, o petróleo ainda está sendo negociado significativamente acima do que custa produzi-lo, e oscilações extremas provavelmente persistirão em um momento de enorme incerteza. Ainda não sabemos como as exportações de petróleo russo, com oferta entre 4 milhões e 5 milhões de barris por dia, poderiam ser substituídas.

Embora US$ 100 por barril de petróleo ainda seja um valor extremamente caro, se os preços permanecerem nessa faixa, isso poderá aliviar alguns temores sobre uma aceleração da inflação a médio e longo prazo (no curto prazo, em março e no próximo trimestre, ela já foi bem afetada, provavelmente). Claro que isso não fará com que o preço da gasolina volte, mas pelo menos ele deixa de subir.

Um abraço,

Jojo Wachsmann