Pré-mercado: No aguardo da Sexta-feira Santa
Bom dia, pessoal!
A agenda da semana é importante, ainda que tenhamos menos dias por conta do feriado de Sexta-Feira Santa – a Bolsa vai continuar funcionando até esta quinta-feira, ainda que diversos municípios ao redor do Brasil, como o de São Paulo, tenham optado por adiantar diversos feriados e compor um feriadão ao longo da Semana Santa.
O alerta de Angela Merkel sobre possíveis novas restrições deixou o mercado estressado, uma vez que a chanceler alemã não é a única na Europa que tem endurecido as medidas de isolamento social. O posicionamento atrasa a recuperação da economia e, portanto, prejudica ativos de risco.
Hoje, as Bolsas europeias abrem em tom misto, algumas em estabilidade e outras em queda. Os futuros americanos começam os últimos dias de março no vermelho. A ver…
Possível troca nas Relações Exteriores
Os últimos dias do mês de março, para encerrar o primeiro trimestre de 2021, podem entregar bastante agito em Brasília, com muita tensão política. A principal delas ainda deriva do problema sanitário que o Brasil enfrenta.
No pior momento da pandemia, Bolsonaro aparece mais fragilizado em termos de poder, com pressões de diferentes frentes, tendo sido obrigado, na semana passada, a mudar o discurso e a ceder parcela considerável da gestão da crise para o Congresso.
Para piorar, o Orçamento para 2021, apesar de aprovado, foi considerado inexequível por alguns membros da equipe econômica – sim, os problemas fiscais se amontoam no pano de fundo.
Agora, as pressões se formam para que Bolsonaro demita Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores, principalmente após atritos com a senadora Kátia Abreu no Twitter ao longo do fim de semana – a equipe de assuntos internacionais tem passado por muito estresse.
Já que o presidente tem reagido à perda de apoio (a mudança de discurso veio após a “Carta dos Economistas”, no fim de semana passado), o mercado espera uma reação do Executivo. Movimentações políticas nesse sentido ao longo da semana poderão ter efeito sobre os ativos de risco.
Reabrindo a economia
Nos EUA, o grande assunto da semana será o relatório de empregos. Enquanto isso, o mercado de ações segue reagindo à expectativa de retomada e à política do Fed, que enfatizou continuidade do expansionismo monetário até que a economia dos EUA esteja quase recuperada.
O movimento acarreta uma pressão sobre os yields do Tesouro americano, afetando ativos de risco no mundo inteiro.
Quando os juros dos títulos subiram, nomes de alto crescimento foram vendidos. No entanto, mesmo com a acomodação das taxas nos últimos dias, o setor de tecnologia ainda parece sob pressão.
As preocupações, no final do dia, derivam do fato de o Fed estar ancorando as taxas até 2023, ao tornar o aperto das políticas dependente de uma “recuperação”.
Assim, os mercados de trabalho podem ser usados como justificativa para apontar para mais ou menos aquecimento, ainda que haja dúvidas sobre a captação dos dados de trabalho referentes ao aumento do desemprego estrutural ou à criação de novas empresas.
O grande Block Trade e Suez parcialmente liberado
A última sexta-feira (26) foi marcada pela venda de vários grandes blocos de ações, atribuída a um único fundo que não conseguiu cumprir os pagamentos de margem, fazendo com que os bancos vendessem os ativos do fundo, o que acaba gerando um efeito dominó de venda na Europa e nos EUA.
Pelo menos, ao que tudo indica, o pior da pressão vendedora já passou e os impactos econômicos não terão tanta relevância ao longo desta semana.
No aspecto positivo do noticiário, as autoridades egípcias informaram que o navio que bloqueava o Canal de Suez foi parcialmente ajustado.
Ainda se espera que demore uma semana para liberar os navios que esperam para usar o canal, mas o navio se mover já foi um avanço – lua cheia e maré alta devem ser os fatos definitivos para desafogar o canal.
Infelizmente, porém, o incidente já afetou as longas e complicadas cadeias de suprimentos globais. Até agora, mais de 450 navios estão esperando para passar, enquanto diversos outros optaram por alongar a viagem dando a volta na África (a mudança de rota eleva custos e tempo de viagem, claro).
Anote aí!
A semana agitada começa com uma segunda-feira (29) mais leve. No Brasil, vale acompanhar os trabalhos da primeira reunião do Comitê Federal do Combate à Covid-19.
Em termos de dados, o relatório Focus será divulgado, bem como a sondagem de serviços de março.
No exterior, a Zona do Euro divulgará a confiança empresarial e o Japão apresenta vendas do varejo e taxa de desemprego.
Muda o que na minha vida?
Os americanos estão se preparando para viajar novamente. Essa é uma boa notícia para as empresas atreladas à reabertura da economia.
Para alguns que trabalham em serviços essenciais ou empresas voltadas para o consumidor, o retorno ao trabalho aconteceu há muito tempo, mas, para muitos nesses setores, as dificuldades permanecem.
Enquanto isso, outras partes da economia estão debatendo quando voltar ao escritório, o que poderia ajudar outros setores como os de restaurantes, transporte e pequenos negócios.
À medida que a economia se reabre lentamente, os titãs da tecnologia estão descobrindo os próximos passos. Em jogo estão modelos de trabalho remoto, um retorno ao escritório ou um híbrido dos dois, embora muitas empresas não estejam com pressa para reabrir seus locais de trabalho.
s empregadores estão avaliando duas forças importantes – a necessidade de criatividade e conexões pessoais, bem como a flexibilidade e eficiência de trabalhar em casa.
O futuro pode apontar para uma programação combinada que faria com que os funcionários trabalhassem alguns dias no escritório e outros onde desejassem.
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Um abraço,
Jojo Wachsmann